Do calvário ao céu
As histórias de superação no esporte não são poucas. A memória recente nos leva até abril de 2000, com a grave lesão de Ronaldo Nazário no patelar que culminou em sua redenção na Copa do Mundo de 2002, sendo artilheiro do Brasil. E neste mundo onde se observam os milhões que giram e os títulos vencidos, deixamos […]
As histórias de superação no esporte não são poucas. A memória recente nos leva até abril de 2000, com a grave lesão de Ronaldo Nazário no patelar que culminou em sua redenção na Copa do Mundo de 2002, sendo artilheiro do Brasil. E neste mundo onde se observam os milhões que giram e os títulos vencidos, deixamos de lados vencedores como é atualmente o caso de Santi Cazorla.
“O médico me disse que se eu voltasse a andar no jardim com minha filha, deveria me dar por satisfeito” – Santi Cazorla na entrevista ao Marca em 03/11/2017.
Apesar de não ter um histórico grande de lesões, a última teve como resultado oitocirurgias, uma infecção e e 618 dias longe dos gramados. “A bactéria comeu 10 centímetros do meu tendão”, relembra o meio-campista em entrevista ao Marca. Santi precisou retirar um pedaço de pele do seu antebraço para recuperar o tendão.
Após 21 meses, seu retorno à uma partida foi emocionante. Depois de sair do Arsenal, muito se falou sobre possível aposentadoria ou que disputaria ligas menores. O retorno ao Villareal causou surpresa apesar de ser a equipe onde iniciou no profissional entre 2002 e 2011.
“Quando saí do Arsenal as pessoas do clube disseram-me para jogar numa liga ‘menor’, mas eu disse-lhe que não queria isso. O meu filho pede-me para jogar, quer ver-me a jogar. Não quero retirar-me por causa de uma lesão.” – relembrou Santi.
A história mostrou que não poderia ter decisão melhor… Logo em seu retorno foram 35 jogos em LaLiga e uma média de 75 minutos em campo. A recuperação era plena e seu futebol se reinventava e trazia a magia que o Submarino Amarelo precisava dentro de campo.
Na atual temporada, seus números se sobressaem com 4 gols e 3 assistências em 8 jogos e sua função sob o comando de Javier Calleja tem sido bastante interessante. Sendo daqueles atletas que atuam em qualquer posição no centro do gramado, além de ser ambidestro, Cazorla tem atuado como um interior esquerdo do 1-4-1-4-1 e tendo bastante liberdade para circular em todas as zonas do gramado quando tem ao seu lado Iborra e Anguissa fazendo as devidas compensações para a equipe atuar em alguns momentos no 1-4-2-3-1.
Entretanto, tem adicionado ao seu jogo uma outra possibilidade dentro de campo. É como um falso meia-esquerda do 1-4-4-2 que o jogador tem tido grandíssimas atuações. Assim como foi Iniesta em 17/18 no Barcelona, este posicionamento aberto pela esquerda é apenas no momento defensivo por não ter a mesma intensidade de outrora.
Por outro lado, na fase ofensiva o jogador tem liberdade para abrir o corredor para Quintilla e, sendo assim, estar na base da jogada para controlar o jogo a partir de sua capacidade de associação e entendimento do tempo e espaço. A conexão com Gerard Moreno e Ekambi tem sido também cruciais para isso. O primeiro, se aproxima para gerar jogo com o camisa 8. O segundo tem capacidade para atacar o espaço e receber os passes em profundidade de Santi.
E se muitas vezes deixamos de lados as histórias de superação para exaltarmos apenas os títulos, ter um olhar para vencedores como Santi Cazorla – que tem duas Eurocopas, é verdade – se torna obrigatório. La Liga agradece seu retorno e, como não pode ser eterno, que seja ótimo enquanto dure.
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