Por que o Empoli de Andreazzoli faz um campeonato seguro
Das três equipes que subiram para a Serie A em 2021–22, apenas os toscanos tem um campeonato longe dos perigos de queda, mas por quê?
Nos últimos anos, tem sido forte a tendência de equipes que vem da Serie B italiana sofrerem com a adaptação na Serie A, e o campeonato mostra essa tendência com a campanha da Salernitana, na zona de rebaixamento, e a do Venezia, primeira equipe fora da zona da degola.
Mas uma equipe foge a essa tendência: o Empoli treinado por Aurelio Andreazzoli, que frequenta o pelotão do meio de tabela, e já conseguiu resultados surpreendentes, como vitórias fora de casa contra Juventus e Napoli, além de vitória no clássico contra a Fiorentina e bons jogos diante de Inter e Milan, apesar das derrotas.
O caminho para a salvação sempre será complicado, mas até agora a equipe mostrou coisas interessantes. Em primeiro lugar, o elenco é bastante jovem (tem a segunda menor média de idade na Serie A com 23,8 anos), e vem apresentando uma proposta de jogo bastante eficaz em termos de resultados.
O time toscano tem utilizado nos últimos anos um 4–3–1–2. Mas as semelhanças param por aí, já que sistema de o jogo teve diferentes modelos com vários treinadores, entre eles, Sarri, Giampaolo, o próprio Andreazzoli e Dionisi.
Andreazzoli atualmente não tem titular, mas há algumas cadeiras cativas, como o goleiro Vicario, e os laterais Marchizza e Stojanović. Mas o time tem alguns outros destaques, como o meia Ricci, que está se tornando conhecido na liga como um craque na frente da defesa (o que pode fazê-lo se transferir para o Torino nos próximos dias), enquanto sua posição anterior na mezzala, na linha de três homens é ocupada por Haas.
No ataque, Pinamonti chegou por empréstimo da Inter e rapidamente ultrapassou Mancuso nas hierarquias ofensivas para ser o titular absoluto dos toscanos. O seu parceiro? dependendo do adversário, por um entre Di Francesco e Cutrone, ou mesmo, sendo “Pinagol”, como tem sido conhecido, o único atacante do esquema tático.
O Empoli tem muito menos posse de bola do que na temporada passada pela Serie B, e assim, inevitavelmente, adaptou seu jogo à maior intensidade da Serie A. A equipe azzurri corre muito: é o segundo em média de quilômetros por jogo.
Verticalidade e diagonalidade são os dois principais conceitos subjacentes à fase ofensiva do time toscano: os ataques desenvolvem-se rapidamente, mas o Empoli usa a bola alta quase apenas em situações de paridade numérica na construção baixa, caso contrário tenta passes mais curtos ou médios.
A defesa tem uma boa personalidade na gestão da bola nas zonas recuadas, especialmente os laterais: quando Ricci é marcado homem a homem, cabe a ele fugir à primeira pressão. Nestas situações, o drible é uma jogada frequente, e tanto Marchizza como Stojanovic (além do jovem Parisi, que vem conquistando a vaga de titular que era cativa de Stojanovic) dominaram bem este técnico fundamental, conseguindo abrir o campo para corridas e passes progressivos.
Após a primeira linha de pressão, os dois laterais (especialmente Stojanović) ativam as correntes com as quais o jogo de bola se desenvolve no chão, ou seja, uma série de movimentos coordenados entre um mezzala, um atacante e o meia-atacante, o famoso trequartista.
No início, o jovem Bajrami ocupou a função de trequartista, mas há mais de um mês o dono é Liam Henderson: o escocês é menos técnico e criativo que o albanês, que foi ser seu parceiro na linha de dois homens atrás do centroavante azzurro. Liam garante mais corrida e, também uma maior fluidez ofensiva graças a sua inteligência.
Como alternativa a esse tipo de jogadas, o Empoli explora os movimentos internos e externos dos seus pontas com passes mais longos, em um contexto onde não se usa as combinações usuais de um ataque a dois, portanto, uma certa autossuficiência é exigida de ambos.
A dupla ofensiva que mais rendeu até aqui foi a formada por Pinamonti e Di Francesco, o que garante uma boa cobertura do ataque. O time força a procura dos seus atacantes sobretudo nas transições ofensivas, onde se mantém suficientemente altos para prolongar as linhas de defesa adversária, o que é feito também quando Cutrone está em campo, embora atualmente Andreazzoli opte pelo esquema com um único atacante, sempre Pinamonti.
No papel de meio-campista há facilitadores de jogo: eles sobem e atacam a profundidade para abrir linhas diagonais de passe desde os laterais até os companheiros mais avançados no campo adversário. Em algumas situações, a presença dos meias na grande área poderá ser aumentada para finalizar a ação, uma vez que até agora esta área é mais utilizada pelos atacantes.
O Empoli treinado por Aurelio Andreazzoli tem uma postura defensiva moderadamente agressiva, mas a pressão alta é mais voltada para recuperar a posse de bola do que para criar oportunidades de gol. Vale destacar o texto de Charles Onwuakpa para L’Ultimo Uomo que é referência para este post:
O texto ressalta que os toscanos orientam a posse do adversário para determinadas áreas do campo onde podem ativar pressões individuais (principalmente nas laterais), em que especialmente Ricci tem a tarefa de subir horizontalmente para cobrir as saídas dos meio-campistas, enquanto a defesa trabalha no departamento para encurtar para a frente.
A equipe cobre muito bem as áreas centrais, mas às vezes tem dificuldades para ler as possíveis situações de um terceiro homem; outras vezes, dentro da grande área, os centrais preocupam-se mais com a área do que com o homem e deixam espaços em que é fácil criar situações de finalização muito perigosas.
Como muitas vezes acontece com um meio-campo formado por um losango, o Empoli também é vulnerável a mudanças de jogo se seus oponentes puderem mover a bola rapidamente, não sendo adequado para longas fases de defesa posicional baixa, pois o meia-atacante e os dois atacantes geralmente permanecem acima da linha da bola.
Mas, por outro lado, a forte identidade do jogo e um ambiente propenso a dar espaço aos jovens, tanto os emprestados quanto outros como Viti, Parisi, e muito mais, fazem do Empoli uma das realidades mais fascinantes do futebol italiano e o trabalho de Aurelio Andreazzoli serem um dos trabalhos mais interessantes de se acompanhar.
Todo o trabalho no time toscano faz com que Andreazzoli finalmente seja reconhecido para além da fama de “traghettatore”, como são conhecidos, em referência aos barqueiros que levam os navios de um ponto a outro, os técnicos interinos na Itália, e virando um dos treinadores mais refinados da Serie A, como bem dito no texto de Francesco Girardi para a Rivista Undici, que vale a leitura.
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