MINÉRIOS LATINOS
Por @BolivarSilveira A América Latina sempre foi um expoente do futebol mundial. Sediou diversas Copas do Mundo, possui três campeões mundiais e é uma prateleira de promessas. Costumeiramente vemos os craques das nossas seleções desfilando por gramados europeus. Neymar no PSG, Dybala na Juventus, Messi no Barcelona e mais uma infinidade de exemplos. Mas, afinal, […]
Por @BolivarSilveira
A América Latina sempre foi um expoente do futebol mundial. Sediou diversas Copas do Mundo, possui três campeões mundiais e é uma prateleira de promessas. Costumeiramente vemos os craques das nossas seleções desfilando por gramados europeus. Neymar no PSG, Dybala na Juventus, Messi no Barcelona e mais uma infinidade de exemplos. Mas, afinal, de onde surgem esses jogadores? Existem projetos de base na América Latina? Sim, existem e tem clubes que sobrevivem quase que exclusivamente disso. A gente vai te mostrar!
ESTUDIANTES DE LA PLATA
O Estudiantes, como o nome sugere, sempre teve uma presença constante de jovens em seus elencos. Investir na categoria de base faz parte da filosofia dos Pincharratas. A maioria dos ídolos do Estudiantes saíram diretamente de La Plata, e em períodos diferentes. Entre eles Ricardo Infante, Juan Ramón Veron (La Bruja), Juan Sebastian Verón (La Brujita) e Desábato .
Na última década o tetracampeão da Libertadores lucrou 70 milhões de dólares em vendas de jogadores. Nomes como Rulli, Angeleri, Guido Carrillo, Pavone, Marcos Rojo e Federico Fernandez escoaram das águas de La Plata para o Novo Mundo, assim como os minérios séculos atrás. O atual elenco conta com 11 jogadores criados na base do clube.
RACING
O lado azul de Avellaneda tem se sustentado há alguns anos apenas com a venda de jogadores de suas canteras, e não é pouco dinheiro que La Acade vem arrecadando. Somando a venda de Diego Milito, Lisandro López, Maxi Moralez, Mariano Gonzalez, Sergio Romero, Sérgio Martinez, Rodrigo De Paul, Centurión, Roger Martínez, Bruno Zuculini e Luis Fariña os cofres do clube receberam 47 milhões de dólares.
A base do clube, sediada no prédio Tita Matiussi, comandada por Radaelli, Fernández e Traba, busca o crescimento individual do jogador e não se interessa por títulos ou tampouco em padronizar um esquema tático desde as divisões inferiores. Pelo visto o método vem dando certo para a política exportadora. No elenco atual, Zaracho, Mansilla, Lautaro Martinez e Cuadra são os jogadores de destaque. Martinez teve sondagens do Real Madrid, enquanto Mansilla teve oferta formal do Ajax. La Acade segue honrando a alcunha.
RIVER PLATE
Não é novidade para ninguém o potencial dos jovens milionários. Os grandes times do River Plate sempre foram marcados por jogadores criados no bairro de Nuñez. O histórico time da La Máquina, tetracampeão argentino, teve como destaques Di Stefano e Labruna, craques imortais que povoam o imaginário de quem apenas ouviu falar deles.
O River Plate é o maior exportador de talentos do Hemisfério Sul. Importante tanto para seleção argentina quanto para as demais seleções latinas. A Colômbia que o diga. Juan Pablo Angel, Balanta e Falcão Garcia começaram no time da banda roja. Para a albiceleste, o River já cedeu Saviola, Aimar, D’alessandro, Lamela, Mascherano, Driussi, Funes Mori, Gonzalo Higuaín, Gallardo, Crespo, Saviola e tantos outros.
ENVIGADO
Talvez este seja o projeto de revelação de talentos mais reconhecido da América Latina. Os colombianos do Envigado seguem ano após ano colocando jogadores na seleção principal e em clubes europeus. O clube existe quase que fundamentalmente para isso. Não possui um número expressivo de torcedores, nem títulos nacionais na principal divisão.
O presidente do clube, Felipe Paniagua, explicou ao site FutbolRed que o sucesso se deve ao numero elevado de filiais ao redor do país e à filosofia de debutar o jogador até os 16 anos de idade. O Envigado possui 28 anos de fundação e já lançou nomes como: James Rodriguez, Giovani Moreno, Juan Fernando Quintero, Freddy Guarín, Dorlan Pabón e Jhon Córdoba.
DEPORTIVO CALI
Geralmente o time mais comentado da cidade de Cali é o América, quatro vezes vice-campeão da Libertadores. Porém, desde a derrocada do rival à segunda divisão, o Deportivo Cali vem atraindo os holofotes para o lado verde da cidade; e muito se deve aos seus valores da base.
O clube azucarero é o que mais oferece jogadores “próprios” para o time principal no campeonato colombiano – atualmente são 10 no elenco. Não há só quantidade, mas também qualidade na categoria de base. O clube verde e branco foi vice-campeão do Torneio Apertura 2017. Atualmente, Nicolas Benedetti é a estrela dos azucareros, mas de lá já saíram Hárold Preciado, Freddy Montero, Andrés Escobar, Rafael Santos Borré, Mateo Cassierra, Luis Muriel, Abel Aguilar, Cristian Zapata, Jeisson Murillo e Michael Ortega.
GRÊMIO
O clube que revelou Ronaldinho Gaúcho e que quase proporcionou a estreia de Pelé aos gramados profissionais ficou alguns anos com resultados frustrantes na base e aproveitamento pífio de seus jovens atletas. Porém, o sucesso na base retornou. Na Série A 2017 o Grêmio é o clube que mais aproveitou atletas oriundos das camadas inferiores. Muitos destes são essenciais para o desempenho do time e para saúde financeira do clube. Uma grande parte desse ótimo trabalho se deve ao forte processo de prospecção de atletas sub-16, papel que fora desempenhado por Junior Chávare até meados de 2017.
Entre os jogadores que saíram dos campos suplementares do Olímpico estão: Ronaldinho Gaúcho, Douglas Costa, Lucas Leiva, Marcelo Grohe, Luan, Pedro Rocha, Fernando, Anderson Polga, Tinga e Mário Fernandes.
SANTOS
Já que citamos o Rei, é preciso falar do seu Reino. Os meninos da vila renovam geração após geração. Sempre há ótimas safras saindo da Vila Belmiro e costumeiramente surge um craque. Não é qualquer torcedor que pode se vangloriar do seu time ter formado jogadores do quilate de Pelé, Didi, Robinho e Neymar.
O Santos, desde o tempo dos primeiros “meninos da vila”, fomentou a fama de clube formador de craques. A torcida santista se acostumou em ver os jovens jogadores no elenco principal, e desde então cobra a utilização dos garotos. Talvez por essa aceitação das arquibancadas exista uma maior facilidade de adaptação ao mundo profissional pelos jovens atletas. No campeonato brasileiro deste ano o Santos conta com oito jogadores formados em casa. Neste começo de século, a Vila Belmiro já viu sair da base diversos jogadores de qualidade; Ganso, Elano, Diego, Alex e Thiago Maia são alguns deles.
INDEPENDIENTE DEL VALLE
Club de Alto Rendimiento Especializado Independiente del Valle. O nome já elucida como o Independiente Del Valle trata o futebol. Desde 2016 o clube atraiu holofotes internacionais por uma campanha sólida e impensável, que culminou com um vice-campeonato da Libertadores após eliminar Boca Juniors e River Plate na fase de mata-mata.
O projeto do clube vislumbra a formação de jovens com boa técnica e domínio total dos fundamentos do jogo. Geralmente os jogadores da base preenchem 50% das vagas do time principal e a faixa etária costuma ser baixa. Quando o Independiente contrata, busca jogadores jovens para modelagem técnica e revenda. Na atual temporada apenas oito jogadores, de um total de 28, possuem mais de 25 anos. Do elenco, 14 jogadores foram formados no clube. Dali saíram nos últimos anos: José Ângulo, Arturo Mina, Bryan Cabezas, Luis Caicedo, Juan Cazares, Cristian Ramírez, Jefferson Montero, Arboleda e Júnior Sornoza.
EL NACIONAL
Para quem não sabe, o El Nacional é o time das forças armadas equatorianas. Durante toda a sua história o clube foi comandado por generais, brigadeiros e coronéis. Está sediado em Quito, e disputa com a Liga de Quito a supremacia da cidade. Os anos 70 foram o apogeu financeiro e de títulos dos Puros Criollos, década marcada pela ditadura equatoriana que apoiava abertamente o El Nacional. Os anos 80 e 90 também foram de fartura para o quadro de Quito, pois é bom lembrar que, mesmo após o fim da ditadura, os militares continuaram fortes no país. Coincidência ou não, após a eleição de Rafael Correa (político de tendências progressistas e opositor do militares) para presidente Equatoriano em 2007, o El Nacional nunca mais conseguiu ser campeão equatoriano e entrou em forte crise financeira.
Bom, quando falta o dinheiro a saída que os clubes costumam utilizar é a do incentivo e utilização da base. E foi assim que El Nacional tem se sustentado e enfrentado os rivais. Nessa temporada 13 jogadores do elenco principal são da base. Entre eles os três maiores destaques são Bryan de Jesús, Adolfo Muñoz e Jorge Ordoñez. De lá já foram vendidos nomes como Renato Ibarra, Antonio Valencia, Aníbal Chalá e Félix Borja.
HUACHIPATO
Os siderúrgicos do Chile são um exemplo de base forte e prospecção de atletas jovens. O Huachipato se diferencia um pouco dos outros citados. O clube usa como estratégia contratar jogadores jovens, antes do nível profissional, amadurecê-los nas canteras para depois lança-los na equipe principal. Claro que isso de depende de uma ótima prospecção e, por motivos financeiros, o foco geralmente são clubes pequenos de países com pouco poder monetário ou de ligas inferiores em campeonatos mais desenvolvidos. Os casos mais reconhecidos dessa boa prospecção são o de Romulo Otero, jogador do Atlético Mineiro, e Yeferson Soteldo, destaque da sub-20 venezuelana.
Do clube siderúrgico foram formados recentemente Lorenzo Reyes, Carlos Labrin e Martin Rodriguez. No atual elenco, oito jogadores são pratas da casa.
CHIVAS GUDALAJARA
O Chivas Guadalajara é a equipe de maior torcida no México. Uma massiva legião de fãs que costuma ser bastante presente na vida do clube. Entretanto, o Chivas possui um ‘dificultador’: o clube só permite jogadores mexicanos em seu elenco. Assim, uma das soluções para o sucesso é manter uma base sempre forte e competitiva.
No campeonato mexicano deste ano, 13 dos comandados por Matias Almeyda são provenientes das categorias inferiores do rojiblanco. A mais forte base mexicana já revelou para o mundo jogadores como: Omar Bravo, Chicharito, Marco Fabián e Carlos Vela.
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