Planejado, Coritiba tem seu melhor time dos últimos anos
Com o trabalho de Gustavo Morínigo consolidado, o Coritiba joga com naturalidade, organização e deve fazer campanha segura na Série A.
Há um ano e quatro meses com o mesmo treinador e carregando a mesma base desde a última temporada, o Coritiba colhe os frutos da organização e do respeito aos processos. O técnico paraguaio Gustavo Morínigo foi contratado em janeiro de 2021 (o Brasileirão 2020 ainda estava em disputa) com a missão de evitar o rebaixamento do Coxa para a Série B. Não conseguiu, afinal, o clube paranaense dependia de um milagre. Contudo, a diretoria identificou o potencial da equipe, manteve o trabalho e retornou à Série A sem grandes sustos no último ano.
Com sete pontos em quatro jogos, o Coritiba ocupa a quarta posição na tabela e já marcou nove gols nas primeiras rodadas desta volta a elite brasileira. Os bons números e o bom desempenho, se não indicam uma equipe que vai brigar lá em cima, dão segurança de que a permanência na Série A não será tão sofrida.
A longevidade do trabalho de Morínigo é fundamental para entendemos as qualidades do Coritiba. O time não só sabe o que quer fazer, como faz com naturalidade. O modelo de jogo funciona como um guia para os jogadores dentro de campo, e esse guia está decorado, compreendido, pois já foi lido infinitas vezes. Portanto, vemos variações, adaptações aos adversários e aos momentos do jogo.
Em fase ofensiva, o Coxa buscar ser bastante agressivo e vertical, além de usar toda a largura do campo e sobrecarregar a zaga adversária com muitos atletas chegando na área. O objetivo é abrir o campo para aumentar a distância entre os defensores rivais, criando espaços entre eles na zona de finalização das jogadas.
É nesse ponto que vemos uma variação importante: normalmente, os três atacantes jogam em profundidade, empurrando a defesa rival, enquanto os laterais avançam por fora e os meias se aproximam da bola para conseguirem inversões de jogo e lançamentos. Entretanto, quando o calo aperta e o adversário não dá espaço, Igor Paixão sai mais da área para jogar bem aberto e buscar jogadas de mano a mano. Outra adaptação que já foi apresentada está no posicionamento de Willian Farias. Primeiro volante e principal jogador da saída de bola, costuma entrar ao lado dos zagueiros para liberar o lateral e ter mais espaço para lançamentos. Porém, se a primeira linha de marcação do oponente for fraca, ele fica mais à frente para impor sua qualidade no passe em faixas mais avançadas do campo.
Para defender, normalmente vemos uma equipe preocupada em proteger os espaços no centro do campo, esperando em um bloco médio e sendo agressivo para roubar a bola nos lados do campo. Por outro lado, o Coritiba é capaz de inverter a lógica de proteger o espaço para defender homem a homem quando deseja subir o bloco e sufocar lá na frente. O ponto a melhorar é a velocidade da reação pós-perda, que deixa espaços para os contra-ataques e não recompõe com a velocidade necessária para preencher a área.
Uma espinha dorsal de mais de um ano, que conta com zagueiros de boa imposição física, meio-campistas de bom passe curto e longo, além de atacantes fortes, de explosão e velozes e um treinador cujo trabalho está estabelecido. Esses elementos formam o melhor Coritiba dos últimos seis anos (pelo menos) e devem ser suficientes para manter o Coxa na primeira divisão, sem grandes sustos.
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