O REJUVENESCIMENTO DA MLS
Por Pedro Luis Cuenca Quando falamos de jovens jogadores nos Estados Unidos ou na Major League Soccer, o nome de Freddy Adu rapidamente surge. Com 14 anos, ele assinou um contrato profissional com o DC United e surgiu como a grande promessa que mudaria o futebol no país, sendo chamado, inclusive, de “novo Pelé”. Mais […]
Quando falamos de jovens jogadores nos Estados Unidos ou na Major League Soccer, o nome de Freddy Adu rapidamente surge. Com 14 anos, ele assinou um contrato profissional com o DC United e surgiu como a grande promessa que mudaria o futebol no país, sendo chamado, inclusive, de “novo Pelé”. Mais de uma década depois, ele peregrinou por diversos clubes e países, virou piada e os americanos precisaram aprender a ter cautela antes de cravarem o novo fenômeno do futebol mundial. Nos últimos anos, a liga decidiu abrir a porta para jovens estrangeiro e também revelar, com calma, suas próprias joias.
Após anos contratando jogadores experientes em fim de carreira, a MLS decidiu mudar a visão que todo o mundo tinha da liga. Jovens jogadores, especialmente da América Latina, começaram a surgir nos clubes, com destaque para a milionária negociação que tirou Ezequiel Barco do Independiente, em 2018, e levou para o Atlanta United. O fracasso americano nas Eliminatórias para a Copa da Rússia fez com que as franquias investissem também em academias e categorias de base. Os frutos começam a ser colhidos e podem render ainda mais.
A necessidade de renovação atingiu a seleção estadunidense após a Copa de 2014, quando diversos jogadores importantes começaram a perder espaço no elenco como Donovan, Dempsey, Beasley e Jones. Anos depois, Christian Pulisic surgiu no Borussia Dortmund e rapidamente virou o início de uma longa e complicada modificação. As surras sofridas pelos EUA continuaram, mas outros jovens atletas surgiram, especialmente na MLS.
Franquias como New York Red Bulls e FC Dallas rapidamente apostaram nas categorias de base. Nos últimos anos, os dois clubes revezam para ver quem tem mais jovens atletas em campo, provando que a mudança não é apenas para que os novatos fiquem assistindo os medalhões em campo. A mudança aconteceu pela falta de dinheiro, um problema que acontece também nos Estados Unidos, mas em menor número do que aqui no Brasil, por exemplo. A necessidade em montar um elenco competitivo com pouco dinheiro fez com que alguns times investissem mais na base e, isso, de alguma forma, reflete na seleção americana. No Canadá, outro país que possui equipes na MLS, o cenário é semelhante.
Em 2018, enquanto o Atlanta United trazia Barco por milhões, duas negociações chamaram a atenção dos fãs da MLS. Alphonso Davies, de apenas 1 anos, saiu do Vancouver Whitecaps para jogar no poderoso Bayern de Munique. Tyler Adams, de 20 anos, saiu para o RB Leipzig após se destacar no New York Red Bulls. Ambos, mesmo jovens, já estão nas seleções do Canadá e dos Estados Unidos, respectivamente. Eles fazem parte de uma geração que sai das academias de clubes da América do Norte. Essas academias funcionam como as categorias de base brasileiras, garimpando destaques em peneiras por todo o país.
Na atual temporada, o grande nome que surgiu no futebol dos Estados Unidos é meio confuso de falar e até escrever: Paxton Pomykal. Com 19 anos, o meia-atacante do FC Dallas é a grande sensação de uma seleção carente de ídolos. Atualmente, ele está defendendo os EUA no Mundial sub-20. Com um estilo de jogo cadenciado quando atua como meia articulador, ele também pode ser um jogador explosivo quando é colocado nas pontas. Sua versatilidade é a grande característica que chama a atenção. Capitão da seleção de base, Pomykal é cotado para ser o próximo a sair da Major League Soccer para a Europa.
A Europa, aliás, é o sonho de todos. Alguns já chegaram lá, outros ainda buscam o Velho Continente. Os EUA possuem diversos jogadores jovens em grandes ligas europeias, mas o sonho ainda existe para outros atletas como Djordje Mihailovic (Chicago Fire), Miles Robinson (Atlanta United), Brandon Servania (FC Dallas), Gianluca Busio (Sporting KC), Efrain Alvárez (LA Galaxy) e Reggie Cannon (FC Dallas). Na atual seleção sub-20, por exemplo, 10 atletas são da MLS. Isso prova como a liga mudou sua cabeça para rejuvenescer.
A MLS virou um grande espaço para jovens jogadores. Longe das pressões e tendo a chance de fazer uma ponte para a Europa, várias promessas sul-americanas fizeram as malas e partiram para os Estados Unidos. O movimento rapidamente ganhou força entre a imprensa e os torcedores americanos que, inclusive, criaram o #PlayYourKids para incentivar equipes a colocarem os novatos em campo. O Atlanta United, comandado por Tata Martino, fez bonito e conquistou o título com vários jovens da América do Sul que acabaram ganhando destaque na equipe como Miguel Almirón, atualmente no Newcastle, e Tito Villalba.
As franquias, atualmente, apostam em jovens valores para alcançarem os títulos. O LAFC, time sensação de 2019, tem o jovem Eduardo Atuesta, de 21 anos, comandando a saída de bola. Vindo do Independiente Medellín, o jovem atleta é um dos destaques da equipe comandada por Carlos Vela. Uriel Antuna, mexicano que pertence ao Manchester City está emprestado ao LA Galaxy e chamando a atenção. O jovem Cristian Cásseres Jr saiu do modesto Deportivo La Guaira, da Venezuela, para ser opção no NY Red Bulls.
A MLS ainda é vista como uma liga de medalhões. E com justiça, convenhamos, especialmente quando alguns clubes contratam o quase aposentado Ibrahimovic ou o esquecido Nani. Nos últimos anos, porém, a liga virou uma opção válida para jovens latinos e uma esperança para os atletas americanos que se arriscam em categorias de base ainda modestas. Com ajuda de fora e com uma nova mentalidade, os Estados Unidos buscam se reinventar para evitar novas humilhações, como as recentes que causaram uma grande crise no futebol local. Para salvar a seleção, a base e a MLS podem ser as salvações.
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