QUANDO A HIERARQUIA ENTRA EM CAMPO
Por @RGomesRodrigues Os primeiros minutos do duelo entre Olympique de Marseille e Atlético de Madrid pela final da UEFA Europa League indicavam que o Marseille estava para realizar a partida de sua vida. Com uma boa capacidade de concentração, considerando que o Atlético não se importou em manter a posse em seu controle, a equipe […]
Por @RGomesRodrigues
Os primeiros minutos do duelo entre Olympique de Marseille e Atlético de Madrid pela final da UEFA Europa League indicavam que o Marseille estava para realizar a partida de sua vida. Com uma boa capacidade de concentração, considerando que o Atlético não se importou em manter a posse em seu controle, a equipe francesa mostrou bons momentos ao aproveitar da sua combatividade para recuperar segundas bolas e, a partir daí, construir ataques com a fluidez e ritmo que os caracterizaram ao longo de toda a temporada. A primeira grande oportunidade veio logo aos três minutos de jogo com um passe chave de Dimitri Payet para Valère Germain, que foi a principal chance criada pelo OM em toda a primeira etapa mesmo com os franceses chegando aos 61% de posse.
Como dito, o Atlético não se preocupava em ter a bola em seus pés. Através de ligações diretas, sem a garantia da conquista da posse, pressionava o Marseille desde a base de suas jogadas visando incomodar o adversário para provocar o erro. Sem muito acerto e com pouco interesse de estabelecer ordem por conta de seu estilo, o OM parecia se aproximar mais do gol por somar avanços e finalizações, mesmo estando longe da meta defendida por Jan Oblak, liderados pelo domínio do espaço de Zambo Anguissa e pelas subidas potentes de Bouna Sarr.
Entretanto, os espanhóis seguiram resistindo com firmeza e aos poucos seu plano foi ficando mais claro. Com isso, entre os 21 e os 33 minutos do primeiro tempo, o Marseille sofreu dois golpes. O primeiro veio através de um erro de Steve Mandanda e Anguissa. Sufocados pela pressão do Atlético até a sua defesa, o goleiro francês foi acionado com os pés por Luiz Gustavo. Com um passe mal executado, acabou colocando Zambo Anguissa em dificuldades, que, sem apoios para dar prosseguimento à jogada e pressionado, acabou se equivocando no controle da bola, permitindo assim com que Antoine Griezmann tivesse espaço livre para avançar até a grande área e finalizar com o gol praticamente aberto. Já com o 1 x 0 contra, o segundo golpe nas intenções do Olympique veio minutos depois com Dimitri Payet. Um dos maiores meias criativos da Europa no momento já era dúvida por conta de seu estado físico antes do jogo e, aos prantos, Payet teve que deixar o campo para a entrada de Maxime Lopez.
A troca forçada acabou condicionando para baixo o rendimento do Olympique de Marseille, que perdeu bastante em brilho e demorou para se estabelecer com a posse durante o restante da partida. Com Lopez na base das jogadas, o OM recuperou um pouco da luz em suas saídas em direção ao campo rival, mas a criatividade como um todo desapareceu quase que por completo, já que homens como Florian Thauvin, Lucas Ocampos e Clinton Njie não foram capazes de sustentar o sistema por si só pelos desequilíbrios que causam com a bola no pé, considerando que não foram acionados nas melhores condições.
Sem a força para atacar como em outros jogos, a queda da equipe francesa foi nítida. Buscando uma reação, Rudi Garcia ainda promoveu a entrada de Kostas Mitroglou. Com o grego, o Marseille ganhou um alvo para finalizar seus cruzamentos direcionados à área de Oblak e conseguiu acertar a trave da meta defendida pelo esloveno aos 81 minutos de jogo. Mas, o esboço da reação foi desenhado tarde demais e os madrilenhos já estavam com o título encaminhado, considerando que os ataques do Marseille não estavam sendo executados da forma necessária para causar dano à defesa espanhola e a sua defesa ainda esteve bastante desconexa para conter cada resposta da equipe de Madri, seja no aspecto individual ou coletivo.
Enquanto os franceses mostraram dificuldades para seguir incomodando o rival, o Atlético conseguiu exercer controle sob o adversário para ampliar o placar até o 3 x 0 através da liderança de Griezmann.
Com seus desmarques e toques essenciais para oferecer continuidade às jogadas dos comandados de Simeone, o francês foi chave ao marcar o 2 x 0, após iniciar e terminar uma transição fatal ao finalizar com classe direto para as redes de Mandanda, e ainda esteve na origem do 3 x 0, ao acionar Diego Costa no espaço e ver a bola chegar até os pés do capitão Gabi, que marcou o gol que selou a conquista da Europa League.
É com o trabalho de Simeone que os espanhóis de Madri se caracterizam como uma das equipes mais consistentes da Europa, afirmando tal qualidade com a conquista de mais um título. Pelo lado dos franceses, só resta ao Olympique de Marseille, com seu novo projeto tendo início, observar e aprender com os espanhóis ao ambicionar ser a equipe que o Atlético de Madrid se tornou ao longo destes sete anos.
Comente!