Liderança do Santos chega a partir de melhora defensiva
A defesa do Santos melhorou, as primeiras mecânicas ofensivas começam a aparecer e mostram a possibilidade de um Peixe mais competitivo para o resto da temporada.
Fabián Bustos estreou pelo Santos no dia 8 de março contra o Fluminense-PI na Copa do Brasil. Precisou brigar contra o rebaixamento no Paulistão, lidar com desfalques e recebeu alguns reforços para encorpar um elenco, até então, muito curto. Com quase dois meses de trabalho e a liderança do Brasileirão após três rodadas, as ideias do treinador argentino começam a aparecer e mostrar que o time da Vila Belmiro pode ter um norte na temporada.
Tendo sofrido 19 gols em 12 jogos no Campeonato Paulista, a primeira missão de Bustos foi arrumar a defesa, mesmo que isso signifique abrir mão da ofensividade marcante nos principais times da história do Santos. Além de ter recebido o reforço de Maicon para a zaga e dois volantes de maior pegada na marcação, como Rodrigo Fernández e Willian Maranhão, o argentino não tem problemas em baixar as linhas e marcar a partir do meio-campo contra adversário de maior posse de bola ou com a vantagem no placar.
Como é comum na América do Sul e característico de Bustos, o Santos vem utilizando encaixes curtos na hora de se defender. Ou seja, se o adversário entrar no setor de um santista, deve ser acompanhado até invadir a região de outro jogador. Cada um protege o seu quadrado. A boa execução desse sistema é muito útil para cortar as linhas de passe curto do rival, forçando bolas mais arriscadas e, consequentemente, erros. Por isso, o Peixe só sofreu um gol (em pênalti mal marcado) em três jogos no Brasileirão.
A evolução do Alvinegro Praiano nesse aspecto é visível com o passar do tempo e o ganho de confiança. As oscilações na agressividade da marcação são menores, ainda que sigam acontecendo e os laterais recebem mais ajuda dos atacantes e dos volantes. Falando nesse crescimento, ele foi muito visível na última partida do Peixe, contra o América-MG, no último domingo (24). Se antes os atletas demoravam a sair de trás e Ângelo puxava contragolpes sozinho ou Marcos Leonardo travava uma batalha solitária contra os zagueiros, na rodada passada vimos uma transição ofensiva bem mais rápida e agressiva, com mais gente chegando na área, vide o segundo gol do volante Zanocelo.
Além de seguir evoluindo nos aspectos citados acima, é importante que o Santos ganhe maior fluidez em sua fase ofensiva. A proposta é clara: aproveitar ultrapassagens dos laterais e a velocidade de Ângelo, deixar os meias próximos da bola e triangular até chegar no gol ou inverter a bola para o flanco oposto, mais vazio. Esse processo ainda é lento e mostra a necessidade de mais tempo para que os jogadores joguem em dois toques e interpretem os movimentos dos companheiros com maior naturalidade. Não podemos deixar de citar as bolas longas para a dupla de ataque, que correm nas costas das defesas.
É importante manter os pés no chão para que o ambiente na Vila Belmiro não seja atrapalhado por expectativas irreais. O Santos é líder, começa bem o campeonato e demonstra que pode ser competitivo dentro das partidas para fazer uma Série A mais tranquila que o esperado no início da temporada. Mas ainda há muita bola para rolar e é preciso ter convicção no trabalho em desenvolvimento nos momentos de oscilações.
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