Com muita organização, o Juventude vai resistindo no Brasileirão
Com um elenco curto, orçamento baixo e muitos percalços ao longo do campeonato, o Juventude vai resistindo no Brasileirão a partir de muita organização e bom uso das características dos jogadores.
De volta à elite do futebol nacional após 13 temporadas, o Juventude era apontado como grande candidato ao descenso em 2021. Em 14° lugar na tabela, três pontos acima da zona do rebaixamento, tendo um dos menores orçamentos da competição, o Ju tem feito um Brasileirão de resistência. Além da força mental para superar as dificuldades até aqui, o clube tem um modelo de jogo e um elenco bastante compatíveis e é bem organizado.
O técnico Marquinhos Santos gosta de um jogo de maior posse de bola e ocupação de espaços no campo de ataque. Apesar de não contar com jogadores de grande nível, tem bons passadores em todas as posições as posições e lê muito bem as características dos atletas. Ciente da velocidade de seus pontas e da necessidade da equipe se proteger defensivamente, o treinador aposta muito nos lados do campo.
Os princípios de jogo do Juventude de Marquinhos Santos
O Juventude parte de um 3-4-2-1 para atacar, com William Matheus, o lateral-esquerdo, ficando alinha à zaga no momento de iniciação das jogadas, fortalecendo o balanço defensivo e facilitando a melhor ocupação do campo de ataque. As alas são exploradas pelo ponta-esquerda, normalmente Sorriso e pelo lateral-direito, seja ele Michel ou Paulo Henrique. No meio, Dawhan e Jadson tem boa capacidade de inversão de jogo, colocando os atletas de lado de campo em condições de vantagem para cruzar.
Mais avançados, Guilherme Castilho, o terceiro homem de meio e o meia direita, que pode ser Wescley ou Wágner, tem maior liberdade de circulação e se aproximam de Ricardo Bueno. A chegada desses três para finalizar os cruzamentos é uma grande arma do Jaconero devido aos ataques pelos flancos.
Para defender, o time apresenta dificuldades de marcar os lados e pressionar a bola com frequência, Por isso, acaba sofrendo quando desce o bloco de marcação. A solução encontrada é alternar uma defesa média ou mais alta, para dificultar a troca de passes do adversário desde o início, o afastando do gol. Assim, muitas roubadas de bola foram feitas, a exemplo de um dos melhores jogos da equipe no Brasileirão, no empate contra o Corinthians, na Neo Química Arena.
Os percalços
Acima foram listados alguns padrões da equipe, como o Juventude busca jogar. Entretanto, o clube tem um orçamento reduzido, não está radicado em uma capital, tampouco possui um elenco farto em opções e qualidade. Dessa forma, nem sempre o modelo de jogo é executado de maneira consistente e sofre com muitos empecilhos.
Em primeiro lugar, a perda de nomes importantes no elenco. Após marcar sete gols em 12 jogos, o centroavante Matheus Peixoto foi vendido para o Metalist da Ucrânia, levando consigo um grande poder de decisão e muita força física. Sem o mesmo poderio físico e com boa movimentação, Ricardo Bueno foi buscado no Operário-PR e já deixou cinco tentos em oito partidas.
Superada a dificuldade da perda de seu principal atacante, outro grande problema apareceu: a indisciplina. Alyson, Matheus Jesus e Paulinho Boia, uma das referências ofensivas depois da saída de Matheus, foram afastados por descumprirem os protocolos de prevenção à COVID-19. O primeiro já foi repassado ao Sampaio Corrêa, enquanto os dois últimos têm futuro incerto.
Mesmo sem Bóia, o Juventude venceu o Santos por 3 a 0 e saiu de uma sequência de seis jogos sem vitória. E aí entra mais um obstáculo do time: a ineficácia. Muitas chances perdidas nessas partidas – contra Corinthians e Cuiabá, por exemplo – impediram o clube a ter uma maior pontuação. Contra o Peixe, no último domingo, o Ju fez três gols em seis finalizações, mostrando como poderia ter uma vida mais fácil se tivesse um pouquinho mais de qualidade e calma na hora de decidir os jogos.
De qualquer forma, apesar das muitas dificuldades de se enfrentar uma Série A com orçamento reduzido e pouco experiência na competição, o Juventude vai resistindo com muita organização, boa leitura das características do elenco e uma generosa dose de força mental. Faltam 16 rodadas.
Comente!
1 comentário
Pra mim é um dos melhores times no quesito estádio (junto ao Athletico-PR), pois tem um estádio onde faz um frio absurdo [Difícil para quase todos oponentes de enfrentar, visto que a maioria dos times do país vive em zona tropical), e tem um gramado muito bom também.
Acho que é um time guerreiro, porém também é extremamente limitado e vejo como não apenas candidato, mas praticamente já certo rebaixado nessa Série A atual :(. Uma pena!