EQUADOR: PASSADO, PRESENTE E FUTURO - QUAL A PRÓXIMA SAFRA DO PAÍS?
Destrinchamos como é realizado o processo de formação dos jovens dentro do país e analisamos os possíveis novos talentos do futebol equatoriano

O Equador se tornou referência na última década em revelar atletas para o mundo. Com uma base sólida na seleção, a “La Tri” formou e segue formando jovens para os grandes centros europeus, como foi o caso de Moisés Caicedo, Willian Pacho, Piero Hincapié, Estupiñan, Ordoñez e tantos outros atletas.
A partir disso crescem algumas dúvidas e um aumento ainda maior na expectativa em torno da seleção, como eles fazem isso? Quem está por trás dos processos? Quais são as próximas estrelas equatorianas? Esse texto visa responder essas questões e destrinchar um pouco sobre o futebol equatoriano
CONTEXTO GERAL DO PAÍS
A República do Equador é um país localizado no noroeste da América do Sul, com uma população de aproximadamente 18 milhões de habitantes. Apesar do crescimento populacional recente, o país enfrenta uma grave crise social, marcada por violência interna e instabilidade política.
Administrativamente, o Equador é dividido em 24 províncias. Entre as mais relevantes estão Guayas, Pichincha e Esmeraldas, sendo esta última considerada uma região estratégica para a formação da base da seleção equatoriana de futebol.
No cenário esportivo, a liga nacional de futebol existe desde a década de 1960. Os clubes mais vitoriosos incluem o Barcelona de Guayaquil, Emelec, El Nacional e LDU. Em competições continentais, o país ganhou destaque pela primeira vez em 2008, quando a LDU conquistou a Copa Libertadores diante do Fluminense. No ano seguinte, a equipe repetiu o sucesso ao vencer a Copa Sul-Americana, novamente sobre o clube brasileiro. Mais recentemente, o Independiente del Valle sagrou-se campeão da Sul-Americana em 2019 e 2021, enquanto a LDU conquistou o bicampeonato do torneio em 2023.
O futebol equatoriano vive um momento de constante evolução. As classificações para a Copa do Mundo têm se tornado mais frequentes, os clubes vêm obtendo resultados expressivos no cenário internacional e o país demonstra possuir um ecossistema esportivo sustentável, com maior capacidade de formação e exportação de talentos do que de investimento elevado.
ESMERALDAS: A BASE DA SELEÇÃO EQUATORIANA
A província de Esmeraldas está localizada na costa noroeste do Equador. Com cerca de 385 mil habitantes, apresenta um dos índices de desenvolvimento humano mais baixos do país, e mais da metade da população vive em situação de pobreza. Esse contexto social adverso contribui para que muitas crianças e adolescentes enxerguem no futebol uma forma de escape e oportunidade de transformação de vida.
Como destacado por Gabriel Ayroso no artigo “Esmeraldas: a mina de ouro do Equador”, aproximadamente 30% da delegação equatoriana na Copa do Mundo de 2022 era oriunda da província. Entre os nomes de destaque estão Pacho, Hincapié, Valencia e Estupiñán. Diante dessa relevância crescente, clubes como LDU e Independiente del Valle têm investido no fortalecimento de suas estruturas na região, com o objetivo de identificar e desenvolver jovens talentos locais.
PROTOCOLO IDV: ANALISANDO A SENSAÇÃO DO CONTINENTE
O Independiente del Valle é um clube da cidade de Sangolquí, localizada na região metropolitana de Quito. Fundado em 1958, o time só ganhou relevância nacional e internacional a partir de 2007, quando foi adquirido pelo empresário Michel Deller. Em apenas três anos, a equipe alcançou a primeira divisão do futebol equatoriano e iniciou uma trajetória de sucesso.
Consolidado no cenário nacional, o clube foi vice-campeão da Copa Libertadores em 2016, conquistou seu primeiro título nacional e a Copa Sul-Americana em 2019, garantiu o bicampeonato continental em 2022 e, em 2023, levantou a inédita Recopa Sul-Americana após vencer o Flamengo. Mas o que explica esse processo de crescimento tão consistente?
Compreender o contexto social do Equador é essencial para analisar o modelo de formação adotado pelo Independiente del Valle. O clube oferece não apenas estrutura de treinamento e alojamento de alto nível, mas também suporte social completo, incluindo educação, alimentação e cuidados com a saúde. A estabilidade é um dos pilares do projeto.
A metodologia do clube é marcada por padrões rígidos de pontualidade, identidade de jogo clara desde as categorias de base e corpo técnico altamente qualificado. O resultado é a formação de atletas preparados para o futebol profissional aos 18, 19 ou 20 anos, ao contrário do padrão anterior em que a maturação ocorria muito mais tarde.
Apesar do sucesso, é importante reconhecer que nenhum projeto é isento de desafios. O ambiente altamente estruturado pode dificultar a adaptação de alguns atletas em outros contextos, além de cada jogador possuir sua própria trajetória.
Ainda assim, o Independiente del Valle se destaca como um exemplo não apenas esportivo, mas também financeiro e social. A menor pressão por resultados imediatos e a confiança no processo a longo prazo também são fatores chave para o sucesso do projeto esportivo do IDV.
CURTO, MÉDIO E LONGO PRAZO: QUAIS SÃO AS PRÓXIMAS PROMESSAS DO EQUADOR?
Constantemente ouvimos falar sobre Moisés Caicedo, Willian Pacho, Pervis Estupiñan, todos jogadores consolidados no cenário europeu e referências em suas equipes. Mas, quem serão os próximos?
A segunda parte da análise será dedicada em apresentar os prospectos da geração para curto, médio e longo prazo, com alguns atletas já conhecidos e outros ainda voando abaixo do radar dos torcedores, sendo jogadores visados para o próximo ciclo do país e com potencial de alcançar grandes equipes no futuro. Vamos aos nomes.
DARWIN GUAGUA (2007) – IDV
Darwin Guagua é um meio campista de 17 anos. Nascido em Guayaquil, foi convocado para a seleção principal do Equador antes mesmo de fazer a sua estreia no profissional do IDV. Na equipe principal, possui apenas 8 jogos na carreira, com 2 gols e 1 assistência até o momento.
PARTE TÉCNICA
Com bola, Guagua demonstra muita naturalidade em seus movimentos, possui ótimo primeiro toque, orientando o corpo de forma que consegue driblar adversários já no momento da ação, conduz a bola próximo ao corpo e consegue progredir em alta velocidade.
Possui perfil mais pragmático no passe, buscando majoritariamente ligações curtas para volantes, quando progride, se associa ao extremo, demonstrou boa quebra de pé ao executar passes mais arriscados, mascarando a ação. Seu jogo aéreo ofensivo é bom, com ótima impulsão e direcionamento de cabeceio.
Na fase defensiva, é um atleta de boa técnica no desarme, se destaca sobretudo no duelo pela segunda bola, tendo papel frequente no segundo duelo da equipe nas partidas, vencendo com solidez no chão e pelo alto. Consegue cobrir bastante campo e repetir esforços para recuperar a posse. Em partidas que a equipe exerce o bloco alto, pressiona na mesma linha do atacante, fechando espaços e cercando quem possui a bola.
PARTE TÁTICA
Habituado a atuar em um 4-1-4-1, é versátil para atuar em diferentes setores do campo, quando na direita, possui papel mais centralizado, atuando próximo da entrada da área e contribuindo na fase da defesa, já na esquerda, busca se associar mais ao ponta e ocupar a faixa lateral, conseguindo por vezes arrancar cruzamentos ou pisar na área.
Demonstrou comprometimento na fase defensiva, encaixando a marcação e saltando a linha para pressionar. O atleta não costuma finalizar de longe, apenas quando pisa na área para justamente ser uma opção na conclusão.
PARTE FISÍCA E COMPORTAMENTAL
Mede 1.74, possui biotipo ectomorfo, sendo magro de pernas longas, vantajoso principalmente na fase defensiva. Possui ótimo arranque e passada larga, cobrindo longas regiões em alta velocidade, conseguindo alternar a direção de forma bem ágil.
Conta com bom nível de equilíbrio para sustentar contatos e força razoável, embora perca alguns duelos no chão contra oponentes maiores, ainda assim, busca compensar essa falta com um alto nível de combatividade.
CONCLUSÃO:
Aos 17 anos e no começo da carreira profissional, o atleta possui teto alto de evolução, demonstrando um nível de maturidade impressionante para a idade, precisando refinar o movimento principalmente na conclusão das jogadas, algo que se adquire com minutos na temporada. No mais, trata-se de um jogador muito inteligente em campo.
DIOGO BAGÜI (2005) – EMELEC
Diogo Bagüi é um zagueiro equatoriano de 20 anos. Revelado pelo Emelec, fez sua estreia no profissional aos 18 anos, desde então, é titular na equipe e peça importante da defesa. Possui convocações para a seleção sub-20, o atleta é filho do ex-futebolista Óscar Bagüí, jogador da seleção e também ex-Emelec.
PARTE TÉCNICA
Com a bola, demonstra confiança para conduzir com qualidade e calma. Mostra boa capacidade na construção a partir da defesa, utilizando passes verticais, principalmente com fatiadas em direção ao centroavante ou ao lateral, executando essas ações com precisão e clareza. No jogo rasteiro, tende a ser mais conservador, optando por passes seguros para companheiros próximos, com menor protagonismo criativo na progressão.
Defensivamente, é um atleta técnico na abordagem. Trabalha com boa postura, flexionando os joelhos e controlando o tempo do bote com calma e força adequada. Suas pernas longas contribuem para um alto número de interceptações de passes e finalizações.
Apesar de apresentar bons índices de duelos vencidos, demonstra certa ansiedade ao saltar a pressão, o que o leva, por vezes, a perseguir o adversário por longas distâncias e deixar espaços nas costas. Nos duelos aéreos, possui boa impulsão e direcionamento, embora sua estatura não o torne um jogador dominante nesse aspecto
PARTE TÁTICA
Atuando em uma linha de 4, possui papel ativo na saída, dada a sua capacidade de construção. Com a equipe atuando em bloco médio, Bagui é um jogador agressivo em campo, buscando sempre reduzir o espaço do adversário e pressionar a todo momento, sobretudo em situações em que o adversário recebe a bola no pivô.
PARTE FÍSICA E COMPORTAMENTAL
Com 1.80m, possui biotipo ectomorfo, trata-se um atleta magro e de pernas longas. Possui bom nível de equilíbrio, permitindo fazer trocas rápidas de direção sem perder a referência, possui também ótimo arranque e sustenta a velocidade em longas distâncias.
Seu nível de força é razoável para sustentar contatos protegendo a bola, porém, por vezes perde duelos tanto por chão quanto aéreos. Contra atacantes mais fortes, tende a sofrer marcando o pivô, buscando compensar essa falta de força com bons níveis de combatividade e compostura na abordagem.
Na parte comportamental, demonstrou ser muito frio nas ações, também, apresentou bastante gestual com a equipe, comunicando com os companheiros e organizando a linha defensiva. Possui uma lesão no tendão patelar, embora não aparente ter perdido potência após ela.
CONCLUSÃO
Diogo Bagui é um atleta de alto potencial, ainda que sua estatura e força deixe receios sobre vôos mais altos para a elite, é um atleta com teto alto para jogar em mercados de segunda prateleira, bem como, se tornar peça da seleção equatoriana em um próximo ciclo. O jogador possui qualidade com bola e, conforme for ganhando experiência, irá evoluir ainda mais seus atributos defensivos.
DEINNER ORDOÑEZ (2009) – IDV [ESMERALDAS]
Deinner Ordoñez é um zagueiro de 15 anos. Formado pelo Independiente del Valle, ainda não fez sua estreia no profissional do clube. Ganhou destaque ao ser o atleta mais jovem da equipe sub-20 do país, se tornando titular e referência na defesa da equipe.
PARTE TÉCNICA
Com bola, possui jogo simples e de pouca capacidade construtiva, com um primeiro toque razoável, opta por fazer passes curtos e seguros para o atleta mais próximo, concentrando grande parte das ações na perna direita, embora também use o pé não dominante quando pressionado. Apresentou segurança para conduzir a bola por distâncias curtas, ainda que não seja um movimento natural ou frequente.
Na fase defensiva, destaca-se nos duelos 1×1, lateralizando bem o corpo, encurtando espaços e utilizando sua estrutura física para gerar vantagem e interceptar passes, com boa técnica no desarme e ótimo tempo de bote, também se mostra dominante no jogo aéreo, com impulsão e direcionamento eficientes. Por outro lado, apresenta dificuldades ao saltar a pressão, demorando a girar o corpo quando driblado e, em bolas paradas, perde a referência por vezes.
PARTE TÁTICA
Pode atuar tanto em linha de 4 quanto em linha com 3, assumindo o papel de segundo homem em ambas as formações, costuma atuar na sobra dos defensores, não tendo papel ativo na caçada, optando por ser o último homem na defesa e duelando de frente com o marcador. Ordoñez pode ser categorizado como um zagueiro defensor de área, dado o contexto com e sem bola.
PARTE FÍSICA E COMPORTAMENTAL
Mede 1.88m, com biotipo ectomorfo sendo um atleta magro e de pernas longas. Possui ótimo nível de força para sustentar contatos ombro a ombro, utilizando bem dessa vantagem em campo para fechar espaços e ganhar duelos, possui equilíbrio razoável e troca de direção ok considerando o contexto físico, embora acabe por ser mais lento que a maioria dos atacantes no recurso.
Sua velocidade é boa, com arranque razoável e o ganho de velocidade com o passar dos metros, sustentando a corrida por longas distâncias. Não possui histórico de lesão; enquanto ao aspecto comportamental, aparentou ser um jogador calmo e confiante nas ações, não cedendo facilmente quando sob pressão.
CONCLUSÃO
Com apenas 15 anos, Ordoñez desponta como um atleta de grande potencial para o futuro, é esperado que ganhe chances no profissional do IDV em breve, bem como, possui teto para alçar grandes vôos na seleção principal e em clubes de primeira prateleira na Europa. Surpreende a maturação física do atleta e a técnica para defender a área.
HÓLGER QUINTERO (2009) – IDV [ESMERALDAS]
Hólger Quintero é um meio-campista de 15 anos. Formado pelo Independiente del Valle, ainda não fez estreia no profissional da equipe, sendo convocado frequentemente para as seleções sub-15 e 17 do Equador. É irmão gêmeo do atleta Édwin Quintero, também presente na lista.
PARTE TÉCNICA
Com bola, demonstra ser um atleta de boa técnica, condução fluída e natural com a bola perto do pé direito, progredindo metros com confiança e alternando entre as pernas com ambidestria razoável. Apresentou boa batida e capacidade de encontrar passes longos, bem como, de dribles apostando na velocidade e uma finalização ok.
Na fase defensiva, pressiona o detentor da posse com pouco afinco, possui pouca força para ganhar duelos de forma frequente, tendo dificuldades no quesito, embora tenha boa técnica para abordar. Entre os pontos a melhorar está a postura em que duela em campo, sendo pouco intenso e não conseguindo repetir esforços durante a partida.
PARTE TÁTICA
Costuma atuar mais próximo do gol, podendo ser um 10, ou jogar mais pelas pontas. Apresentou capacidade de atuar como 8 e fazer a saída de jogo.
PARTE FÍSICA E COMPORTAMENTAL
Com 1.71m, possui biotipo mesomorfo, nível de equilíbrio bom e trocas de direção ágeis, seu nível de força é abaixo mesmo dentro da própria categoria, sustentando pouco contato ombro a ombro e com pouca resistência em duelos, ainda que tente compensar com alto nível de combatividade.
CONCLUSÃO
Com apenas 15 anos, é um atleta para se pôr na lista de observação, possui um jogo bem cru e físico pouco maturado, bem como, carece de minutos na carreira como um todo. É um atleta para se observar em médio/longo prazo e acompanhar o desenvolvimento nas próximas etapas, possui boas valências mas também pontos a se preocupar, sobretudo na capacidade física em cenários de maior disputa corporal.
EDWIN QUINTERO (2009) – IDV [ESMERALDAS]
Edwin Quintero é um ponta-direita de 15 anos. Formado pelo Independiente del Valle, ainda não estreou no profissional da equipe, é mais um atleta frequentemente convocado para seleções de base do Equador. Como dito acima, o atleta é irmão gêmeo de Hólger Quintero.
PARTE TÉCNICA
Com a bola, demonstrou boas valências técnicas, com primeiro toque satisfatório e capacidade de conduzir para dentro buscando ações com o pé esquerdo. Atua em amplitude, recebendo a posse no pé e criando a partir dela, sem participar tanto da saída de bola. Não é criativo nos dribles, apostando mais na velocidade quando agressivo, mas tem boa visão para passes entrelinhas ou em profundidade, além de cortar para dentro buscando finalizações, mostrando bom chute em força e direção, tendo ambidestria funcional no recurso.
Entre os pontos a evoluir, destaca-se a lentidão na tomada de decisão, hesitando em momentos cruciais; defensivamente, tem uma capacidade razoável para pressionar, uma baixa frequência de esforço e executa uma recomposição pouco vigorosa.
PARTE TÁTICA
Atua em conjunto com Leonel Realpe, ala de muita agressividade no último terço, por isso, adequa o posicionamento para atuar como suporte nas corridas ou mais internamente, onde adota um perfil mais finalizador, se posicionando próximo do meio da entrada da área, buscando finalizações com ambas as pernas. Apresentou versatilidade para se adaptar a diferentes cenários durante o jogo, podendo jogar tanto como construtor, ou como um ponta de mais agressividade.
PARTE FÍSICA E COMPORTAMENTAL
Mede 1.70m, possui biotipo ectomorfo com traços de mesomorfo, tendo pernas longas e porte físico médio. Suporta contatos ombro a ombro sem perder o equilíbrio, embora tenha força insuficiente por vezes em duelos 1×1.
Possui boa velocidade, com ótima aceleração mas um topo de corrida ok, sofrendo mais a partir de longas distâncias. Possui jogo aéreo satisfatório e impulsão boa. Não possui histórico de lesões na carreira.
CONCLUSÃO
Edwin Quintero demonstrou ser um atleta de muito potencial, com apenas 15 anos, apresenta qualidade com bola acima da média, embora deixe dúvidas enquanto sua capacidade física em contextos de maior intensidade. É um atleta com potencial para se tornar titular em alguns anos da equipe principal do IDV e vale ser observado para acompanhar o seu desenvolvimento nas próximas etapas.
KENDRY PÁEZ (2007) – CHELSEA/STRASBOURG
Kendry Páez é um meia-ofensivo de 18 anos revelado pelo Independiente del Valle, com convocações recorrentes para as seleções de base do Equador. Foi o atleta mais jovem a estrear pela equipe principal da La Tri, com apenas 16 anos.
Em 2023, foi adquirido pelo Chelsea por 14 milhões de euros fixos (com possibilidade de mais 6 milhões em metas), mas atuará emprestado ao Strasbourg até junho de 2026 para ganhar rodagem no futebol europeu.
PARTE TÉCNICA
Com bola, Kendry possui perfil de ótimo refino técnico e capacidade de solucionar problemas em diferentes fases do jogo. Na fase inicial, por vezes baixa o posicionamento para ser o elo de ligação da equipe; quando pressionado e de costas para o marcador no primeiro terço, apresenta perfil mais seguro, buscando passes curtos e rápidos para as pontas.
Conforme a equipe ganha campo, Páez busca jogar de frente para o lance, com condução próxima ao pé e concentrando boa parte das ações na perna esquerda. No terço final, apresenta perfil agressivo, encarando marcadores com variedade de dribles e movimentos, conseguindo acelerar e desacelerar as jogadas para vencer a marcação.
Apresenta bom passe longo, embora precise melhorar a precisão nos passes progressivos rasteiros. A finalização conta com boa variação de movimentos e precisão em média/longa distância, tendo também ambidestria satisfatória, executando chutes com o pé não dominante quando necessário.
Na fase defensiva, demonstrou capacidade de repetir duelos para reconquistar a posse; ainda que não pressione de forma assídua, apresentou técnica na abordagem durante a fase de transição, com bom tempo para o desarme e busca imediata por uma opção livre de passe.
PARTE TÁTICA
Joga grande parte do tempo como um meia-atacante centralizado, atuando como entrelinha e próximo da entrada da área, onde busca espaço para remates e jogadas direcionadas para os extremos. Na fase inicial joga como meia central e explora o passe longo. Possui também o histórico(e capacidade) de atuar como extremo direito, embora não tenha exibições sólidas no contexto profissional ainda na posição.
PARTE FÍSICA E COMPORTAMENTAL
Com 1.78m possui biotipo ectomorfo, pernas longas e corpo magro. Seu nível de equilíbrio é bom para sustentar contatos, possui também ótima capacidade de trocar de direção ágilmente e de repetir esforços durante a partida mantendo a intensidade alta.
Seu nível de força em duelos é abaixo, tendo pouco êxito em divididas na fase defensiva, buscando compensar a falta de força repetindo duelos e combatendo. Aparenta ser um atleta calmo em campo, lidando bem com a pressão e mostrando coragem para arriscar durante a partida.
No extracampo, se envolveu em polêmica em 2024 ao ser flagrado em uma boate em Nova York com a seleção, Kendry na época, ainda tinha 16 anos de idade.
CONCLUSÃO
Conclui-se que o atleta possui teto para ser um jogador de alto nível, aos 18 anos, já conta com técnica e consciência de jogo muito acima da média, bem como, uma estrutura física que o permite atuar em cenários de maior intensidade física. Precisa ser bem lapidado e observado, sobretudo na área comportamental, dado que é considerado a grande promessa da geração.
KENY ARROYO (2006) – BESIKTAS
Keny Arroyo é um ponta-direita de 19 anos. Revelado pelo Independiente del Valle, possui passagens pela seleção sub-17 e 20, bem como, fez sua estreia no profissional em outubro de 2024. Foi adquirido pelo Besiktas(TUR) por 10M euros no começo do ano, no clube turco pouco jogou, ainda se adaptando a um novo país e a uma liga mais competitiva.
PARTE TÉCNICA
Com a posse, demonstra boa relação com a bola, primeiro toque eficiente mesmo quando sob pressão e condução natural e próxima do pé, concentrando grande parte das ações na perna esquerda ainda que utilize o pé não dominante em situações onde seja necessário.
Na ponta, busca duelos individuais, possui boa variação de movimentos, seja trazendo para dentro buscando cruzamentos na segunda trave e remates, ou indo até a linha de fundo. Apresentou um bom passe, executando bem a “quebra de pé” para mascarar o movimento, ainda que progrida pouco no chão, utiliza bem de lançamentos para inverter o jogo.
Sua finalização é boa, tende a chutar colocado buscando a trave oposta. Entre os pontos a melhorar está sua finalização de jogadas, ainda que tenha qualidade para isso, possui dificuldades na última ação, bem como, na progressão de passes por baixo, algo que destravaria bem o seu jogo.
Na fase defensiva, ainda que tenha agressividade para pressionar marcadores, busca mais correr para cima deles do que necessariamente fechar espaços ou abordar, possui bom comprometimento para recompor mas não repete duelos, tende a desistir após o primeiro contato.
PARTE TÁTICA
Atua majoritariamente como ponta-direita, posicionado em amplitude, por vezes, o ponto mais agudo da equipe. Age como um ponta clássico, buscando duelos isolados e alto volume de ações ofensivas.
Quando atuou como ponta-esquerda, apresentou uma queda notória na variedade de movimentos, atuando com o pé natural, procurou cruzamentos a todo momento, e um uso menos confiante do pé direito, acionado apenas para lances mais simples ou remates em último caso.
Centralizado, apresenta boa noção de posicionamento e capacidade de jogar em espaços curtos, mas a falta de progressão nas jogadas o transforma em um jogador pouco contundente nas ações.
PARTE FÍSICA E COMPORTAMENTAL
Mede 1.76m, com perfil mesomorfo e ombros mais largos. Possui bom nível de equilíbrio para trocar de direção de forma aguda, seu nível de força acompanha seu contexto corporal, não conseguindo sustentar contatos ombro a ombro contra marcadores(normalmente laterais).
Possui ótimo arranque e capacidade de sustentar a corrida por altas distâncias, apresentou nível ok de combatividade em duelos, ainda que não repita eles. Na parte comportamental, é calmo nas ações, mesmo quando sob pressão segue arriscando dribles e encarando marcadores, fora do campo, aparenta ter sentido a adaptação ao país, bem como, rumores de que estaria cogitando uma volta ao continente.
CONCLUSÃO
Keny Arroyo é um atleta com alto potencial técnico para atingir níveis médios/alto na Europa, com somente 18 anos, é mais um nome para o próximo ciclo da La Tri, no entanto, precisa corrigir valências em seu jogo, sobretudo no comprometimento defendendo e na finalização de jogadas. Vale ser observado nos próximos meses e se terá chances na próxima temporada pelo clube turco.
O PROGNÓSTICO DO FUTEBOL EQUATORIANO
O texto teve como objetivo apresentar e contextualizar a atual situação do Equador não só como potência esportiva, mas também, destrinchar quais são as engrenagens e motivos do país estar conquistando seu destaque na formação de atletas, bem como, quem serão esses jogadores em um futuro próximo.
A La Tri é uma das seleções para colocar no radar no próximo ciclo de copa do mundo e olimpíadas. Outros nomes não citados na matéria que também valem a observação(e quem sabe, uma parte 2): Justin Lerma(IDV), Daniel de La Cruz(LDU), Jeremy Arévalo(Racing Santander) e Juan Angulo(IDV), jogadores com bom potencial para jogar na seleção no futuro.
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