Hazard, Griezmann e João Félix: os principais centuriões do futebol espanhol contemporâneo — Hazard
Atlético de Madrid, Barcelona e Real Madrid. Os três espanhóis fizeram contratações de impacto no mercado. Neste primeiro texto, vamos falar sobre Eden Hazard
Na década passada, acompanhamos o futebol com um mercado cada vez mais inflacionado. Diversos fatores influenciam no valor de um jogador e como o time lida com isso é a principal questão, principalmente nos últimos anos. As 10 transferências mais caras da história do futebol aconteceram na última década e no verão passado os três principais clubes espanhóis abriram o cofre para contar com novos craques os colocando dentro dessa lista. Durante essa série iremos falar especificadamente sobre Eden Hazard, Antoine Griezmann e João Félix.
É inegável que Hazard e Griezmann são jogadores já consolidados dentro do cenário e seus valores não são tão questionados de primeiro momento. Com 19 anos na época, João Felix tinha uma grande projeção de carreira e demonstrava que um retorno imediato não seria um problema tão grande também. Entretanto seu valor foi bastante discutido.
Ao fim da temporada como foi o desempenho de cada um? Corresponderam ao investimento? Como foi a adaptação dos três em seus respectivos times? O que o contexto pode justificar? Nessa série vamos analisar e responder essas perguntas.
Eden Hazard
Desde a saída de Cristiano Ronaldo em 2018, o Real Madrid buscava um novo craque para suprir o personagem do português dentro e fora de campo. Nessa ideia, o antigo sonho Eden Hazard foi contratado por 100 milhões de euros e chegou para comandar a equipe ao lado de Benzema.
Após uma temporada brilhante com os blues, Hazard saiu pela porta da frente do Stamford Bridge. Campeão da Europa League fazendo dois gols na final, o belga terminou a temporada mais goleadora (21) da sua carreira em alta e pronto para ajudar Zidane.
O interesse mútuo facilitou ainda mais a negociação – além do jogador ter apenas um ano restante no contrato. Sua boa relação com o Chelsea fez com que aceitassem a saída e a oferta merengue – que convenhamos foi ótima para o clube inglês em vista que poderia perdê-lo de graça no ano seguinte.
Imaginando que chegaria ao maior clube do mundo para cooperar com Benzema no último terço, o jogador decepcionou em sua primeira temporada como madridista. Sua adaptação ao time e também a uma nova liga se tornou ainda mais difícil por toda a questão física – além do tático.
Depois de uma pequena lesão muscular que o deixou fora por três jogos, Hazard finalmente conseguiu ter um impacto dentro de campo. Com uma sucessão de boas partidas pela liga, apesar de não se envolver diretamente em gols, a regularidade idealizava que o melhor estaria por vir. Sua partida na vitória do Madrid contra a Real Sociedad foi sua melhor performance –individualmente falando – e na véspera de um jogo importante contra o PSG pela Champions League.
Contra o PSG fez uma partida interessante em vista do que a equipe construía, mas depois de uma entrada de Meunier acabou se lesionando. De primeiro momento o camisa 7 iria se recuperar em menos de um mês, mas a real gravidade da lesão o fez ficar fora por mais de 70 dias. Seu retorno não foi dos melhores. Depois de dois meses sem jogar voltou a sentir o tornozelo novamente e uma nova lesão foi detectada. Conclusão no momento: temporada para esquecer e a ideia era se recuperar para chegar bem fisicamente para a próxima, porém o futebol europeu foi paralisado por conta da pandemia.
Depois de passar pela cirurgia no começo de março, o jogador voltou a treinar junto com seus companheiros quando os treinos em grupos voltaram a ser permitidos. Aparentemente 100% recuperado, o ideal seria ganhar ritmo na fase final da liga, ajudando o time a conquistar o título e chegar bem para tentar reverter o resultado contra o Manchester City pela Champions League.
Pensando em todas as expectativas, não conseguiu superar nenhuma. Seu impacto, mesmo que fique claro a importância do jogador em campo, era mínimo. O Real Madrid conseguiu ser campeão espanhol sem precisar exclusivamente de Hazard, o que fica claro como a presença do mesmo facilitaria as coisas. O elenco conseguiu superar os adversários, e com as rotações de Zidane o detrimento em relação ao belga não foi tão sentido como se imaginava.
O padrão para uma superestrela que brilhou tanto na última década não é esse. E é claro que, independente do desempenho coletivo, se tratando de um jogador como Hazard a questão individual incomoda mais do que tudo. A forma como jogava, absurdamente contido, tímido, seja por instruções ou por receio em se lesionar novamente… Como um top 3 playmaker do mundo conseguiu chegar nessa situação? E como o contexto, porte físico, lesões e recursos táticos implicam nisso? A verdade é que os problemas físicos resumem tudo, mas as resistências técnicas também são um problema evidente.
A necessidade que Zidane vê em pontas abdicarem de situações sem a bola prejudica o desempenho do mesmo no após – e isso vale também para Vinícius e Rodrygo. Geralmente perdem posicionamento, arrancadas e dribles são colocados em segundo plano por conta da transição defensiva, o adversário oferece um poder de marcação maior, reduzindo espaços e abusando do combate. A diferença e o ponto principal nessa atribulação é que Hazard nunca foi um primor físico ou algo do tipo, mas o declínio na atual temporada foi marcante para desempenhos tão abaixo do que poderia.
A questão é: Zidane conseguirá recuperar o melhor dele potencializando sua melhor característica? Essa adaptação ao que o técnico quer e o que o jogador pode produzir é bastante controversa. A ideia de limitar um jogador em busca de um modelo, um padrão ou um princípio é uma grande problemática do Real Madrid nos próximos anos de Hazard no Santiago Bernabéu.
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