Hans Vanaken e o Brugge de Philippe Clement
O futebol belga está em constante evolução nos últimos anos. Com o crescimento da seleção nacional de futebol do país estando diretamente relacionado com o trabalho de formação de jovens realizado na Jupiler League, os clubes da liga nacional somam bons resultados recentes em competições continentais, como por exemplo, ao manter uma pontuação que garanta […]
O futebol belga está em constante evolução nos últimos anos. Com o crescimento da seleção nacional de futebol do país estando diretamente relacionado com o trabalho de formação de jovens realizado na Jupiler League, os clubes da liga nacional somam bons resultados recentes em competições continentais, como por exemplo, ao manter uma pontuação que garanta superioridade em relação a vizinha Holanda no coeficiente da UEFA, o que assegura maior presença dos Belgians Red Devils em relação aos neerlandeses em torneios europeus.
Dito isto, o clube expoente para a ascensão do futebol praticado na Bélgica tanto taticamente como em questões de desempenho fora do país, é o Club Brugge. Sem ir muito longe, os Blauw-Zwart conseguiram dois resultados especialmente expressivos recentemente na UEFA Champions League, como o empate no Santiago Bernabéu contra o Real Madrid na atual edição do maior torneio de clubes do planeta e também uma goleada contundente sobre o Mônaco na França na temporada passada.
Na atual época, o time dirigido pelo jovem Philippe Clement lidera a Jupiler League com 23 pontos de 27 possíveis.
A nível de estrutura tática, o Brugge começou 2019-2020 utilizando o habitual 4-3-3 que caracterizou a campanha do Genk comandado por Philippe Clement na temporada passada, rompendo com o modelo de jogo estabelecido pelo croata Ivan Leko nos anos anteriores e seu marcante 3-5-1-1 que rendeu ao clube o título nacional da temporada 2017-18. No entanto, nas últimas semanas, desde a recepção ao Galatasaray na fase de grupos da Liga dos Campeões, o Brugge voltou a atuar com um sistema de três zagueiros, com o angolano Clinton Mata como defensor central pela direita para liberar o jovem extremo Krépin Diatta como ala pelo corredor exterior. Neste sentido, os resultados da mudança de desenho tático estão sendo francamente positivos.
Em termos de estilo, pode-se classificar o Brugge como um time que privilegia a verticalidade e o jogo pelos lados do campo em detrimento de uma ideia possessiva e de elaboração paciente em cenários de ataque posicional. Assumindo a iniciativa nos jogos, costumam utilizar toda a largura e amplitude do terreno de jogo com os alas abrindo o campo e gerando espaços entre linhas, zonas que ocupam os interiores Ruud Vormer e Hans Vanaken, enquanto os atacantes Percy Tau e Emmanuel Dennis Bonaventure variam movimentos de apoio e ruptura de acordo com o cenário da jogada, com a capacidade associativa do sul-africano e a bola parada do já mencionado holandês Vormer sendo recursos importantes na produção ofensiva do Brugge. Já sem a bola, são vistos os encaixes individuais em fase defensiva, que facilitam a habitual pressão alta do conjunto de Bruxelas.
Hans Vanaken, a estrela do projeto
O meio-campista belga de 27 anos que é presença fixa nas convocações do treinador Roberto Martínez na seleção nacional marca diferenças com sua classe e inteligência para identificar espaços vazios entre as linhas dos rivais, capacidades incomuns em um jogador de 1,95m de altura. Com uma capacidade de condução e visão de jogo para colocar passes de qualidade no último terço, Vanaken também se destaca por sua chegada na área em um time que ataca com muitos cruzamentos laterais, com sua privilegiada estatura facilitando gols de cabeça como o do 1-0 da vitória por quatro anotações de diferença dos Blauw-Zwart sobre o Gent na rodada passada da Jupiler League. Há anos no futebol belga, Vanaken seguramente não seguirá na capital do país nas próximas janelas de transferências, com o Ajax já demonstrando interesse em contar com seu futebol.
O ex-jogador do Lokeren produziu brutais 76 gols considerando assistências e anotações desde a temporada de 2017-18, números que estão ao alcance de poucos no continente.
Em reformulação após anos de conquistas e com a chegada de um novo diretor técnico de sucesso como Philippe Clement, o Brugge está correspondendo as expectativas e rendendo como melhor time da Bélgica na temporada, inclusive competindo em um grupo com rivais da elite do continente como Real Madrid e Paris Saint-Germain na UEFA Champions League. Agora o desafio é manter o desempenho e ritmo de pontuação em uma liga longa e exigente como a Jupiler Pro League, que utiliza sistemas de play-offs muito específicos para definir as vagas europeias, o campeão e o rebaixado.
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