Libertadores 2020/21: O Palmeiras de Abel Ferreira
Com mudança de treinador em meio a temporada, o Palmeiras trouxe Abel Ferreira e busca agora sua segunda Libertadores e tem numa equipe bastante maleável
Em meio a uma temporada atípica devido a pandemia, a Sociedade Esportiva Palmeiras fez algo bastante normal em terras brasileiras: a troca de treinador. O destaque com Vanderlei Luxemburgo mesmo após o título do Campeonato Paulista, as más atuações e reclamações quanto a qualidade do elenco fizeram com que o clube buscasse o português Abel Ferreira, vindo do PAOK.
Antes de seu desembarque em São Paulo, Luís Cristovão escreveu sobre “quem era Abel Ferreira”; um mês depois — e já com resultados iniciais — convidamos especialistas no The Pitch Invaders #189 para falar sobre o Palmeiras.
Num calendário apertado e com as três competições em disputa, não foram muitas as vezes em que pudemos observar uma sequência para o time considerado titular e, também, o modelo principal de Abel Ferreira. Com o melhor ataque da Libertadores e uma das melhores defesas, o Palmeiras para enfrentar o Santos deve iniciar a partida buscando propor o jogo. A curiosidade será como buscará defender o ataque do alvinegro praiano com a zona: linha de quatro ou linha de cinco.
Como defende o Palmeiras
Por se tratar de um treinador bastante maleável, Abel Ferreira já montou o Palmeiras para se defender em diferentes modelos. Desde as pressões mais altas na saída de bola do adversário até linhas mais baixas e esperando a hora certa para contra-atacar.
Independente da altura de marcação, ele é feita de forma mista. O que isso significa? Apesar dos jogadores terem zonas definidas de marcação, não é proibido que hajam perseguições ao rival — desde que dentro do do “quadrante” pré definido. Este modelo beneficia, inclusive, a imposição de toda a linha defensiva alviverde.
Agora, a partir da escalação inicial, há dois jogadores que precisamos observar seus movimentos para definir outra situação: Marcos Rocha e Gabriel Menino. Abel tem se valido da polivalência de ambos os jogadores para defender em linha de 4 ou 5 — o jogo mais emblemático foi contra o River Plate, na Argentina, quando a equipe sofreu nos primeiros 15 minutos e rapidamente o português orientou a mudança.
Ou seja, Gabriel Menino pode ser meio-campista, meia direita ou ala direito; enquanto Marcos Rocha pode iniciar como lateral direito, mas terminar como zagueiro pelo lado direito e assim o Palmeiras pode criar a superioridade numérica no setor defensivo e diminuir os meio espaços e a entrelinha.
Como ataca o Palmeiras
Da mesma forma que no modelo defensivo, o Palmeiras variou ao longo da chegada de Abel Ferreira na forma de atacar. Em muitos momentos foi um time com a posse, mas também foi o time dos ataques rápidos e contra-golpes. Mas vamos começar pela saída de bola.
Como dito acima, Marcos Rocha tem sido uma peça importante nesta ideia. O lateral é o responsável pela saída no lado direito e forma uma linha de 3 com Luan e Gustavo Gómez. No lado oposto, Matías Viña gera amplitude para Rony estar próximo de Luiz Adriano e do gol rival. Ainda há outro jogador muito importante para uma saída limpa: Danilo. O jovem de 19 anos mostrou toda capacidade para sair das zonas de pressão e criar linhas de passes aos companheiros.
No processo criativo da equipe, outro jogador se mostrou fundamental: Luiz Adriano. Além do alto aproveitamento nas finalizações — 46% dos seus chutes se tornaram gols na Libertadores da América —, o camisa 10 alviverde mostrou muita capacidade saindo da área, a média de 0.9 passes chaves por partida lhe garante um top 5 entre os centroavantes do Brasileirão 2020/21. Luiz Adriano se tornou uma peça importante recebendo o passe longo de Weverton para segurar a bola e o time conseguir subir suas linhas ou então para finalizar as jogadas.
O outro jogador — e não poderia ser diferente — fundamental no ataque do Palmeiras é Rony. O ex-Athletico é o símbolo do modelo adaptável de Abel Ferreira. Na Libertadores é o jogador com mais participações em gols na competição com 5 gols e 7 assistências. Quando o time joga buscando as transições, é a principal arma da velocidade e atacando os espaços. Se o time busca o domínio da posse, se aproxima de Luiz Adriano e aproveita as indecisões da defesa quando o centroavante deixa a área.
No mais — e dentro dos movimentos vistos no vídeo acima —, temos os dois meias interiores (Veiga e Zé Rafael). Com a presença do primeiro homem na saída de bola, os dois variam as alturas e, principalmente, Veiga é quem ataca mais a área rival e tem 10 gols e 2 assistências desde a chegada de Abel Ferreira (20 jogos).
“Tem que ver se tenho time para jogar bonito”. A frase de Vanderlei Luxemburgo após a derrota para o São Paulo no Campeonato Brasileiro acabou sendo desmentida por todas as situações vistas acima. O Palmeiras se tornou uma equipe que, através do coletivo, potencializou o individual e fez crescer jogadores antes criticados e agora chega com o sonho do bicampeonato da Libertadores.
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