Os destaques da fase de grupos da Euro sub-21

A fase de grupos do torneio de base mais importante da UEFA entregou um alto nível de competição, com boas equipes aparecendo e talentos individuais se destacando.

A Euro Sub-21 é o principal torneio de base da UEFA. A competição bienal, realizada neste ano na Romênia e na Geórgia, reúne jogadores de até 23 anos pois considera o ciclo sub-21 baseado no início das eliminatórias. Por esse motivo, o torneio conta com diversos nomes já conhecidos das principais ligas europeias e de suas seleções adultas.

Bons desempenhos das equipes nesta categoria estão diretamente ligados posteriormente em boas campanhas nas seleções principais, como nos casos da Alemanha (2009), Espanha (2011), Portugal (2015) e entre outros.

A fase de grupos da Euro sub-21 foi bastante equilibrada. Algumas equipes confirmaram o favoritismo, como Inglaterra e França, os únicos com 100% de aproveitamento nos primeiros três jogos. Já Israel e Geórgia foram as surpresas/sensações, enquanto Espanha e Ucrânia demonstraram força nesta primeira fase. No entanto, Alemanha, Itália, Holanda e Portugal foram as decepções.

França: o melhor elenco, mas sem identidade

Treinada por Sylvain Ripoll, a Seleção Francesa foi para a Euro sub-21 com o melhor elenco da competição. A equipe chegou com jogadores experimentados desde cedo no futebol adulto e com muita qualidade em todos os setores, como Pierre Kalulu (Milan), Loïc Badé (Sevilla) e Castello Lukeba (Lyon) na defesa; Khéphren Thuram (Nice), Manu Koné (Borussia Mönchengladbach), Maxence Caqueret (Lyon) e Rayan Cherki (Lyon) no meio-campo; e Amine Gouiri (Rennes), Michael Olise (Crystal Palace) e Amine Adli (Bayer Leverkusen) no ataque. No entanto, apesar do excelente elenco, Les Espoirs oscilaram muito dentro das três primeiras partidas.

Ao mesmo tempo que geraram muitas chances, os franceses sofreram sustos na defesa por não terem definido os jogos mais cedo. Isso aconteceu em todos as partidas do grupo, sobretudo na estreia contra a Itália, quando não abriram uma vantagem confortável no placar, e no último jogo contra a Suíça, partida em que construiu uma goleada depois de enfrentar dificuldade no primeiro tempo. Ao final, a França se impôs a partir da vasta qualidade individual que possuía e foi muito letal aproveitando espaços para transitar. Lembra a seleção adulta, não?

Gol de Cherki em jogada com Gouiri

A promissora geração georgiana

Sem sua maior estrela, Khvicha Kvaratskhelia, a seleção georgiana fez uma boa fase de grupo partir de sua solidez defensiva. Venceu apenas um jogo, mas fez duelos competitivos e não foi inferior em nenhum momento contra Portugal, Bélgica e Holanda. O torneio sub-21 dos anfitriões foi importante para observar nomes que serão importantes muito em breve na seleção principal, que já tem vaga garantida ao menos na repescagem da Eurocopa de 2024.

Treinada por Ramaz Svanadze, a Geórgia jogou em um 4-4-2 em bloco baixo, com postura passiva em termos de pressão. Sem a bola, a equipe contou com bom exercício defensivo e com grande solidariedade dos extremos sem a bola, oferecendo ajudas aos laterais e somando no sistema de coberturas. Giorgi Mamardashvili (Valencia) foi seguro debaixo das traves, e os zagueiros Saba Sazonov (Dynamo Moscow) e Iva Gelashvili (Saburtalo Tbilisi) também demonstraram solidez na defesa.

No ataque, os georgianos contaram com o centroavante grandalhão Giorgi Gagua (Alavés), que fez bons pivôs e demonstrou alguma capacidade de autossuficiência. Porém, os melhores do time estavam nas pontas: Giorgi Tsitaishvili (Dynamo Kiev) e Zuriko Davitashvili (Bordeaux). Davitashvili, que também jogou de segundo atacante, foi a revelação do torneio na fase de grupos. O camisa 7 possui bom primeiro contato com a bola, é um driblador perigoso, muda facilmente de ritmo e direção. Marcou um dos golaços da competição.

O gol de Davitashvili contra Holanda

A força da seleção inglesa

A Inglaterra de Lee Carsley fez três atuações bastante sólidas, as melhores atuações coletivas da fase de grupos. Controlando os adversários através da posse da bola (média de 64%), os jovens leões são os únicos que ainda não sofreram gol, enquanto anotaram seis vezes na primeira fase. Entre os destaques, estão: o goleiro James Trafford (Manchester City); o zagueiro Levi Colwill (Chelsea); os meio-campistas Ángel Gomes (Lille), Curtis Jones (Liverpool), Morgan Gibbs-White (Nottingham Forest) e Jacob Ramsey (Aston Villa); e os atacantes Noni Madueke (Chelsea), Anthony Gordon (Newcastle). Olho, ainda, em uma recuperação de confiança de Emile Smith-Rowe (Arsenal), que anotou dois gols, e da ameaça ao espaço de Cameron Archer (Aston Villa).

O time inglês tem apresentado variações em fases com a bola e atacando em algo próximo de um 3-2-4-1, buscando abrir bem o campo com dois jogadores em amplitude e acionar Ramsey e Gibbs-White por dentro. Tem chamado a atenção como os gols da Inglaterra estão surgindo em jogadas bem construídas em ataques posicionais.

Os gols bem construídos da Inglaterra

O aviso de Israel

Depois fazer uma grande campanha na Copa do Mundo Sub-20, a Seleção Israelense agora vai construindo uma notável participação no Europeu Sub-21. Os defensores Stav Lemkin (Hapoel Tel Aviv) e Roy Revivo (Maccabi Tel Aviv) e os atacantes Anan Khalaili (Maccabi Haifa) e Dor Turgeman (Maccabi Tel Aviv) são alguns que estiveram no Mundial Sub-20 e estão se destacando também na Euro. Turgeman, inclusive, está entre as sensações da competição. Muito habilidoso com a bola nos pés, é dinâmico nos metros finais oferecendo bons apoios e realizando movimentos profundos. Sustenta bem no jogo direto, faz bons controles orientados e aciona companheiros da segunda linha dando poucos toques no esférico. Vai despertar o interesse dos times das principais ligas europeias.

O avançado de 18 anos Anan Khalaili, que vem tendo boas atuações vindo do banco, e o mediapunta Oscar Gloukh (Red Bull Salzburg), são outros destaques ofensivos de Israel.

Lances de Turgeman na Euro sub-21

Outros destaques individuais

Rodri Sánchez na Rojita

Ao lado de Ohian Sancet (Athletic Club) e Antonio Blanco (Real Madrid), o extremo Rodri Sánchez (Real Betis) foi o principal destaque individual na sempre forte Espanha. O camisa 10 da Rojita foi um argumento sério nas duas primeiras partidas em que atuou na fase de grupos, dentro de cenários em que os espanhóis precisam criar chances contra defesas fechadas. Partindo aberto no sistema de Santi Denia, o jogador de 23 anos é um dos melhores jogadores do torneio. Toma boas decisões, encontra bons passes e desequilibra as defesas driblando e alternando o ritmo das jogadas.

Bondarenko, Brazhko e Kryskiv na Ucrânia

Sem poder contar com Mykhaylo Mudryk (Chelsea) na fase de grupos, a Seleção Ucraniana se apoiou em seus meio-campistas para controlar seus adversários do Grupo B. Dentro do sistema assimétrico de Ruslan Rotan, o trio formado por Artem Bondarenko (Shakhtar Donetsk), Volodymyr Brazhko (Dynamo Kiev) e Dmytro Kryskiv (Shakhtar Donetsk) é bastante complementário pela característica e funções exercidas pelos três centro-campistas.

Bondarenko e Brazhko ficam mais focados na base, com o primeiro somando mais passes curtos e iniciando a organização ofensiva, enquanto o segundo busca mais passes que rompem linhas e encontram justamente Kryskiv, que tem boa capacidade de giro entre linhas. A regularidade do trio somada com a qualidade individual de Mudryk, pode ser um grande argumento da Ucrânia na fase eliminatória.

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