AZ Alkmaar: a juventude como fórmula do sucesso e os processos na formação de atletas
Após vender jogadores importantes nas últimas janelas de transferências, ‘Os Cabeças de Queijo’ seguem revelando e utilizando seus jovens para manter a tradição de um dos melhores centros de formações da Holanda.
Quando um clube perde jogadores de extrema relevância, responsáveis diretos por bons desempenhos e resultados positivos, o baque é enorme e repor à altura acaba se tornando uma tarefa complicada. No AZ Alkmaar, as últimas janelas de transferências foram cruéis e vários titulares foram vendidos.
Nomes como Calvin Stengs, Myron Boadu, Owen Wijndal e Teun Koopmeiners deram adeus e seguiram para novos desafios. O que se viu depois foi uma movimentação pontual no mercado e muita confiança nas pratas da casa, o que é bastante comum. Ter uma das melhores academias do país, a AFAS Training Centre, é um privilégio e o clube soube aproveitar seus garotos para preencher lacunas no time de cima.
No plantel atual, nove atletas são produtos da base e foram promovidos após as saídas dos jogadores que formavam a espinha dorsal. O sucesso das categorias de base do AZ é fruto de uma filosofia voltada não apenas para o clube, mas também à torcida. O resultado, claro, é importante, mas nunca irão abrir mão de formar e ter pelo menos 50% do elenco composto por expoentes da base. Além disso, a renomada academia que venceu o prêmio Rinus Michels de melhor centro de formação do país por dois anos seguidos (2015 e 2016) soube aproveitar o status para manter o ótimo nível no decorrer dos anos.
Os processos passam pela evolução física ao entendimento do jogo intenso e ofensivo. O estilo dominante corre nas veias dos atletas, buscando sempre valorizar o que de mais importante existe para o clube: o orgulho de representar Alkmaar e sua fanática torcida. Cada atleta possui seu próprio método de trabalho para aprimorar seus atributos e recebem acompanhamento com dados que apontam as fraquezas e qualidades.
Depois disso, o teste final acontece no campo. Seja pelo Jong AZ (time B, que disputa a segunda divisão nacional) ou no time principal, ganhando tempo de jogo gradualmente, a oportunidade é dada e muito bem aproveitada.
Jogando em um 4-3-3 de muita intensidade, toques rápidos e volume no último terço, a equipe mescla bem a experiência de alguns jogadores como o zagueiro Bruno Martins Indi e o volante Jordy Clasie com a juventude — é a terceira menor média de idade, com 22,6 anos. O treinador Pascal Jansen conta atualmente com um grupo formado por aproximadamente 25 jogadores e em todas as posições têm jovens recém-promovidos/formados pelo próprio AZ. Uns já somam bons minutos no time e vêm se destacando e outros são figuras certas no banco de reservas, mas sendo acionados no decorrer dos jogos.
Com uma das melhores defesas da Eredivisie 22/23, o setor conta com o zagueiro Maxim Dekker (2004) para manter a marca positiva. Promovido nesta temporada, o jovem que estava causando boas impressões no time B conquistou seu espaço e se tornou titular nos últimos compromissos do time principal tanto na liga nacional quanto na Conference League. Suas características mais marcantes são o bom índice de acerto nas ações defensivas pelo chão, boa agilidade e saída de bola eficiente com a perna esquerda. Um jovem trabalhador, com instinto de liderança interessante a ser trabalhado a médio e longo prazo.
No meio, Peer Koopmeiners (2000) quer seguir os passos do irmão e se tornar um dos nomes de relevância no elenco principal. Mesmo sendo um dos jovens há mais tempo no time, promovido na temporada passada, ainda não garantiu seu espaço entre os titulares. Enquanto isso, segue absoluto no Jong AZ há duas temporadas.
Também titular no time de transição e em busca de oportunidades, Zico Buurmeester (2002) surge como mais uma opção no concorrido meio-campo. São perfis parecidos, de jogadores com qualidade no passe, bom equilíbrio para contribuir em fase defensiva e ofensiva, além da identificação local.
E no ataque o clube conta com um dos jogadores mais promissores do futebol holandês, Myron van Brederode (2003). O habilidoso ponta de dribles rápidos e forte poder de finalização está cada vez mais à vontade no time principal e há apenas um mês neste novo desafio foi titular em mais de 70% do jogos até aqui. De contrato renovado e muito bem avaliado, conduz o setor ofensivo nas melhores decisões pelo lado esquerdo e demonstra muita atitude. É um jogador que não se intimida e avança com inteligência e qualidade para buscar o gol e gerar chances aos companheiros. Tem tudo para ser a próxima boa venda do clube em um futuro não muito distante se manter os bons desempenhos.
Diferente da temporada passada, onde a equipe sofreu com a falta de equilíbrio no elenco para suportar durante todo o calendário, desta vez a expectativa é que consigam manter o bom nível visto neste início até o fim. Não dá pra deixar de citar o promissor lateral esquerdo húngaro Milos Kerkez (2003), um dos principais garçons até o momento, o competente lateral direito japonês Yuki Sugawara (2000), o talentoso atacante norueguês Hakon Evjen (2000) e os artilheiros na temporada Dani de Wit e Vangelis Pavlidis – 24 e 23 anos, respectivamente.
Recém-contratado, o atacante dinamarquês Jens Odgaard, 23 anos, também surge como um acréscimo de qualidade após finalmente conseguir se destacar no Waalwijk na temporada passada. Jogadores com menos de 25 anos, com boas projeções e confiança para serem as novas estrelas do time.
Há um leque de oportunidades para o clube reestabelecer a confiança e figurar no topo junto aos concorrentes pelo título nacional. Bater de frente com Ajax e PSV é sempre uma tarefa difícil, mas a mentalidade implantada desde cedo contribui para que cada atleta saiba onde pode chegar, ajudando a manter o AZ entre os clubes mais importantes do país. Para cada titular que se despede, sempre tem um jovem pedindo passagem. Olhos atentos também em Fedde De Jong (2003), Yusuf Barasi (2003), Ernest Poku (2004) e Jayden Addai (2005).
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