Com a força do Couto Pereira, o Coritiba fica na Série A
Com um grande campanha dentro de casa e a ajuda de Guto Ferreira na reta final, o Coritiba garantiu a permanência na Série A.
Pela primeira vez desde 2016, o Coritiba conseguiu a permanência na Série A. Rebaixado em 2017, o Verdão só voltou à primeira divisão em 2020, quando caiu novamente, terminando na penúltima posição com 31 pontos. Neste ano, uma excelente campanha no Couto Pereira deixa o campeão brasileiro de 1985 na elite.
Jogando em casa, o Coxa é o sexto melhor time do Brasileirão, com 11 vitórias, quatro empates e quatro derrotas, totalizando 66% de aproveitamento. Depois da chegada de Guto Ferreira para o comando técnico, em agosto, a equipe tem cinco vitórias e um empate em seu território. O ótimo retrospecto é suficiente para amenizar a terrível marca coxa-branca fora de casa: são 15 derrotas, dois empates, só uma vitória e cinco pontos conquistados na quinta pior campanha fora de casa da história da competição.
Pode parecer uma explicação rasa dizer que o ambiente do Couto Pereira compensou as dificuldades do Coxa ao longo do Brasileiro, porém o mando de campo influenciou aspectos técnicos tangíveis da equipe. Frente à sua torcida, o Alviverde arrisca mais passes, trabalha a bola mais rápido, tem mais velocidade para sair de trás no contragolpe e morde mais na marcação.
Após um bom início de campeonato, o Coritiba sofreu com lesões dos atacantes Henan Pérez e Martínez, dos meias Robinho, Andrey, Boschilia e Willian Farias, do zagueiro Henrique e a queda física de veteranos como Egídio e Léo Gamalho. Em meio a essa turbulência, o modelo de jogo da equipe foi ficando descaracterizado, o time alviverde perdeu confiança e passou a dar cada vez mais espaço aos rivais. Amargando uma sequência de nove derrotas em 12 jogos, Gustavo Morinigo foi demitido em 14 de agosto.
O trabalho de Guto Ferreira
Experiente e acostumado a ser o “bombeiro” de equipes na briga contra a degola, Guto Ferreira chegou e fez o que era possível em um time fragilizado emocionalmente e fisicamente: simplificou. A ideia era deixar a defesa mais segura, reduzir os gols sofridos e aos poucos ganhar confiança. E isso foi feito sem mudança radicais na forma de jogar, tanto no ataque, quanto na defesa.
Ofensivamente, a intenção continua sendo usar um jogo direto, com lançamentos nos pontas ou no centroavante. Isso pode gerar jogadas de mano a mano pelos lados ou chances em profundidade depois da famosa “casquinha” do pivô. Os meias seguem se aproximando da bola para triangular pelos lados, porém a diferença está na menor sofisticação das movimentos, tendo em vista que não existe mais a saída de três com os volantes entrando entre os zagueiros e liberando os laterais adotada por Morinigo. Agora, a linha de quatro defensiva permanece montada, protegendo o time de contragolpes.
No momento defensivo, a preocupação de sufocar o adversário no lado da bola, com os meio-campistas se deslocando para criar uma zona de pressão também foi mantido. É fato, no entanto, que a altura do bloco de marcação baixa com maior frequência, com o intuito de diminuir os espaços nas costas dos zagueiros. Sem característica para morder o tempo todo, o Coritiba opta por esperar mais e rebater bolas no campo de defesa em boa parte dos jogos.
Não podemos deixar de citar algumas mudanças promovidas por Guto Ferreira, com a entrada de Chancellor na zaga, Natanael na lateral-direita, Rafael Santos na esquerda, Galarza no meio e Cadorini no ataque. A opção por atletas mais jovens aumentaram o vigor da equipe e corrigiram o baixo rendimento físico de veteranos que sentiam a reta final da temporada.
Muito pode ser melhorado em 2023, em termos de qualidade do elenco e também no jogo coletivo do time. O Coritiba precisa trabalhar a bola com mais naturalidade, reduzindo erros de passe e aumentando a quantidade de movimentos padronizados perto do gol, para não depender simplesmente da inspiração dos atacantes. De qualquer forma, o momento é de celebrar a permanência e a consolidação da equipe na primeira divisão.
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