O bom início de Mano Menezes no Internacional
Mano Menezes pegou um time em uma sequência muito ruim, deu padrão, confiança e coloca o Internacional firme na briga por Libertadores.
Quarto colocado no Brasileirão e invicto há dois meses, o Internacional é uma equipe totalmente diferente daquela do início de temporada. Depois do trabalho mal sucedido de Cacique Medina, o Colorado chamou Mano Menezes, que chegou há pouco mais de 50 dias e mudou o time à nível técnico, tático e mental. Apesar dos muitos empates – sete em 13 jogos – vemos um Inter extremamente competitivo.
Nos primeiros jogos de Mano, o time era uma tela em branco. Haviam poucos padrões de jogo perceptíveis e uma grande passividade. A confiança não existia e o principal desafio era estancar a sangria, ou seja, parar de sofrer gols em grande quantidade e tropeçar de maneira inacreditável, como na eliminação da Copa do Brasil contra o Globo-RN e o empate em casa contra o fraco Guaireña-PAR, na Sul-Americana. A equipe ainda sofre gols na maioria dos jogos, é verdade, porém só foi vazada duas vezes na mesma partida em um oportunidade desde a chegada do atual treinador.
E como o técnico conseguiu isso? Implementando aquilo que ele sempre fez nos melhores momentos de sua carreira: duas linhas de quatro marcando em zona com bloco médio ou baixo na maior parte do tempo. A intenção é sempre evitar a construção por dentro do adversário e proteger a entrada da área, obrigando o rival a cruzar. Nesse sentido, já vemos uma boa compreensão de posicionamento coletivo e de tática individual, os movimentos realizados pelos jogadores à serviço do modelo de jogo. Os homens de frente se colocam corretamente para cortar linhas de passe interiores e os meio-campistas colorados estão bem nas coberturas dos laterais, que por vezes saem um pouco da linha para pressionar.
Ainda há muito a melhorar, claro. Essa marcação pode ser mais agressiva, bem como as linhas podem ser mais ágeis para balançar de um lado para o outro e sofrer menos com inversões de jogo e cruzamentos na segunda trave. No último jogo, contra o Flamengo, foi interessante ver o time marcando no 4-3-3, com três volantes e três homens de frente, dando sinais de que a equipe terá variações a depender do adversário e das próprias condições. Contra o Rubro-Negro, a mudança foi importante para não ficar em inferioridade numérica contra o trio de meias do rival e ter mais imposição física por dentro.
Para atacar, Mano já definiu duas situações primordiais: a bola longa e a triangulação nos lados. Sem muitos jogadores com característica para sair trocando passes, o Internacional não tem medo do lançamento longo quando pressionado. A jogada normalmente é direcionada para David, o centroavante, ou Wanderson, o ponta esquerda. Por serem atletas de explosão e velocidade, sofrem um pouco nas disputas com os zagueiros e, por isso, é tão importante ter jogadores próximos ao lance para a segunda bola, um aspecto no qual o ime ainda oscila.
Na hora de trabalhar mais as jogadas, os jogadores possuem bastante liberdade para realizarem trocas de posição e aproximações. A ideia é ter mais gente que o adversário no setor do lance e conseguir triangulações. Nesse ponto, a equipe tem demonstrado um bom desempenho com trocas de passes rápidos, jogando em dois toques, com confiança e com Alan Patrick sendo peça chave: sempre próximo da bola, articula muito bem e aciona Wanderson, David e Edenílson em profundidade nas costas do lateral.
Como um treinador que pensa o jogo a partir da defesa e gosta do controle das partidas, Mano Menezes tem um olhar atento para as transições. Na hora de se defender dos contragolpes, o Inter tem sofrido, porque não realiza uma boa pressão após a perda da bola e nem sempre tem uma recomposição rápida o suficiente. É importante que ao menos um jogador cerque o portador da bola para dar tempo dos demais atletas retomarem suas posições na defesa.
Na transição ofensiva, vemos situações semelhantes à fase de ataque do time como um todo: são muitas tentativas pelo alto com David e elas não são tão bem sucedidas. Por outro lado, quando o passe chega pelo chão aos atacantes, as chances aparecem. É uma questão de característica.
O Internacional é, hoje, uma equipe organizada e competitiva, capaz de conquistar resultados expressivos como a vitória contra o Flamengo ou contra o Red Bull Bragantino em Bragança, está em franca evolução e encaixando reforços importantes como Alan Patrick, De Pena, Vitão e Wanderson. Esse crescimento, a competência de Mano Menezes e o baixo nível do campeonato transformam o sonho de uma vaga na Libertadores em algo bem possível.
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