Real Betis: o processo necessário para alcançar a consistência
Palavras bem comuns no meio do futebol, mas que se adequam ao time de Manuel Pellegrini. Como vem sendo essa crescente do Real Betis na temporada?
Desde o ano passado a equipe se revolucionou. Se pensarmos em equipes que dominaram a Espanha nos últimos anos, o Betis ficou em ‘primeiro lugar’ como o time com mais pontos conquistados na liga durante o ano de 2021. É clara e evidente a melhora, e 2021 foi determinante para o que o time vem sendo hoje.
A recuperação na segunda metade da última temporada foi o ponto chave, a equipe se encontrou em campo e Pellegrini conseguiu deixar seus jogadores mais a vontade em funções que eles mesmos não conseguiam se destacar tanto como antes. William Carvalho é um desses jogadores. O português se transformou numa peça técnica excelente para desafogar os ataques da equipe, dando mais opções de passes enfiados e tirando o peso das costas de Canales e Fekir, que se bem marcados, não conseguiam fazer muita coisa. Seu bom posicionamento sem a bola, que melhorou consideravelmente no ano de 2021, foi fundamental para a melhora defensiva da equipe, principalmente na questão de transições após perder a bola. Além disso, Guido Rodriguez manteve seu bom nível e o mexicano Guardado se destacou fisicamente.
O sistema por si só foi bem adaptado por Pellegrini, que conseguiu dar todo o potencial do jogo coletivo para uma equipe que vinha sofrendo tanto nos últimos anos em busca de uma identidade. Muito do que o time vem conquistando até aqui é claro e evidente na tabela – são 14 vitórias em 25 partidas e um segundo melhor ataque que compensa a questão da defesa ainda estar se desenvolvendo e evoluindo.
Muita coerência dentro de campo vem entregando pontos importante para o clube em busca de uma vaga na Champions League, podendo até mesmo tirar Barcelona e Atlético de Madrid desse ‘top 4’ – imaginando, claro, que Real Madrid e Sevilla se mantenham na frente.
Os pensamentos de Pellegrini foram se ajustando ao elenco, os jogadores que já decidiam semanalmente passaram a ser ainda mais determinantes e novas contratações foram pontuais para essas questões, e tudo isso sem gastar demasiadamente. O mais importante, com certeza, foi a chegada de Rui Silva, ex-goleiro do Granada e que destacou por lá. O português de 27 anos resolveu o problema da equipe debaixo das traves – Joel Robles nunca foi confiável e Cláudio Bravo, em fim de carreira, segue com problemas físicos. A disputa pelas duas laterais aumentou, com a chegada de Youssouf Sabaly, Héctor Bellerín e Juan Miranda o time pôde contar com jogadores de diferentes características na posição, situação que antes impedia Pellegrini de se ajustar ofensivamente ou, quem sabe, num jogo mais reativo. Além disso, Alex Moreno finalmente consegue entregar na medida que se destacou no Rayo Vallecano. Chegou em 2019 e, por fim, parece à vontade em Sevilha.
Como dito em relação a William Carvalho, a boa recomposição defensiva vem sendo um fator importante. O time não tem a melhor defesa do campeonato, mas não sofre como sofria desde os tempos de Setién. Hoje oferece bem menos espaços para o adversário, seja numa ideia mais recuada ou numa transição. No ataque tudo é festa. Borja Iglesias retomou seu excelente nível, lembrando os tempos de Espanyol, e Willian José caiu como uma luva. Ambos sendo alimentados pelo sistema criativo que cresceu em 2021, mas se firmou de vez na temporada atual.
Obviamente ainda é muito cedo, e a sequência nos próximos meses é pesada, mas tudo indica uma grandíssima temporada do Real Betis em La Liga depois de muito investimento e tempo gasto nos últimos cinco anos. Pellegrini conseguiu reencontrar suas melhores ideias de volta à elite do futebol europeu e se tudo se manter consistente, o clube pode voltar a uma Liga dos Campeões depois de 17 anos.
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