DESAFIOS DE MILTON MENDES PARA TIRAR SPORT DO Z4
Por Jonatan Cavalcante O novo técnico do Sport, Milton Mendes, foi apresentado oficialmente, na tarde de quarta-feira (26), no CT José Andrade Médicis. O novo comandante se mostrou confiante e afirmou que “os desafios foram feitos para serem vencidos”. A missão não é nada fácil: evitar o rebaixamento do Sport. O time Rubro-negro venceu apenas 6 partidas, […]
O novo técnico do Sport, Milton Mendes, foi apresentado oficialmente, na tarde de quarta-feira (26), no CT José Andrade Médicis. O novo comandante se mostrou confiante e afirmou que “os desafios foram feitos para serem vencidos”. A missão não é nada fácil: evitar o rebaixamento do Sport. O time Rubro-negro venceu apenas 6 partidas, soma 24 pontos e está na 19º colocação.
Considerado um especialista em extrair resultados em curto prazo, o novo desafio aceito por Milton Mendes exigirá muito mais do que os predicados que concernem ao modelo de jogo e treinamentos. Milton terá que ser gestor. Um desafio duplo. Pois nos últimos trabalhos (Santa Cruz e Vasco), teve problemas de relacionamento com alguns atletas.
O FootureFC apontou alguns desafios que Milton Mendes encontrará dentro e fora de campo ao comandar o Leão da Praça da Bandeira:
AMBIENTE HOSTIL
O Sport atravessa uma das maiores crises financeiras e gerenciais da história. Após passar mais de uma década sem atrasar salários, construir capital intelectual de ponta e infraestrutura compatível com as grandes forças da América do Sul, o clube se tornou o oásis do Nordeste brasileiro. Trouxe jogadores do quilate de Diego Souza, André, Mark González e Mena. Comprou direitos federativos de Rithely, Rogério e Reinaldo Lenis. No entanto, o estudo de análise economico-financeira realizado pelo Itaú BBA, aponta que a gestão rubro-negra investiu além da capacidade financeira e comprometeu o fluxo de caixa e as contas de médio e longo prazo. Tornando o clube inadimplente e sem condições de arcar com as obrigações. Além dos salários atrasados e receitas bloqueadas, o Sport vive um momento de ebulição eleitoral. O atual presidente, Arnaldo Barros, não detém capital político, apoio da torcida e pode sofrer impeachment. Soma-se a isso, o mau desempenho do Leão na temporada. Eliminado precocemente do Campeonato Pernambucano e Copa do Brasil. Na Série A, o time ocupa a 19º colocação, estando a frente apenas do Paraná. Neste turbilhão de acontecimentos, Milton Mendes terá a difícil tarefa de blindar os jogadores quanto aos problemas políticos e gerenciais enfrentados pelo clube. Para assim, criar um ambiente saudável que propicie a implantação e assimilação das ideias.
GESTÃO DE GRUPO
Outro ponto a ser tratado de imediato por Milton Mendes, é o aproveitamento de Fellipe Bastos e Michel Bastos na equipe. Os dois atletas foram reintegrados pela nova diretoria de futebol que assumiu o clube no último dia 25. O volante e o meia-atacante se envolveram em polêmica nas redes sociais ao realizarem postagens consideradas irônicas pela antiga diretoria. E com isso, foram afastados e passaram a treinar em separado. Além dos Bastos, Rafael Marques é outro atleta que demonstra insatisfação por não estar no time titular. O gerenciamento de egos é primordial para estabelecer uma unidade de grupo e focar no objetivo que é sair do Z-4.
PROBLEMAS CRÔNICOS
Ataque ineficiente
Foram testados 10 jogadores no trio ofensivo durante o campeonato. Com a exceção de Hernane Brocador, que está lesionado, ninguém conseguiu se firmar e ter uma performance constante. Como reflexo o Sport detém o 3º pior ataque da competição com 21 gols marcados, uma média de menos de um gol por partida, ficando a frente apenas de Ceará (19) e Paraná (11). Outro dado a ser observado pelo novo comandante, é o número de chutes para fazer um gol. O Leão possui a 3º pior média de chutes para marcar um gol entre os 20 clubes da Série A. Segundo o site Footstats, o Sport finaliza 15 vezes para marcar um gol.
Precisando melhorar a eficiência do ataque e os comportamentos ofensivos dos atletas, Milton Mendes montou um treino para enfatizar os passes verticais, geração de apoios (triângulos), ultrapassagens, infiltrações e finalizações. Veja no frame abaixo:
Imagem: Reprodução/Eu pratico Sport
Cruzamentos na área
O Sport possui a 2º pior defesa do campeonato com 39 gols sofridos. Uma média de 1,5 gol/jogo. Ou seja, a cada duas partidas o time sofre 3 gols. E os cruzamentos, rasteiros ou aéreos, são a principal origem de cerca de 50% dos gols que o Leão tomou na Série A. Milton Mendes terá que incutir nos jogadores o perde-pressiona, encurtamento de espaço no portador da bola (onde sai os cruzamentos), dobras de marcação, concentração dos defensores para defender a área e agredir a bola, para tentar diminuir os gols sofridos nessas jogadas.
LEGADO BAPTISTA
A segunda passagem de Eduardo Baptista como técnico do Sport foi curtíssima. Foram 8 jogos em um período de 40 dias. Apesar dos resultados não terem sido expressivos o suficiente para tirar o time pernambucano da zona do rebaixamento, Eduardo conseguiu deixar um legado. Nas duas últimas partidas, o Sport mostrou organização e as minímas características de uma equipe ao evoluir em alguns aspectos e promover a entrada de alguns jogadores.
Meio-campistas
Após a saída de Anselmo para o Al-Wheda, o Sport teve dificuldades para encontrar no elenco e no mercado alguém para substituir o ex-camisa 8. E sofreu em boa parte do campeonato com a má proteção do funil e a queda vertiginosa de desarmes na faixa central de campo. E quase no fim da janela de transferências, o Leão trouxe Jair e Marcão. Dois atletas que estavam atuando na Série B e C do brasileiro por Juventude e Cuiabá, respectivamente. Os jogadores atuaram juntos contra Corinthians e Palmeiras, e deram uma nova dinâmica ao setor de meio-campo e ao time.
Competitividade
Diante de Corinthians e Palmeiras, apesar do placar desfavorável, o Leão saiu vencedor nos fundamentos de desarmes, duelos individuais e interceptações. Nos dois jogos contra os Paulistas, o Sport desarmou 29 vezes, ganhou 124 duelos individuais e teve 21 interceptações. Números que corroboram com o aumento da competitividade e a evolução do sistema defensivo.
Organização Defensiva
Mesmo com pouco tempo de trabalho, Eduardo conseguiu dar um padrão defensivo a equipe. Na organização defensiva, o Sport marcava por zona com encaixes curtos no setor da bola e em duas linhas de 4 bem definidas e com pouco espaços entre elas. Na maioria dos jogos, induzia o adversário para os corredores laterais, principalmente, para o setor defendido pelo lateral Sander, que é um dos líderes de desarmes na Série A. O perde-pressiona estava sendo bem assimilado e executado pelos jogadores. Mas ainda oscilava em alguns períodos do jogo. Nas bolas paradas, utilizava uma marcação predominantemente por zona. Mas não abria mão de ter 2 ou 3 jogadores para realizar os bloqueios e mantinha 2 atletas na entrada da área para pegar o rebote.
FILOSOFIA M.M.
Com bom legado deixado por Eduardo Baptista, Milton Mendes deverá aos poucos realizar alguns ajustes para colocar em prática as suas crenças. Nas últimas passagens por Atlético-PR, Santa Cruz e Vasco, as equipes foram caracterizadas por marcação forte e intensa, compactação horizontal e vertical, saída sustentada (4-2) ou Lavolpiana (saída de 3), construção curta, incessante verticalização a partir do 2º terço de campo, troca de corredor (inicia a jogada de um lado e finaliza do outro) e muitos jogadores na área para aproveitar o cruzamento ou ganhar a 2º bola e finalizar.
Restando 12 rodadas para o fim da Série A, Milton Mendes terá que ter um aproveitamento compatível com um time que busca a classificação para a Copa Libertadores, ou seja, de mais de 50% para conseguir êxito no desafio de livrar o Sport do rebaixamento. A missão é árdua e a necessidade de converter desempenho em pontos é iminente. Diante do Atlético-MG, no Independência, o técnico fará a sua estreia e terá pela frente o primeiro desafio.
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