O que explica as goleadas do Flamengo com Renato Gaúcho?
Solto, confiante e confortável, o Flamengo impressiona em seus primeiros jogos sob o comando de Renato Gaúcho. O que mudou?
Quatro vitórias, 15 gols marcados, dois sofridos e o melhor início de um técnico pelo Flamengo no século. Esse é o começo da trajetória de Renato Gaúcho na Gávea. Para além dos números, vemos uma equipe muito mais confortável, agressiva e competitiva em campo. O que mudou?
Em primeiro lugar, a marcação pressão do Flamengo vem sendo muito bem feita. O rubro-negro encaixa no campo de ataque e dificulta muito a saída de bola do adversário, provocando erros ou o chutão do oponente. A consequência disso é um alto volume de jogo e, em diversos momentos, a recuperação da posse em áreas privilegiadas do gramado. A lógica da pressão se aplica também às transições defensivas flamenguistas, inconstantes com Rogério Ceni e melhores até aqui com Renato. Matar contragolpes rivais na raiz através do pós-perda é mais um elemento importante para atacar bem quando a intenção é ser propositivo.
Falando em transições, o contra-ataque do Flamengo é extremamente perigoso há anos e segue muito bem. O time carioca tem em Bruno Henrique um excelente escape pelo lado esquerdo, porém sobra qualidade técnica para o rubro-negro trocar passes curtos e rapidamente acionar Gabigol por dentro, em profundidade. Bahia e Defensa Y Justicia que o digam.
A melhora do clima no elenco é perceptível em campo com esse desempenho mais solto e confiante do Flamengo. O desempenho assombroso de Bruno Henrique nas últimas duas partidas e o crescimento de Michael são bons exemplos do bom momento psicológico da equipe. Além disso, Renato fez alguns ajustes pontuais como o sistema de marcação por encaixes, Arão na saída de três ao invés de Filipe Luís e maior liberdade posicional.
Esse dois últimos aspectos se assemelham ao que Jorge Jesus implementava no histórico ano de 2019. O Flamengo de JJ está no passado e o rubro-negro já foi campeão após a saída do português, a intenção aqui não é comparar equipes ou cobrar um rendimento parecido, porém ao utilizar alguns mecanismos que remetem ao time de dois atrás, Renato deixa seus jogadores mais confortáveis.
É interessante perceber como os atletas parecem mais confortáveis com a maior liberdade dentro de campo. O Flamengo não promove trocas de posições incessantemente, porém os jogadores tem bastante autonomia para se aproximar, principalmente pela direita com Isla, Everton Ribeiro, Arrascaeta e Gabigol caindo por ali. Mas o principal é a intensidade e confiança com que o rubro-negro está atuando em fase ofensiva. Os jogadores dominam driblando o marcador no primeiro toque, rodam a bola com bom ritmo, invertem o lado da jogada frequentemente e não hesitam em atacar o espaço.
Se tudo isso é um choque inicial pela chegada do novo comandante ou de fato o time carioca terá esse ótimo desempenho regularmente, o tempo vai dizer. As dificuldades no primeiro tempo contra o São Paulo no último domingo, quando o Flamengo encontrou um oponente mais qualificado, com um contra-ataque muito veloz e uma marcação intensa, nos mostram que, obviamente, é preciso seguir evoluindo. De qualquer forma, o flamenguista tem motivos para estar muito otimista.
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