Diego Alves: a reconstrução da muralha rubro-negra
Após um início difícil com a camisa do Flamengo, a atual temporada para Diego Alves tem sido de redenção
A contratação de Diego Alves na janela de transferências em 2017, teve como objetivo de promover uma mudança de patamar e consequentemente ter um atleta que ofertasse maior segurança na posição. Mas o início vestindo a camisa rubro-negra não foi dos mais fáceis. Nos primeiros meses acompanhou das arquibancadas o Flamengo chegar à final da Copa do Brasil e perder o título nos pênaltis para o Cruzeiro. Pela Sul-Americana, fraturou a clavícula na semifinal diante do Junior Barranquilla e mais uma vez longe da grande área observou a equipe ficar com o vice-campeonato. Retornando aos gramados em 2018, viu a equipe sucumbir nas quatro competições do calendário esportivo: Estadual, Libertadores, Brasileiro e Copa do Brasil.
E diante do clima de terra arrasada que se instaurou no clube, o ambiente ficou ainda mais conturbado quando Diego Alves se recuperou de lesão na coxa e não retornou a titularidade. O goleiro se negou a viajar com o Flamengo para o jogo contra o Coritiba por não aceitar a condição de reserva. Uma saída do clube começou a ser cogitada, tamanha era a insatisfação com o comportamento do arqueiro.
A chegada de Abel Braga ao Flamengo foi fundamental para apaziguar os ânimos exacerbados – que a essa altura já tinha extrapolado para as arquibancadas – e reconduzir a situação para uma solução pacífica e benéfica as partes. A volta à titularidade foi vista com desconfiança por muitos. Mas dentro de campo o desempenho mostrado por Diego Alves referendou a decisão do técnico, que culminou com a conquista do Campeonato Estadual.
A CHEGADA DO MISTER
Após uma conturbada fase de grupos da Libertadores e, início de Brasileiro com um desempenho aquém do projetado. A direção do Flamengo rumou à contratação do técnico Jorge Jesus. O Mister chegou numa fase chave da temporada. Na qual o Flamengo estava nas oitavas de final da Libertadores, quartas de final da Copa do Brasil e necessitava de uma recuperação na Série A. O primeiro jogo do mister, resultou em uma exibição de gala e uma estrondosa goleada de 6 a 1 frente ao Goiás. Neste jogo, Jorge Jesus deu mostras do que seria o Flamengo ao longo da temporada. Porém, a ruptura de ideias entre o antecessor e o sucessor do comando técnico gerou certa instabilidade em algumas partidas. Algo natural. Pois a assimilação de uma nova forma de jogar requer repetição e correção em abundância até que o comportamento seja automatizado.
Nos oito jogos iniciais foram 11 gols sofridos, uma eliminação na Copa do Brasil, uma classificação às quartas de final da Libertadores nos pênaltis e uma derrota acachapante diante do Bahia no Brasileiro. Encontrar o equilíbrio entre um ataque agressivo e uma defesa sólida, fazia-se necessário para que o Flamengo fosse mais consistente nas competições que disputava.
FIEL DA BALANÇA
À procura da batida perfeita, o Mister encontrou em Diego Alves um líder técnico para dar harmonia a melodia que estava ensaiando exaustivamente no CT Ninho do Urubu. Um goleiro que domina amplamente a pequena área e detém um senso de colocação refinado sob à frente da baliza. E além disso, contém um bom jogo com os pés, auxiliando a equipe em momentos de pressão adversária.
Dentro da pequena área Diego Alves possui atributos como senso de posicionamento, explosão, elasticidade, força, impulsão e técnica, que lhe credenciam como um dos melhores da posição no Continente Sul-Americano. Não à toa a média de gols sofridos é inferior a um gol por partida. Mérito de toda a equipe, mas que Diego Alves possui parcela substancial ao executar defesas dificílimas em momentos chaves dos jogos. Como mostra o levantamento realizado pelo Footure Pro, Diego Alves possui um alto número de intervenções difíceis quando o placar da partida está em igualdade numérica. Ou seja, o Camisa 1 transmite confiança para que a equipe seja agressiva e busque amassar o adversário. E como o Flamengo é uma equipe que não diminui o ímpeto ofensivo mesmo vencendo, quando exigido, Diego Alves passa tranquilidade e “garante lá trás” para que Gabigol, Bruno Henrique, Everton Ribeiro, Arrascaeta, Gerson e Arão ampliem o placar.
E como mostra o mapa de calor, o arqueiro do Flamengo não fica restrito à grande área. Pois além das obrigações primárias (defender a meta), Diego Alves faz parte do balanço defensivo do Flamengo. Longe de atuar como um líbero, tal qual Manuel Neuer, Diego Alves tem como função realizar coberturas em zonas mais baixas e próximas à grande área. Além disso, é detentor de um passe refinado que invariavelmente é acionado quando os defensores estão pressionados e sem linhas de passe para frente. E tendo a posse em seus domínios busca dar continuidade a jogada sempre se conectando ao homem-livre, seja com um passe curto ou longo.
No entanto, Diego Alves apresenta um calcanhar de aquiles: a saída de gol. Ao realizar o método observacional de jogo, revelou-se que na maior parte dos cruzamentos Diego Alves sente mais segurança em defender a meta ao invés de interceptar a bola ainda no trajeto. Com isso, uma das principais origens de gols sofridos pelo Flamengo está nas bolas alçadas na área. Somando as origens (Cruzamentos; Escanteios e Falta levantada na área), tem-se 14 gols sofridos em bolas alçadas na área. Ou seja, um percentual expressivo de 40% do total dos gols sofridos pelo arqueiro na temporada.
ORIGEM DOS GOLS SOFRIDOS
- Cruzamentos – 9 gols
- Pênaltis – 7 gols
- Passe + Finalização dentro da área – 7 gols
- Escanteios – 4 gols
- Erros – 4 gols
- Passe + Finalização de fora da área – 2 gols
- Falta levantada na área – 1 gol
- Falta direta – 1 gol
A muralha rubro-negra está de pé, esperando para impedir o avanço dos adversários e com um ataque mortal conquistar os territórios no Brasil e na América do Sul.
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