A chave para a ascensão de Jhon Durán no Envigado
Aos 16 anos, o atacante vem cavando seu espaço na equipe colombiana e desponta como revelação. Seu trunfo? A incomum potência física para alguém de sua idade
As canteras do Envigado costumam abrigar bons nomes para o futuro do futebol mundial. Jogadores como James Rodríguez e Juan Fernando Quintero iniciaram suas trajetórias nas categorias de base dos naranjas, para depois estourarem no futebol sul-americano e europeu, e sobretudo com a camisa da seleção colombiana.
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Mais do que revelar, é costume no clube lançar atletas em idades pouco usuais. James Rodríguez, por exemplo, fez sua estreia profissional com apenas 14 anos de idade em 2006. Quintero debutou pela equipe principal com 16 anos em 2009. Quando entraram em campo pela primeira vez, ainda se encontravam em fase de formação técnica e, principalmente, de maturação física. Nesta lógica de colocar em ação jogadores tão jovens, o Envigado já deu sua nova cartada. E apesar de sua mais nova joia se encaixar na realidade de ainda estar em pleno desenvolvimento técnico, na parte corporal a história é diferente.
Com apenas 15 anos de idade, Jhon Jader Durán foi testado pela primera vez pelas mãos do técnico Eduardo Lara, em jogo contra o Alianza Petrolera, no Apertura do Campeonato Colombiano de 2019. De imediato, chamou a atenção. Não pela exuberância com a bola no pé ou por uma atuação de qualidade – afinal, atuou por apenas 3 minutos naquela oportunidade –, mas pelo biotipo e pelas ferramentas físicas incomuns para alguém de sua faixa etária.
Com 1,85m e uma estrutura larga, Durán engana os desavisados. Seu perfil, mesmo tão novo e agora já com 16 anos, é de um atleta plenamente amadurecido. Tais aspectos ditam muito do que se vê do atacante em campo. Na categoria sub-17, em partidas com a seleção colombiana, era nítido como conseguia se impor com facilidade sobre seus adversários.
Imposição essa que se repete contra rivais pelo Envigado de maneira assustadora. Afinal, não é sempre que se observa um adolescente dominando adultos na base da musculatura. Na frente, encontra sucesso em suas ações a partir do uso da força na disputa pela bola. Ele não hesita em trombar com defensores para garantir seu espaço e impedir o desarme, costumando levar a melhor nos embates corpo a corpo.
O uso de Durán dentro do sistema da equipe ainda potencializa o seu fator físico para um ganho tático. Funcionando basicamente como um jogador alvo no centro do ataque, é o destino dos lançamentos longos e dos cruzamentos para que consiga vencer no jogo aéreo ou sustente a posse executando o pivô. Apesar de atuar em uma faixa de finalização, é iniciando seu movimento de costas para gol que consegue causar danos, segurando a bola em busca do giro ou da passagem de um companheiro para receber seu passe.
Impossível desprezar, a partir disto, o bom controle de bola no momento da recepção. Mesmo com a marcação no encalço, tem a capacidade de arredondar o lance para dar sequência. E apesar de exercer bem o papel de pivô em regiões próximas à área, não fica preso somente ali. Durán tem a liberdade de chegar perto da intermediária para colaborar na construção, mas ali seus toques são rápidos e curtos, apenas tendo a atribuição de desequilibrar a organização da defesa oposta.
Sua presença também ganha importância na fase defensiva. A explosão que possui colabora na pressão exercida na saída adversária, além de demonstrar o vigor necessário para perseguições mais longas. Não é raro vê-lo em zonas mais baixas do campo tentando o desarme após acompanhar a subida do rival com suas passadas largas.
Ainda que se leve tudo isso em conta, é fundamental frisar que se trata de um atleta em um contexto de desenvolvimento técnico. No sub-17 da Colômbia, exibe elementos que ainda não conseguiu levar a pleno ao nível profissional, diante das diferenças na velocidade do jogo e no grau geral de dificuldade das competições. Na mesma medida em que desponta com qualidades inegáveis, deixa claro os pontos que necessitam ser refinados.
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A tomada de decisão no último terço e a finalização, por exemplo, precisam ser trabalhadas, apesar de se perceber que Durán não tem medo de buscar o gol com sua perna canhota. Em alguns momentos, sua força também deve ser melhor dosada, sobretudo em situações defensivas. Há ocasiões onde acaba exagerando e provocando faltas desnecessárias, contando também com uma pitada de imprecisão nas suas tentativas de roubada de bola. Mas repetindo: estamos falando de um jogador de apenas 16 anos.
O teto de crescimento ainda é alto para o centroavante. Seja pelo porte físico, pelo uso da perna esquerda ou pela posição, algumas comparações com Romelu Lukaku já tomam forma. Claro que o caminho para atingir o nível do artilheiro belga ainda é longo, mas há potencial para isso. Jhon Durán é um jogador para se ter em conta para os próximos anos.
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