COMO O MARSEILLE CHEGA À FINAL

Por @RGomesRodrigues Frank McCourt (proprietário), Jacques-Henri Eyraud (presidente) e Andoni Zubizarreta (diretor) prometeram colocar o Olympique de Marseille numa outra dimensão a partir do primeiro dia em que assumiram o histórico clube da França. Com dinheiro e ordem, o plano da diretoria em contratar grandes nomes foi o primeiro passo para estabelecer as bases do projeto […]

Por @RGomesRodrigues

Frank McCourt (proprietário), Jacques-Henri Eyraud (presidente) e Andoni Zubizarreta (diretor) prometeram colocar o Olympique de Marseille numa outra dimensão a partir do primeiro dia em que assumiram o histórico clube da França. Com dinheiro e ordem, o plano da diretoria em contratar grandes nomes foi o primeiro passo para estabelecer as bases do projeto do Olympique de Marseille finalista da Europa League comandado por Rudi Garcia.


O OM chega até a decisão da Europa League diante do favorito Atlético de Madrid para tentar conquistar o segundo título mais importante do continente graças ao futebol praticado por Dimitri Payet em 2018. Um dos melhores meias criativos da Europa é quem dá luz aos ataques do Marseille, ao estar sempre perto da zona da bola com a missão de levá-la até os homens de frente, baixando para buscar na linha dos meias centrais e partindo sempre para o setor de criação ao causar desequilíbrios conduzindo ou se associando.

A partir daí é o talento que fala mais alto, seja com Payet criando jogadas ou com Florian Thauvin, por exemplo. Com uma carreira cheia de altos e baixos, Thauvin retornou de vez para o Marseille e realiza uma temporada plena, batendo a marca de 22 gols e 11 assistências até então. É habitual ver o antigo jogador do Lille partindo da direita para o centro com a missão de receber a bola no pé e conduzir, com sua técnica e habilidade ao proteger com seu repertório de dribles, para permitir as sobreposições dos laterais Hiroki Sakai ou Bouna Sarr na direita. Mesmo com seu peso e influência diminuindo recentemente ou seu desempenho piorado em jogos de grande importância junto ao OM, seu faro de gol continua apurado e é com Payet que Florian produz uma quantidade absurda de gols.

FLORIAN THAUVIN: 22 gols e 11 assistências em 34 jogos disputados na Ligue 1
DIMITRI PAYET: 6 gols e 13 assistências em 31 jogos disputados na Ligue 1

Com o lado direito sendo o “lado forte”, o lado responsável pela criação, Lucas Ocampos se reinventou na sua carreira e, após frustrar a expectativa de muitos em relação ao seu potencial, finalmente acabou adquirindo o status de um jogador bastante solidário e que representa uma grande ameaça ao atacar o “lado fraco”, mais agressivo, e ser sempre uma ameaça para ser acionado em momentos de finalização. Jordan Amavi, com suas subidas, também representa outra ameaça por ter muita capacidade para ser profundo na esquerda e oferecer respiro na circulação da bola.

A bola parada também é um fator determinante para o Marseille ao longo da temporada, com Dimitri Payet como o principal cobrador:

– GOLS MARCADOS DE FALTA DIRETA E INDIRETA: 8
– GOLS MARCADOS EM COBRANÇAS DE ESCANTEIO: 12

TOTAL DE JOGOS NA TEMPORADA: 37 na Ligue 1 e 14 na Europa League

Por fim, os dois centroavantes mais profundos do elenco oferecem opções variadas para o jogo da equipe. Enquanto Kostas Mitroglou é uma ameaça mais fixa, que utiliza bastante do físico e aguarda ser acionado em momentos de finalização, Valère Germain é uma espécie de complemento ao futebol fluído executado pela linha de meias. Com seus desmarques inteligentes e boa técnica ao se associar, o antigo atacante do Monaco permite com que a circulação da bola ganhe em qualidade no último terço ao explorar espaços. Além dos dois citados, Clinton Njie ganhou relevância nos últimos confrontos por ser um atacante (que joga centralizado ou pelos lados) de perfil diferente dos demais: enquanto gente como Payet, Thauvin e Germain sempre recebem a bola no pé, Njie recebe no espaço para explorar sua explosão física com o objetivo de agredir o gol adversário.

O bem definido 4-4-2 do Olympique de Marseille.
O bem definido 4-4-2 do Olympique de Marseille.

Toda a fluidez adquirida com o tempo não seria possível de ser executada com a solidez dada por Luiz Gustavo e Zambo Anguissa. A dupla de meias centrais, além de fazer a bola circular de forma segura no centro do campo para a obtenção de um volume de jogo essencial desde a defesa, carrega consigo uma capacidade física para sustentar o ataque e oferecer alguma resistência defensiva. Visando a melhora na construção, Rudi Garcia ainda possui alternativas em Maxime Lopez, um organizador de potencial absurdo na forma como gere o início dos ataques, e em Morgan Sanson, um meio-campista que lê espaços e executa jogadas de forma acima da média, visando agregar mais qualidade e até mudar cenários a favor.

Mas, se o ataque funciona bem, a defesa possui problemas para oferecer resistência durante os 90 minutos. Se o pressing e os encaixes altos não funcionam e as transições seguem para momentos de organização, o Marseille sofre. As linhas do sistema são batidas com certa facilidade pela passividade já visível desde a postura dos primeiros homens, posicionados na disposição que se aproxima de um 4-4-2 (imagem acima), e segue junto com o trabalho descoordenado da linha média e da linha defensiva, setor do bloco defensivo no qual a equipe de Rudi Garcia costuma oferecer bastante espaço a ser explorado pelo adversário e que depende demais da capacidade de combate dos defensores para resistir, colocando os mesmos em situações complicadas de serem geridas.

Salzburg marca após levar a bola de fora para dentro da defesa, aproveitando o insucesso do OM na interceptação da bola nos duelos.

Se proteger a área de Steve Mandanda é uma missão complicada para o Marseille ao defender por longos períodos, impedir a progressão do adversário de forma imediata é a melhor solução para evitar que seu gol seja ameaçado. Com isso, as lesões recorrentes de Rolando acabaram sendo benéficas para a equipe, já que Luiz Gustavo está sendo improvisado na última linha e seu perfil agressivo é muito mais complementar ao de Adil Rami e dos laterais em relação ao zagueiro português, mais capaz de defender de forma estática dentro da própria área.

Germain e Payet tiveram as suas costas exploradas por baixo e a decisão de Sanson em sair no portador da bola acabou abrindo o espaço para ser explorado por Haidara, em jogada na qual o talento do maliano falou mais alto e acabou iniciando o terror no qual o OM se colocou até a entrada de Anguissa.

No fim, a postura do Atlético de Madrid indicará muitos dos caminhos que o Marseille deverá seguir na final. A estrutura, o equilíbrio e a capacidade competitiva considerando o nível de cada jogador na linha do onze escalado por Diego Simeone contam a favor do time espanhol para bater a equipe de Rudi, mas há talento no OM para responder à altura e, em 90 minutos, as chances do time francês aumentam bastante no momento de conquistar a taça da Europa League.

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