O complicado início de Diego Aguirre no Internacional
O Inter de Diego Aguirre sabe o que quer fazer em muitos momentos dos jogos, mas dificilmente consegue. Entenda as ideias que o treinador tenta implementar e as dificuldades da equipe.
Diego Aguirre chegou ao Internacional há três semanas para implementar um modelo de jogo muito diferente ao de Miguel Ángel Ramírez, antigo treinador colorado. Assim sendo, vemos um início irregular do comandante uruguaio, com apenas uma vitória, três empates, duas derrotas, pior sequência no Beira-Rio em 31 anos, 15° lugar e muita alternância de desempenho durante as partidas. Apesar de suas ideias serem compatíveis com o elenco que tem em mãos, a execução delas está longe do ideal.
Por mais que o 4-3-3 da época de Ramírez tenha se mantido, os princípios são diferentes. A construção pausada e por baixo deu lugar a um jogo mais direto e a ataques mais rápidos. Nesse aspecto, as jogadas do time seguem duas rotas mais comuns: bola longa para o bom pivô de Yuri Alberto e chegada de quem vem de trás ou as pontas, com Caio Vidal e Patrick, sempre prontos para atacar a profundidade, seja em passes pelo chão ou inversões.
Ou seja, o Internacional de Diego Aguirre já sabe o que fazer com a bola, deixando a linha de quatro sustentada, dois meio-campistas na articulação e um mais avançado. Próximo da área, o Colorado busca finalizar em regiões mais centrais, então aposta em cruzamentos ou passes na entrada da área e posterior a infiltração de meias e atacantes, porém peca muito na fluidez desses mecanismos. É necessário que a equipe imprima um ritmo mais alto na circulação de bola e, tão importante quanto, reduza os erros técnicos que tiram o volume de jogo de qualquer time.
Defensivamente, o Inter apresenta duas versões: a mais precavida e a agressiva. De maneira mais precavida, o time marca a partir do meio-campo, protegendo os espaços mais próximos da área. Entretanto, falta um pouco mais de pressão na bola para evitar cruzamentos e uma parceiro mais seguro para Cuesta, algo que parece estar sendo corrigido com as chegadas de Mercado e Bruno Méndez. Lucas Ribeiro, Zé Gabriel e Pedro Henrique vinham errando muito tecnicamente e sem confiança.
Quando quer pressionar o adversário, a estratégia do Internacional costuma ser uma zona de pressão no lado do campo. Então o time induz o oponente a sair jogando pelos flancos e por lá faz uma blitz com superioridade numérica na região da bola. É mais um dos vários momentos do jogo em que o time sabe o que deve fazer, mas não faz com consistência, visto que essa pressão foi quebrada diversas vezes, como no jogo contra o Palmeiras. Espera-se mais intensidade para tirar linhas de passe do rival.
Se até agora falamos de fases do jogo em que o Inter oscila maus e bons momentos, falaremos de uma grande dificuldade do time: transição defensiva, problemática desde os tempos de MAR. A reação após a perda da bola é lenta e, quando muito, no máximo dois jogadores tentam atrapalhar o oponente na ligação do contragolpe. A situação fica ainda pior pela dificuldade de recomposição de algumas peças e da linha defensiva em se organizar. Os defensores ainda não entenderam o que devem fazer com a bola sem pressão e ficam na dúvida entre encurtar o campo ou correr para trás.
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Responsável por 50% dos gols sofridos pelo Colorado no Brasileirão, a bola parada é o grande calcanhar de Aquiles do time gaúcho. Aguirre rompeu com a defesa por zona nessa fase do jogo e optou por uma marcação mista, com predominância individual, especialmente em escanteios. Normalmente, um atleta defende o espaço do primeiro pau, um na entrada de área e os demais entram no esquema do “cada um pega o seu”. E aí a falta de concentração, confiança e compreensão do modelo de jogo gera erros.
Observando os gols de bola parada área sofridos na “Era Aguirre”, vemos adversários saindo na frente para atacar a bola e jogadores “largando” a marcação, seja por desconcentração ou por não entenderem seus papéis de acompanhar o oponente até o final. Na última partida, no Grenal, essa situação melhorou com mais jogadores ajudando a defender o espaço.
Na bola parada e em todas as outras fases do jogo, o Internacional precisa melhorar. Aguirre parece ter um norte, o time tem padrões, mas só com o tempo veremos se suas ideias serão bem executadas e farão do Colorado uma equipe competitiva como vem sendo desde 2018.
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