Como é difícil ser quem se quer ser - o caso do FC Porto
O FC Porto já perdeu pontos e Sérgio Conceição ameaça perder a cabeça. Problemas de identidade numa equipa que precisa fechar o mercado para se apresentar na melhor força.
Início de temporada conturbado no Estádio do Dragão quando tudo prometia alguma tranquilidade e conforto na manutenção da estrutura dos azuis e brancos com vista à nova época. À partida, a manutenção de Sérgio Conceição parecia prometer uma linha de continuidade que, mesmo não tendo conquistado os principais títulos no futebol português, vinha de uma época de afirmação na Champions League e poderia aproveitar um conjunto de jogadores que veio crescendo no seio do plantel.
Este era o momento do FC Porto dar um passo seguro na aposta na sua formação, onde vários jogadores continuam a apresentar potencial para crescer e transformar o futebol da equipa. Sérgio Conceição, não sendo o elemento ideal para essa condução, por aquilo que o vimos fazer nas últimas temporadas, conquistou um capital de simpatia junto dos adeptos e mostrou ter a capacidade para transformar fraquezas em forças que o colocavam como uma aposta segura.
E no entanto…
A equipa do FC Porto tem apresentado um futebol titubeante neste início de temporada e já perdeu pontos na corrida frente a Benfica e Sporting, depois de na derradeira jornada não ter ido além de um empate frente ao Marítimo. Os sinais de fragilidade já tinham ficado claros quando, em Famalicão, a equipa viu-se a vencer pela margem mínima e se salvou de uma segunda parte pouco conseguida com um fora-de-jogo de Bruno Rodrigues num lance que poderia ter dado empate. Na Madeira, o quadro foi ainda pior. Depois de uma primeira parte dominadora, um erro antes do intervalo deu golo para o Marítimo e a segunda parte foi péssima.
A manutenção de várias questões sobre a face final do plantel parecem continuar a pesar junto de Sérgio Conceição e dos seus jogadores. Jesús Corona e Sérgio Oliveira têm começado no banco, depois de terem sido figuras na época passada, esperando que ainda possam sair para outras paragens, e contratações de peso, como o caso de Pepê, que custou 15 milhões de euros, também demoram a reivindicar-se, estando tapado por Luis Dias no onze azul e branco.
Sérgio Conceição a tapar o sol com uma peneira
As reações de Sérgio Conceição acabam por não ajudar na forma como a equipa deveria abordar estas dificuldades. Em Famalicão, nos momentos finais, estalou em conflito com o diretor Luís Gonçalves, no banco, onde se percebeu claramente que a situação entre treinador e direção está longe de ser tranquila. O técnico esperaria, provavelmente, outra capacidade para fechar as lacunas no plantel.
Na Madeira, no final do encontro, chamou à conversa um suposto ADN Porto presente “num dos melhores jogos dos últimos quatro anos” (palavras do treinador), quando claramente isso não se viu em campo. Com os conflitos de discurso vai conseguindo tapar o sol com uma peneira, mantendo-se a evidência de fragilidades que precisam de resposta até ao fecho do mercado, de forma a que o Porto não fique já longe de poder competir pelos objetivos a que está obrigado a candidatar-se.
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