A mudança no Athletico: das transições para o Jogo de Posição

A partir da chegada de Dorival Jr, o Athletico ainda está aprimorando o Jogo de Posição para o longo da temporada

A saída de Tiago Nunes no Athletico Paranaense após conquistar a Copa Sul-Americana e Copa do Brasil trazia uma certa dúvida sobre qual seria o futuro do Furacão em 2020. O modelo de jogo seria mantido? Quem seria o treinador escolhido para dar seguimento ao processo? Neste início de temporada, algumas respostas vão sendo respondidas aos poucos.

O escolhido foi Dorival Jr. Um treinador que nunca esteve parado e sempre buscou estudar sobre o jogo. A partir de sua chegada – e também com as contratações – foi possível perceber uma mudança no estilo. O Athletico se notabilizou por um jogo bastante vertical nas últimas duas temporadas e que contava com alguém que sabia a hora de pausar o jogo (Bruno Guimarães) sempre que necessário. Com o novo treinador, o “Jogo de Posição” passou a ser a ideia que rodeava o time.

O que é Jogo de Posição?

De maneira bem simples, o chamado “Jogo de Posição” ou “Jogo de Localização”, como gosta de chamar Juan Manuel Lillo, consiste em montar um sistema onde cada jogador estará cumprindo uma determinada função em espaço pré-definido e, na maioria das vezes, será necessário esperar que o passe chegue nele – e não buscar estar próximo da bola.

Athletico
No 4-3-3 do Athletico Paranaense, podemos perceber de maneira clara o Jogo de Posição

É preciso que os jogadores tenham “alturas” diferentes dentro de campo. O que isso significa? Nada de jogadores alinhados. Como podemos perceber na imagem acima, no caso do Athletico, cada jogador está na sua zona – seja gerando amplitude, profundidade ou opção de passe.

Para entender mais sobre o JdP, indico a leitura do amigo Caio Gondo, clicando aqui.


A saída com os zagueiros

Robson Bambu e Thiago Heleno foram peças-chave em momento distintos do Furacão nestes últimas duas temporadas. O primeiro, é um dos zagueiros mais promissores do futebol brasileiro; enquanto o segundo vive um momento onde acaba com qualquer tipo de preconceito sobre ser apenas um rebatedor.

Os números dos dois (imagem acima) mostram como eles constroem o jogo do Athletico. Como a equipe não utiliza uma saída com três, cabe a ambos buscarem a partir da progressão com a bola, inversões de jogo ou passes de ruptura iniciarem as jogadas ofensivas.

Os extremas no 1 contra 1

Diferente de Rony, a chegada de Carlos Eduardo trouxe outra característica ao ataque do Furacão: menos passes em profundidade. Sem ser tão rápido e que busca (ainda) mais o drible, cabe ao novo camisa 7 e Nikão serem os jogadores que geram amplitude – ou abrir o campo – e, consequentemente, atraírem os rivais para o lado.

Os dois jogadores sempre esperam chegar a bola para buscar o drible e, assim, criar oportunidades para o centroavante Bissoli. Foi assim, por exemplo, na vitória sobre o Peñarol, pela Libertadores. A equipe rodou a bola até chegar em Nikão que driblou e achou o atacante para definir.

Desta forma, a equipe pode aparentar mais lenta, mas é que os jogadores não irão buscar a todo instante o passe no fundo e, sim, quando os extremas estiverem em melhor condição de gerar oportunidades.

Os laterais por dentro

Este é um posicionamento que varia dependendo do posicionamento da bola. O lateral do lado oposto busca abrir mais o campo, enquanto quem estiver ao lado da bola, fica a dá opção de passe.

Por exemplo: quando Robson Bambu (zagueiro da direita) pega a bola, Adriano (lateral direito) permanece como opção de passe, enquanto o Márcio Azevedo (lateral esquerdo) busca ganhar alguns metros do campo e se aproxima de Carlos Eduardo.

Naturalmente, por ser um canhoto jogando na direita, Adriano é quem mais busca este jogo interior. Apesar disso, Márcio Azevedo tem evoluído neste sentido e criado boas triangulações partindo da esquerda para dentro.

Falta um Bruno Guimarães ao Athletico?

Agora jogador do Lyon, Bruno Guimarães é uma peça que qualquer clube brasileiro sentiria falta. Um jogador capaz de atuar em todas as funções do meio-campo, era quem ditava o ritmo do Athletico desde o momento em que entrou na equipe.

Era quem controlava o jogo quando se pedia, mas também quem conectava Renan Lodi ou Rony com passes em profundidade. Quem se aproveitava desta situação era Leo Cittadini, um atleta com muita chegada na área e poder de pressionar o adversário. Ele segue assim, mas agora precisa construir mais ao lado de Erick, que também não tem as características de Bruno Guimarães.

A partir desta ideia, os movimentos ainda estão se aprimorando para a necessidade deste jogador como Bruno diminuir, mas é um processo que pode demorar – e, talvez, nunca chegar ao seu fim – fazendo com que se sinta esta ausência sempre.

O que esperar na temporada?

As atuações do Athletico neste 2020 ainda oscilam. Da goleada sofrida para o Flamengo na Supercopa do Brasil para o consistente jogo contra o Peñarol; ou então a pouca agressividade contra o Colo-Colo. Algo natural dentro de um processo de mudança no esquema e, principalmente, de peças fundamentais há alguns anos.

Dentre as partidas assistidas, me parece que o Athletico pode ser competitivo quando falamos em Campeonato Brasileiro. Não sei ao certo até onde pode chegar, mas é preciso acreditar no modelo e, dentro do possível esforço financeiro, buscar peças que tenham características complementares ao elenco e possam agregar ao técnico Dorival Jr.

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