SUBSTITUIÇÃO EM CASA
Por @felipesimonetti O mundo futeboleiro reserva aos clubes certas tarefas. Alguns ganharam o mundo como protagonistas, outros como meros coadjuvantes; contudo, há um pequeno espaço reservado para clubes que não se postam em uma categoria convencional. Como explica o ex-CEO do Barcelona, Fernando Soriano, no excelente livro A bola não entra por acaso, certos clubes são […]
Por @felipesimonetti
O mundo futeboleiro reserva aos clubes certas tarefas. Alguns ganharam o mundo como protagonistas, outros como meros coadjuvantes; contudo, há um pequeno espaço reservado para clubes que não se postam em uma categoria convencional. Como explica o ex-CEO do Barcelona, Fernando Soriano, no excelente livro A bola não entra por acaso, certos clubes são de enorme destaque no cenário doméstico, mas geradores e fornecedores de craques para equipes que alçaram voos maiores e hoje se projetam internacionalmente.
Como já falado, o Southampton é uma equipe referência na arte de contratar. O Mônaco é um outro time que sabe contratar e se reestruturar muito bem apostando em peças novas enquanto ainda não estão visadas. Porto e Benfica também se notabilizam por isso, mas o personagem do post é o Ajax. Protagonista do campeonato holandês, conquistou seu último título da liga na temporada 2013-14 (ponto de partida da nossa análise), mas nem por isso fez campanhas piores, abocanhando a segunda posição em todas as temporadas conseguintes.
A equipe holandesa foi quem revelou ao mundo Luis Suárez, Huntelaar, Cruyff, De Boer e Bergkamp e, nas últimas cinco temporadas, obteve um superávit exorbitante, contando com o déficit apenas na temporada 2015-16. De 2013-14 para cá adquiriram somente seis jogadores por mais de €5M, sendo só dois por mais de €10M (David Neres e Hakim Ziyech, na última temporada). Em contrapartida, as vendas são exorbitantes, tendo 11 atletas vendidos por mais de €5M e seis por mais de €10M (Milik, Cilessen, Bazoer, Blind, Erisken e Davinson Sánchez, sendo alguns até por mais de €20M). Levando em conta os números apresentados pelo Transfer Markt, o clube gastou €72.75M neste período, mas encheu seus cofres com €219.25. Sim, arrecadaram menos de um Neymar, mas o superávit deste período resulta em €146.5M.
Tendo posto esse panorama, é interessante perceber que a capacidade de subsituição dos godenzonen supera a de diversos clubes de ponta. Neste período analisado, em que 30 jogadores foram titulares (considerando a formação para essa temporada como a usada contra o Rosenberg pela ida na Europa League), o Ajax perdeu nada mais nada menos que 18 atletas e somente Veltman e Schöne desta relação se mantém na equipe. Dos que chegaram para substituí-los, dez passaram pela base do clube (sendo oito holandeses, um camaronês e um dinamarquês). Assim, vamos a alguns bons casos de substituições eficientes feitas pela equipe que passou pelo comando de Frank de Boer, Peter Bosz e hoje é comandada por Marcel Keizer:
CILLESSEN – ONANA
O goleiro holandês altamente ativo desde 2013-14 foi recentemente levado pelo Barcelona pela boa quantia de €13M. Contudo, prevendo este movimento, na temporada 2014-15, foi ao juvenil da equipe catalã com €150m para levar o jovem camaronês André Onana. Substituto imediato de Cillessen, o jovem de somente 21 anos fez uma ótima temporada e ajudou na campanha que culminou com o vice da Europa League ao realizar milagres, principalmente contra o Lyon na semifinal.
SANCHEZ – DE LIGT
A transferência do colombiano ex-Atlético Nacional para o Tottenham leva €40M para a Amsterdam Arena após uma temporada brilhante. Sánchez não só ajudava na linha defensiva, como também na proposição de jogo, com a saída de bola, quando encostava inclusive na linha de meias. Davinson Sánchez, de 21 anos, chegou à Holanda por somente €5M, para uma posição que já havia trocado de mãos algumas vezes (sendo Moisander e Riedewald alguns dos donos do setor). Preparado, contudo, o jovem holandês De Ligt já havia subido na temporada passada e deverá ter um papel de destaque na equipe de Keizer.
KLAASSEN – VAN DE BEEK
Davy Klaassen, que também rumou para a Premier League, deverá ser substituído por outra prata da casa. Donny van de Beek começa a temporada como titular e é o mais cotado (devido também a não contratação de um meia) para compor a linha média junto de Schöne e Ziyech. O saldo de todo desse negócio: + €27M, já que tanto Klaassen quanto seu substituto são formados na base do Ajax.
EL GHAZI – NERES
Essa talvez seja a substituição mais curiosa entre as citadas aqui, já que a posição de ponta direita foi ocupada por três jogadores nas últimas quatro temporadas e terá um novo nome para atual. Sempre com olhos apurados, a diretoria do Ajax foi à Inglaterra aproveitar a não-utilização pelo Chelsea do atacante Bertrand Traoré, quando aceitou a proposta de €7M do Lille pelo seu antigo titular, El Ghazi. Ocorre que, após 39 partidas e 13 gols, inclusive em momento decisivos da Europa League, o empréstimo junto aos Blues chegou ao fim e Traoré acabou vendido ao Lyon. O substituto já estava no banco: David Neres, que fechou por incríveis €12M (jogador mais caro trazido nas últimas cinco temporadas) do São Paulo. Curiosamente o saldo bruto é de – €5M.
MILIK – DOLBERG
Arkadiusz Milik, hoje no Napoli, se destacou pela equipe de Amsterdam nas temporadas 2014-15 e 2015-16, e acabou negociado pela incrível cifra de €32M. Em sua passagem pelo clube, o polonês marcou 21 gols em 29 jogos, sendo o terceiro artilheiro da Eredivisie. Contudo, as saudades já estão ficando para trás. O substituto veio da base, mas foi antes garimpado pelos olheiros na Dinamarca. Kasper Dolberg assumiu a posição na temporada passada e completou o brilhante trio de ataque ao lado de Traoré e Younes. Marcou 16 gols na liga nacional e 6 na Europa League, resultando em um ótimo desempenho ainda não carimbado por títulos. O jovem dinamarquês chama a atenção de outros clubes europeus, mas com seus recém completados 19 anos de idade devem fazer com que permaneça Ajax. Tendo vindo da base, as contas fecham em um superávit bruto de €29.2M, com o valor recebido do Napoli descontado pela compra de Milik uma temporada antes (passou uma temporada por empréstimo) por €2.8M do Bayer Leverkusen.
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