Cuca deixa o Atlético Mineiro como um dos melhores trabalhos de sua carreira
Além de muita qualidade técnica, o Atlético-MG de Cuca fazia o que o treinador pedia em todas as fases do jogo. Chega ao fim um trabalho espetacular.
Cuca não é mais treinador do Atlético-MG. Após conquistar a tríplice coroa em 2021, levantando as taças do Campeonato Mineiro, Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil, o treinador alegou problemas familiares para não seguir na Cidade do Galo no próximo ano. É o final daquele que possivelmente foi o melhor trabalho da carreira do técnico.
O Galo de Cuca foi extremamente dominante, passando a sensação de ser imbatível em muitos momentos. Entre junho e outubro, teve 18 jogos de invencibilidade no Brasileirão, passeou na semi e na final da Copa do Brasil e caiu invicto na Libertadores. Além disso, não perde em casa desde 30 de maio e acumula 24 vitórias e dois empates nas últimas 26 partidas no Mineirão.
Olhando de maneira mais profunda para o modelo de jogo, o Atlético realizava tudo que Cuca busca em suas equipes: muita combatividade, imposição física, capacidade de adaptação e mobilidade no ataque. Com um sistema ofensivo baseado nas trocas de posição e aproximação dos jogadores na região da bola, o Galo foi ganhando uma grande fluidez ofensiva ao longo da temporada.
Claro que a imensa qualidade dos atletas contribuiu para isso, porém as movimentações eram bem feitas. Hulk saindo da referência para buscar a bola e arrancar com ela de frente para o gol, Keno ou Vargas se movimentando de fora para dentro, Zaracho e Nacho sempre como opções de passe, Allan iniciando as jogadas, Jair se projetando e, nos arredores da área, muitas infiltrações.
Com todos esses jogadores por dentro, o Galo buscava passes nas costas dos volantes, na direção da entrada da área para encontrar chances de finalizar. Contudo, os adversários sabiam disso e, obviamente, povoavam muito a região. Nesse aspecto, Allan, Nacho, Zaracho, Jair, entre outros eram fundamentais ao identificarem o corredor central bloqueado e rapidamente inverter o lado da jogada para os laterais, especialmente Guilherme Arana, melhor da posição no país.
Outro ponto muito forte do Atlético em 2021 foi a parte física, que está diretamente ligado ao baixo número de gols sofridos no ano. Em transição defensiva, a ordem de Cuca sempre foi reagir rapidamente para pressionar o adversário e matar o contra-ataque na raiz, seja com uma roubada ou uma falta. Não foram poucos os gols criados a partir da ótima pressão pós-perda da equipe.
Já em fase defensiva, o Galo marca por encaixes individuais, ou seja, dentro do setor, cada um pega o seu. Isso gera vários jogos dentro de um só. Cada marcador está em uma disputa ‘mano a mano’ com o atacante rival. Com um elenco de alta capacidade física, o Atlético-MG se dava bem nestes duelos, recuperando a bola rapidamente e mordendo o tempo todo. Fundamental para ter volume de jogo.
Característica excepcional dos trabalhos de Cuca, a bola parada do Atlético-MG esteve muito forte em 2021, nas duas áreas. Nathan Silva, Júnior Alonso, Réver, Igor Rabello, Jair, Hulk, Diego Costa são alguns dos ótimos cabeceadores da equipe, enquanto Nacho, Zaracho, Arana e outros vão muito bem na batida. Por isso, a bola parada defensiva não foi um problema do time e a ofensiva gerou alguns gols ao longo do ano, principalmente em batidas no primeiro pau para os grandões da equipe se anteciparem.
Com o modelo de jogo completamente assimilado em todas as fases da partida, o Atlético-MG jogou um excelente futebol, marcando muitos gols, sofrendo gols, sabendo jogar em diferentes contextos e machucando o adversário de diferentes formas: trocas de passes, jogadas por dentro, cruzamentos, contra-ataque, marcação alta, bolas paradas… Muitos jogadores excepcionais e um dos melhores treinadores do país falando a mesma língua. O resultado só podia ser um time praticamente imbatível.
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