Como joga o Vitória de Dado Cavalcanti?
O treinador começa a criar uma identidade de jogo no Vitória
Anunciado ainda no final de dezembro, após o rebaixamento à Série C e a eliminação na pré-Copa do Nordeste, Dado Cavalcanti, iniciou o trabalho tão logo que desembarcou em Salvador. E mesmo estando a menos de 30 dias operacionalizando os treinos, alguns conceitos de jogo começam a ganhar forma no Vitória.
A criação de um padrão de jogo em poucos dias, é uma marca da metodologia de treino do novo treinador do Vitória. Em apenas duas partidas pelo Campeonato Baiano já foi possível identificar alguns princípios de jogo que vão nortear a condução da equipe na atual temporada.
Em organização ofensiva é possível ver que a concepção de jogo de Dado Cavalcanti contempla detalhes da saída de bola até o momento de finalização. Na saída de bola, por exemplo, Dado estrutura a equipe para realizar uma saída de 3 com um dos volantes recuando até a linha dos zagueiros. Dessa forma, busca ter superioridade de atletas na primeira fase de construção ofensiva.
No instante que os zagueiros ou o volante estão fazendo o manejo da bola, os demais atletas ocupam os espaços definidos previamente pelo treinador. Os laterais ficam abertos rente a linha lateral (amplitude), o outro volante e o extremo ficam posicionados nas costas dos atacantes adversários. E os atacantes juntamente ao meia-atacante ocupam o corredor central entre as duas linhas de quatro do oponente.
A segunda fase de construção pode acontecer pelos corredores laterais através de tabelas e movimentos de apoio e infiltração. Ou até mesmo ser suprimido e não acontecer. Dessa forma, o Vitória busca realizar passes longos em diagonal com destino ao lateral-direito ou ao centroavante. E a partir da vitória na disputa de 1º bola, a equipe tenta acelerar a jogada e finalizar o mais rápido possível.
O momento que antecede a finalização também tem influência do técnico Dado Cavalcanti. Uma vez que, o Vitória alcança o terço final de campo e se prepara para concluir a jogada, a “regra” é ter no mínimo três jogadores dentro da grande área. E esses jogadores não se distribuem aleatoriamente. Dado Cavalcanti pede que os atletas ataquem três espaços: primeira trave, marca do pênalti e segunda trave. Assim, a equipe terá maiores chances de concluir a jogada.
Mas se o Vitória não conseguir concluir a jogada seja por erro individual, coletivo ou por mérito do adversário, Dado Cavalcanti, possui um mecanismo para tentar recuperar a posse de bola instantes depois que foi perdida: pressão pós-perda. Por ter uma equipe que ocupa muito bem cada espaço do campo, ao perder a bola o Vitória já tem alguns atletas capazes de fazer a pressão e fechar linha de passe.
Dessa forma, retira tempo e espaço do adversário induzindo-o a tomar uma decisão sob pressão. O que favorece a recuperação ainda no campo de ataque. Ao ter a bola novamente, o Vitória aproveita que a equipe adversária está desorganizada e procura aproveitar os espaços e concluir rápido a jogada ofensiva. O gol contra a equipe da Juazeirense nasceu de uma pressão pós-perda.
Caso não tenha êxito na retomada de bola, Dado Cavalcanti instrui aos jogadores que retornem as posições iniciais para se organizar no campo de defesa e a partir desse instante iniciar investidas para recuperar a posse de bola. Em bloco baixo, o Vitória se posiciona no 4-4-2 e utiliza alguns encaixes de marcação no setor da bola. Ou seja, se a bola está com o lateral adversário, ele e os demais atletas que são opções de passe terão um jogador bem próximo para que não receba a bola. Dessa forma, Dado Cavalcanti cria uma zona de pressão intensa para dificultar a progressão do oponente.
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