A prévia tática dos clássicos das oitavas de final da Copa do Brasil
Com muitos clássicos e confrontos de peso, as oitavas de final da Copa do Brasil prometem ser inesquecíveis. Veja o que esperar dos jogo de maior rivalidade!
A CBF conseguiu o que queria. A novidade do sorteio em pote único, no qual todos os confrontos são possíveis, culminou em uma fase de oitavas de final da Copa do Brasil fantástica, naquela que talvez seja a maior edição da história da competição. Quatro clássicos regionais serão realizados: Corinthians x Santos, São Paulo x Palmeiras, Fortaleza x Ceará e Atlético-GO x Goiás, além de um Atlético-MG x Flamengo de muita rivalidade pela história e pelo elenco atual dos dois clubes. Fluminense x Cruzeiro, América-MG x Botafogo e Bahia x Athletico completam os confrontos cujas partidas de ida serão disputadas nesta semana, entre 22/06 e 23/06, enquanto os jogos de volta serão entre 12/07 e 14/07.
O que esperar dos clássicos?
Corinthians x Santos
O duelo dos alvinegros pode ser dividido em três questões fundamentais: o jogo interior, as transições e o mando de campo. Com um time habilidoso, mas pouco intenso e combativo, especialmente com a possível escalação de Cantillo no lugar do lesionado Maycon, o Corinthians pode encontrar mais espaço para trabalhar a bola na primeira partida, na Neo Química Arena. Jogando fora de casa, o Santos não deve sufocar tanto e vem tendo algumas desatenções na defesa. É o jogo para os meio-campistas do Timão gerarem volume e colocarem os atacantes em situação de vantagem perto da área.
Entretanto, com uma transição defensiva lenta, o Corinthians pode ser castigado pelo veloz time santista, com Marcos Leonardo, Lucas Pires e Ângelo (especialmente no segundo tempo). Falando em lentidão, quem viu a classificação do Santos contra o Coritiba na terceira fase, sabe que o Alvinero Praiano pode transformar a noite do adversário em um terror na segunda partida, na Vila Belmiro, a partir de encaixes individuais muito agressivos, vários jogadores próximos por dentro e muita verticalidade contra um rival pouco intenso.
São Paulo x Palmeiras
Mais um duelo no qual o mando de campo será fundamental (vide a final do Campeonato Paulista) e a postura do São Paulo ditará os rumos do confronto. Jogando em casa e com um estilo de marcação que necessita muita concentração e competitividade, o Tricolor busca subir as linhas com uma defesa individual no setor da bola, para recuperá-la o quanto antes. Na hora de atacar, deve usar a bola longa para Calleri, a disputa pela segundo lance e fazer muitos cruzamentos, tendo até seis jogadores entrando na área. É um modelo de volume, que costuma prevalecer no Morumbi, um ambiente mais propício para a elevação da concentração. Se baixar a guarda, oferecerá muito espaço para o Palmeiras.
Tendo em visto o modelo de jogo do São Paulo e os confrontos recentes entre os times no Morumbi, a expectativa é um jogo de poucas chances. Se o Tricolor abrir o placar, obrigará o rival a se expor e pode deixar a partida mais aberta. Com um empate ou um placar favorável ao Palmeiras, a tendência é de um duelo de ida amarrado, deixando a decisão para o Allianz Parque, onde o Verdão buscará vencer pelo volume e castigar em transições contra um rival mais cauteloso.
Atlético-GO x Goiás
Uma disputa clássica entre o time da defesa e o time do ataque. Antagonistas tanto na rivalidade, quanto no modelo de jogo, Atlético-GO e Goiás farão um embate eterno por vantagens numéricas e posicionais na linha defensiva do Esmeraldino. Jogando muitas vezes no 5-4-1, o alviverde goiano deve ter as linhas bem baixas no jogo de ida, fora de casa, e buscará “lacrar” a grande área com um bloqueio para torná-la impenetrável, além de precisar redobrar a atenção pra não ceder espaço entre zagueiros e volantes.
Por sua vez, o Dragão tem um trio de meio-campo com excelente toque de bola, conta com os pontas se movimentando de dentro para fora e tem a ultrapassagem dos laterais. São cinco jogadores com boa capacidade para jogar em dois toques se aproximando por dentro e até seis chegando na área para finalizar. O ponto de atenção é a transição defensiva deficiente, apesar de o Goiás não ter tantos argumentos no ataque. A velocidade de Maguinho e, principalmente, a precisão de Pedro Raul, atacante com mais de 30% de conversão de suas finalizações em gols, podem ser fatais.
Fortaleza x Ceará
Antes de qualquer organização tática, é um duelo de nervos e de pernas. Após ser eliminado pelo Leão do Pici na terceira fase da Copa do Brasil de 2021, é impensável para o Ceará cair para o maior rival pelo segundo ano seguido. Por outro lado, o Fortaleza está na zona do rebaixamento e vive uma fase difícil, de protestos da torcida e muito nervosismo dentro de campo. Apesar da vitória contra o América-MG no último domingo, o time estava uma pilha e cedeu muitas chances ao adversário.
O duelo de pernas se dará por serem as duas únicas equipes do Nordeste do país na Série A e em competições internacionais. Assim sendo, Fortaleza e Ceará não têm semanas livres para treinos e estão entre as que mais viajam no país. De qualquer forma, pensando em alguns elementos estratégicos, teremos um Vozão muito vertical e capaz de machucar o oponente em movimentos de facão nas costas dos alas rivais, com Vina, Erick e Mendoza (se jogar). Já o Tricolor aposta no lado direito, pela excelente fase de Pikachu, pela característica menos veloz dos jogadores do adversário que podem atuar por ali e pela possibilidade de abrir bem o campo e chegar na área com mais atacantes do que a linha de quatro do Ceará consegue suportar.
BÔNUS: Atlético-MG x Flamengo
Inevitável não projetar o jogo com base na partida entre as duas equipes no último domingo (19), pelo Brasileirão. O Atlético-MG foi bastante superior, anulando um Flamengo bastante lento a partir de encaixes individuais, imposição física e induzindo o time carioca para o lado do campo, dificultando a participação dos jogadores mais talentosos em regiões perigosas do gramado. Ofensivamente, teve bastante liberdade pelos lados, devido a recomposição ruim dos pontas e a passividade rubro-negra.
É difícil, nesse momento, imaginar algo diferente de uma classificação do Galo. O Flamengo deve se apoiar nas poucas coisas que deram certo, como algumas roubadas no campo de ataque com uma pressão mais forte e posses de bola mais longas, nas quais o time se aproximou e conseguiu chegar na área. Uma passagem flamenguista para as quartas de final parece mais possível com o time saindo vivo do Mineirão, para Dorival Júnior, cujo trabalho tem 10 dias, ter um pouco mais de tempo de trabalhar a equipe e redobrar a competitividade no confronto de volta, no Maracanã, daqui três semanas.
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