Como os reforços mudaram o patamar do Botafogo
A chegada dos reforços na janela do meio do ano elevaram o patamar do Botafogo. Com 13 pontos conquistados a partir das caras novas, o Glorioso briga por Libertadores.
John Textor assumiu o controle do departamento de futebol do Botafogo em março e com ele vieram o técnico Luís Castro, além de um pacotão de reforços. Na janela do meio do ano, aberta em 18 de julho, 10 novos jogadores foram contratados e mudaram o rumo do Glorioso no Brasileirão. Desde então, 13 pontos foram conquistados através de gols e assistências desses nomes recém-chegados – e é do impacto deles, especialmente os titulares, que ns falaremos.
Adryelson
Se destacou pelo Sport em 2020, antes de passar 2021 no Al Wasl, do Emirados Árabes. Elevou o nível da defesa botafoguense e facilita a execução do modelo de jogo, uma vez que o time de Luís Castro gosta de pressionar no campo ofensivo, com muitos jogadores no setor da bola e fechando as linhas de passe pelo centro do gramado. Dessa forma, restam duas alternativas aos adversários: jogar pelos lados e cruzar ou dar um chutão. Quando fizer uma dessas coisas, o rival se encontrará com Adryelson, um zagueiro com 70% de vitórias em disputas aéreas no campeonato.
Ele é a segurança que o time precisa para ser agressivo na marcação. Dos 10 jogos disputados pelo zagueiro até o momento, sua equipe não tomou gols em cinco. Em contrapartida, nas nove partidas anteriores a sua chegada, o Glorioso somente havia saída com a “baliza a zero” em duas, além de ter trocado a dupla de zaga por seis vezes.
Fernando Marçal
Chegou com status por ter passado 12 anos jogando na Europa, os cinco últimos no Lyon e no Wolverhampton. É um lateral-esquerdo mais “base”, ou seja, raramente desgarra da linha de defesa, apenas quando está bem protegido, tanto no momento ofensivo, como na hora de sair para dar combate em fase defensiva. Facilita a saída de bola do Botafogo com seus passes para Jeffinho, Carlos Eduardo e Tiquinho, que costumam se aproximar pelo lado esquerdo. Assumiu as bolas paradas do time e já tem duas assistências.
Gabriel e Carlos Eduardo
Apesar de cumprirem funções diferentes e estarem em estágios de adaptação distintos, têm funcionado como os meias à frente do 1° volante, Tchê Tchê, em fase ofensiva. Ainda sem se firmar no time titular e fisicamente abaixo, Gabriel é o reserva imediato de Lucas Fernandes, o “8” da equipe, e precisa ganhar mobilidade para atuar em partidas nas quais os adversários pressionam forte. Por mais que não esteja bem, sempre arrisca bolas longas e inversões de jogo, fundamentais para a construção rápida desejada por Luís Castro. Quando entrar em forma, poderá acrescentar muito.
Carlos Eduardo, por sua vez, cumpre o papel do “10” do Botafogo e executa com naturalidade os movimentos inerentes à sua função dentro do modelo de jogo. Se aproxima para tabelas com Jeffinho no lado esquerdo, executa as jogadas com rapidez, infiltra no espaço entre zagueiro e lateral e se apresenta na área para finalizar. Com o meia, o time finaliza quase 13 vezes por partida e, sem ele, a média fica em torno de 11 arremates por jogo. Defensivamente, ainda pode pressionar mais e reagir melhor pós-perda, mas já consegue fazer isso com mais eficiência que Gabriel.
Júnior Santos
Um grande achado botafoguense, contratado junto ao Sanfrecce Hiroshima do Japão. É muito forte, explode como poucos no nosso futebol e é habilidoso. Por isso, tem atuado como ponta direita e é um dos grandes criadores de jogadas do Fogão. Oferece saída quando a equipe é pressionada, por saber jogar de costas, além de ser uma alternativa de mano a mano para um time que ataca muito com tabelas pelos lados e trocas de corredor. Acerta 53% de seus dribles e precisa melhorar nas finalizações para se tornar um grande nome no país.
Tiquinho Soares
O grande cara do Botafogo nos últimos jogos! Já deu para perceber o porquê de ele ter feito 63 gols em três anos e meio pelo Porto, entre 2017 e 2020. Facilita toda a parte ofensiva da equipe, afinal baixa no meio-campo para auxiliar na construção do jogo, oferece o pivô a todo momento e, com isso, arrasta um zagueiro consigo, abrindo espaço para as infiltrações dos meias e dos pontas. Também oferece uma opção de passe longo quando o time está pressionado ou quer sair em contragolpe. Tem força e habilidade para segurar a bola, sustentar o choque do zagueiro e acionar quem vem em velocidade por dentro ou por fora. Responsável por cerca de 25% dos arremates do time, já tem quatro gols em sete jogos e fará mais, pela velocidade e qualidade com as quais finaliza os lances, muitas vezes de primeira.
Pode pintar vaga na Libertadores
Segundo melhor visitante do Brasileirão, o Glorioso é o 9° colocado na tabela com 43 pontos. Tendo em vista a altíssima possibilidade de se formar um G-8 no campeonato, a equipe carioca está a dois pontos da zona de classificação para a Libertadores, uma posição condizente com a qualidade do elenco atual.
Nesse ponto, vale exaltar o trabalho do português Luís Castro: no início do ano, antes da chegada do técnico e de John Textor, o elenco botafoguense campeão da Série B 2021 havia sido muito enfraquecido e o time era um “sparring” entre atletas da base e jogadores com os quais o clube não contaria para o Campeonato Brasileiro. Após a assinatura do contrato da SAF e a chegada do treinador, foram realizadas contratações importantes, capazes de transformar aquele plantel que parecia insuficiente até para a segunda divisão, em um grupo capaz de brigar para ficar na Série A e acabar o ano no meio da tabela – assim vinha sendo feito. Agora, ainda mais qualificado, o Botafogo sonha com objetivos maiores, mas sempre soube como queria jogar, teve uma cara e um bom trabalho em desenvolvimento.
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