O adeus de David Villa
Com carreira vitoriosa, espanhol se despede do futebol aos 38 anos numa carreira marcada por títulos e muitos gols.
É bem provável que El Guaje não tenha sido o melhor atacante na história da Espanha – posto que disputou com Raúl González e Fernando Torres. Apesar disso, a história (e o campo) trata de colocar Villa em seu posto: atacante mais determinante da Roja. É o maior artilheiro da Seleção com 59 gols em 98 jogos.
“Sempre disse a mim mesmo que prefiro deixar o futebol antes que o futebol me deixe”
Com passagens marcantes por Valencia, Barcelona e Atlético de Madrid, Villa foi um atacante que se adaptou aos contextos onde estava inserido para melhorar as equipes por onde passou. Entre as principais qualidades do asturiano¹, a agressividade ao atacar espaço, finalização a qualquer distância, dribles curtos, inteligência para aproximações ou então achar seus companheiros, sempre estiveram presentes em seu repertório. Além disso, tinha muita agilidade para achar espaços e finalizar.
UMA GERAÇÃO VENCEDORA
Antes de conquistar a Copa do Rey 2018/2019, a última grande conquista do Valencia havia sido em 2008/2009. Naquele grupo, além de David Villa, estavam presentes Raúl Albiol, Marchena, Baraja, David Silva, Juan Mata e Joaquín. A equipe de Ronaldo Koeman, à época, atuava no 4-2-3-1 e a estrela da equipe ainda era o atual camisa 21 do Manchester City.
O seu período no Mestalla foi marcado por gols… muitos gols. Foram 166 jogos e 107 marcados com a camisa de Los Ches. Villa era um jogador terminal: finalizava as chances criadas pelo trio de meias e, não por acaso, brigou pela artilharia da Liga em diversos momentos. Ali surgiu o interesse do Barcelona.
A FLECHA DO ARCO
O apelido “Fúria” sempre existiu pela garra dos espanhóis dentro de campo. Afinal, em tantos anos, apenas um título de Eurocopa ate 2008 trouxeram está pecha de perdedores. O gol de Fernando Torres contra Rússia mudou tudo.
Na equipe de Vicente del Bosque que, para muitos, era uma equipe “chata” e que ficou marcada pelo tiki-taka. Ou seja, um estilo com posse de bola mais defensiva. Então surge a importância de Villa. Ele era a transgressão do sistema, a agressividade em meio a calmaria, os gols em meio o domínio. Foi assim durante todo Mundial de 2010 em que foi o artilheiro da Roja.
A MELHOR EQUIPE DO SÉCULO
Sua chegada ao Barcelona não era de incertezas, mas dúvidas quanto ao seu posicionamento, tendo em vista que Lionel Messi atuava cada vez mais centralizado e Ibrahimovic (um centroavante mais fixo), não havia dado certo. A história mostrou que os €40 milhões foram pouco para sua importância.
Atuando aberto pela esquerda, potencializou ainda mais a equipe de Pep Guardiola por sua entrega, dedicação e, claro, capacidade de agredir os adversários com gols e assistências. Apesar de partir da extrema, ele sempre estava próximo da área, tendo em vista que Messi recuava bastante na função de falso 9.
Dentre tantas atuações memoráveis contra o Real Madrid, por exemplo, o gol na final da Champions League, em Wembley, ficou para memória. Além do mais, em Barcelona, tinha a maioria de seus companheiros de Espanha. O entrosamento nunca foi um problema.
CORAJE Y CORAZÓN
O lema do Atlético de Madrid se encaixa muito na índole de David Villa. Um jogador que nunca se escondeu em momentos importantes e, que assim como na sua despedida, sabia a hora de mudar os ares. A chegada nos Colchoneros foi fundamental para Diego Simeone naquele que seria seu Atlético mais competitivo.
Com mais liberdade do que nos tempos de Barcelona, atuava como um segundo atacante no 4-4-2 da equipe. Nunca abdicou de defender sua própria área quando necessário, mas seu poder finalizador ainda estava lá. Apesar de menos gols (13 em 32 partidas), decidiu diversos embates naquela Liga 2013/2014.
Uma temporada onde desfrutou de um estilo diferente, mas que mostrou mais do que sua capacidade ofensiva e dentro de campo, mas a liderança dentro daquele grupo com Godin, Filipe Luis, Koke e Diego Costa.
No fim, passagens por New York City, Melborn City e Vissel Kobe aumentaram sua representatividade fora da Espanha. Um atacante que nunca esteve nos holofotes, mas que na história marcou uma geração. Obrigado por tanto, El Guaje.
¹Astúria é um principado localizado ao norte da Espanha
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