DOSSIÊ "REI ARTHUR": COMO TRANSFORMAR O REINADO METEÓRICO EM LONGEVO?
Por @JonCavalcante_ O Brasil é um país muito rico em biodiversidade e ecossistema. Além disso, é a 9º maior economia global, é o maior exportador de frango e carne bovina e um dos maiores exportadores de grãos. Todas essas informações caracterizam o Brasil como um país notoriamente exportador. E no futebol não é diferente. É […]
Por @JonCavalcante_
O Brasil é um país muito rico em biodiversidade e ecossistema. Além disso, é a 9º maior economia global, é o maior exportador de frango e carne bovina e um dos maiores exportadores de grãos. Todas essas informações caracterizam o Brasil como um país notoriamente exportador. E no futebol não é diferente. É o país que mais exporta atletas no mundo. Segundo a Federação Internacional de Futebol (FIFA), na temporada 2016, 678 jogadores de futebol deixaram a sua terra natal com destino a outros 118 países espalhados pelo globo terrestre.
O ótimo poder de finalização, a boa estatura, velocidade aliados ao bom posicionamento e oportunismo do jovem atacante de 20 anos formado nas categorias de base chamaram a atenção de muitos clubes no início da temporada no Brasil. O atacante Arthur Cabral é um dos principais artilheiros do país com 16 gols marcados ao longo do Campeonato Cearense (11), Copa do Nordeste (4) e Copa do Brasil (1). O que representa uma participação efetiva em mais de 27% dos gols assinalados pelo Ceará na temporada 2018. Nestas competições Arthur atuou em 22 partidas, estando em campo durante 1.260 minutos, totalizando uma média de um gol a cada 78 minutos. A equipe do Footure elaborou um dossiê de Arthur Cabral para que os amantes de futebol possam conhecer de forma mais profunda as características e a forma de atuar de uma das grandes promessas do futebol nordestino.
Características Físicas
Atacante de 1,86 cm com boa velocidade e dinâmica ofensiva. Demonstrou agressividade no 1×1 ofensivo, porém precisa melhorar a resistência para manter a intensidade por um período mais longo. A melhora da resistência também deve impactar diretamente no confronto defensivo. Pois observou-se que Arthur na hora da recomposição, pressing ou posicionamento defensivo apresentou dificuldades e consequentemente ofertou espaço ao portador da bola.
Características Técnicas
Arthur Cabral possui como perna dominante à direita e demonstrou bom domínio e condução de bola. Precisa ser estimulado a utilizar a perna não dominante. Apesar da boa estatura, Arthur apresenta uma variedade de dribles sejam eles curtos ou em velocidade buscando explorar a profundidade de campo. No quesito finalização é possível observar uma variabilidade de força, velocidade, direção e técnica muito bom. Porém, necessita de correções no que concerne ao gesto técnico, ou seja, o posicionamento do corpo e pés para ter uma finalização mais precisa e eficiente. Ao realizar o pivô, o atacante do Vozão precisa desenvolver melhor a sustentação para conseguir dominar a bola e dar um passe mais “limpo” para o companheiro.
Características Táticas
Nos jogos observados, o “Rei Arthur” como é carinhosamente chamado pelos torcedores do Ceará, atuou como atacante central no 4-2-3-1, tendo uma variação de função ao longo das partidas para posição de atacante por fora. Neste caso obteve o comportamento de estar aberto em amplitude buscando receber o passe (em apoio) e entrar na linha defensiva.
Momento Ofensivo
Um dos principais fundamentos para um atacante é realizar o trabalho de pivô corretamente. No frame abaixo, constata-se a leitura de jogo de Arthur ao ofertar uma linha de passe para Wescley, executar o pivô e passar para quem vem de trás. Neste lance ele conseguiu fazer a sustentação “limpa” e tomar a melhor decisão. Porém, ainda precisa evoluir no domínio e processo decisório ao estar pressionado pelos adversários.
Um dos principais movimentos/comportamentos treinados atualmente pelos técnicos é o de gerar amplitude no campo do adversário. E no Ceará de Marcelo Chamusca, o atacante Arthur ao deixar a zona central do ataque e busca os lados de campo e, realiza este movimento para que o campo seja “alargado”, ou seja, a área de atuação dos jogadores de ataque seja maior e consequentemente aumentando os espaços descobertos pelos defensores. Com este movimento os treinadores e jogadores buscam desajustar o setor defensivo adversário e progredirem em direção ao gol. Nos heats maps ou mapas de calor pode ser visto as áreas de maior atuação do atacante Arthur Cabral. E onde possui uma maior intensidade das cores, é justamente, nos setores laterais de campo e na entrada da grande área.
No lance a seguir é possível identificar três comportamentos cristalinos e bem executados por Arthur Cabral. O volante alvinegro recuperou a bola e rapidamente Arthur se projetou para realizar apoio ofensivo ao criar uma linha de passe. Ao ter a bola de primeira acionou Ricardinho e em seguida ultrapassou da linha da bola se projetando e se colocando como possível jogador para recepcionar a bola. Sem a bola, utiliza-se da mobilidade para atacar os espaços e proporcionar a criação linhas de passe ao portador da bola para desestruturar a defesa adversária. Ao final da jogada ainda faz o trabalho de pivô e mostra que tem recurso ao tomar a decisão de tocar de calcanhar para o meio da área em busca de companheiro para finalizar. Os 25 segundos de frame conseguem capturar um atleta com inteligência tática, compleição física em desenvolvimento – mas muito perto do ideal – e recursos técnicos com um potencial enorme para serem explorados e estimulados.
Uma das etapas mais curtas do processo ofensivo é a finalização. Mas para que a finalização ocorra é preciso que as etapas de manutenção da posse de bola e a progressão ao campo adversário aconteçam exitosamente. Uma finalização do Arthur com o pé não dominante (esquerdo) e que sai com a mesma força, velocidade e precisão do pé dominante (direito). A utilização do pé não dominante precisa ser mais estimulada, pois tornará o Arthur um jogador menos previsível ao buscar a finalização pela direita ou esquerda.
Momento Defensivo
O time de Marcelo Chamusca atua defensivamente no 1-4-4-2 com linhas baixas, marcando por zona e pressionando o portador da bola a partir do momento que entra no campo defensivo. Além do pressing, é visível a boa execução dos movimentos de flutuação ou basculação exigidos pela marcação zonal. Na bola parada, Arthur, é uma peça fundamental para tentar fazer o corte da bola alçada na área.
Além da estatura (1,86 cm), o bom porte físico e a boa impulsão fazem com que o atacante se posicione na primeira trave. Nas bolas paradas o Ceará faz uma marcação mista: individual e por zona. No lance do gol de Diego, Arthur é o segundo homem na primeira trave. E como na marcação por zona cada atleta “cuida” das costas do outro, a marcação de Lucas Paquetá foi no setor do camisa 40 alvinegro, que, ficou olhando a bola e não teve o tempo de resposta rápido o suficiente para impedir a cabeçada de Paquetá, que resultou no terceiro gol do Flamengo. Apesar de ter consolidada o tipo de marcação que se faz na bola aérea, são necessários ajustes de posicionamento e diminuir os espaços entre um defensor e outro.
O atacante Arthur Cabral é mais uma joia garimpada nos campinhos espalhados pelo Brasil. Ele demonstrou um potencial robusto, mas que como toda joia precisa ser melhor lapidado para que os seus pontos fortes sejam potencializados e os pontos fracos sejam corrigidos. Os próximos passos do “Rei Arthur” irão mostrar se o seu reinado irá se consolidar ou se será mais um na história a se perder no limbo do futebol.
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