O Leão busca ressurgir no País Basco
Aos poucos perdendo o status de "melhor time do país basco", o Athletic Bilbao busca se reerguer sobre o comando de Gaizka Garitano
Atualmente, uma das rivalidades mais simbólicas da Espanha expõe duas equipes em momentos completamente diferentes. Athletic Bilbao e Real Sociedad formam o Dérbi Basco na primeira divisão desde 1929 e são duas equipes altamente influentes dentro da La Liga.
A rivalidade entre as duas torcidas é, de certa forma, tranquila, mas sempre com um toque a mais quando se trata dos diretores dos clubes. Entretanto os dois times e suas torcidas estão de fato unidos quando se trata do orgulho basco – o País Basco é uma região que desde muitos anos pretende se tornar independente da Espanha, ocasionando diversos conflitos e que estão cada vez mais perto dos campos de futebol.
Apesar dessa rivalidade menos aflorada, os últimos mercados são bem sintomáticos como um jogador de uma equipe que vai para a outra passa a ser malvisto pela torcida do time que o formou. Bons exemplos são Iñigo Martínez que foi formado na Real Sociedad e atualmente é um dos líderes do Athletic, e também Alex Remiro, formado na base do Athletic e atual goleiro da Real.
O país basco é bastante conhecido e tradicionalmente um dos que mais revela bons jogadores dentro do futebol espanhol. Mesmo assim, já há alguns anos, tanto a Real quanto o Athletic encontram problemas para conseguir desenvolver jogadores de qualidade para o time principal e o desempenho de ambas as equipes foi afetado por conta disso.
Nas tentativas de recuperar esse poder vindo da base, a oscilação acaba por ser comum, principalmente no Athletic que tem uma maior restrição ao contratar jogador. Duas das canteras de mais sucesso no cenário estão bem distantes na tabelada atual temporada, e até então o jogo mudou para ambas equipes.
Nas últimas 10 temporadas a Real terminou abaixo do Athletic seis vezes. Entretanto, nos últimos quatro anos conseguiu ficar acima em três, e esse fato é bastante significativo para o desempenho do Athletic nas últimas temporadas.
O florescer da Real vem atrelado também à irregularidade do Athletic desde que Ernesto Valverde saiu do clube para comandar o Barcelona. Ziganda e Berizzo não conseguiram manter o nível do time — Berizzo foi demitido no fim de 2018 depois de conseguir apenas uma vitória em 14 rodadas. Garitano, mesmo com muitos defeitos, chegou a final da Copa del Rey da última temporada — que não foi disputada em razão da pandemia e dificuldades para encaixe no calendário.
É claro que diversos fatores levam a tamanha desorientação, não só a troca de treinadores, mas é uma constatação clara que nenhum outro técnico tenha conseguido impor seu estilo e levantar ideias competitivas que Valverde conseguiu no seu tempo por lá.
Famoso por sua política de restrição de jogadores, o clube teve em sua base uma grande saída para continuar vencendo e se mantendo no pelotão de cima do campeonato espanhol. Com bons jogadores no elenco, coletivamente ainda é inferior. Iñaki Williams e Unai Simon são dois pilares em cada extremidade e os principais destaques do time até aqui.
Depois de um começo turbulento com quatro derrotas em seis jogos, o time conseguiu vencer o ótimo Sevilla de Lopetegui dentro do San Mamés. E nisso entra outra questão: o fator torcida.
Em sua fortaleza, a equipe faz sempre uma das melhores campanhas em casa de toda a liga. É onde consegue produzir em alta escala e pressionar o adversário nos mínimos erros para conseguir vencer. Sem a torcida, uma parte disso se perde, e com certeza afetam a moral da equipe e dos jogadores em situações específicas.
Outro ponto pouco levantado sobre as inconsistências a partir do ataque é a falta do ídolo Aduriz em campo, e também dentro do vestiário. A falta de um centroavante artilheiro como ele é de fato algo que implica nos rendimentos abaixo nos últimos anos. Mesmo com Raulga e Iñaki produzindo bastante nesse sentido, a equipe ainda sente falta dos gols relâmpagos que um centroavante como Aduriz entregou desde que voltou ao clube em 2012.
Garitano, assim como Valverde, foi treinador da equipe B do Athletic e com nisso vem a confiança da diretoria. Apesar das críticas, tenta encontrar o equilíbrio perfeito para conseguir vencer sem deixar problemas no ataque e na defesa definirem partidas como foi durante boa parte da temporada passada e vinha sendo no começo da atual.
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