As virtudes e vulnerabilidades que Richardson aporta ao Ceará
A chegada do volante Richardson representa um acréscimo competitivo com prós e contras ao elenco do Vozão
Após três anos atuando pelo Kashiwa Reysol, do Japão, Richardson, está de volta ao Ceará. Mais experiente, o volante, chega para ampliar o leque de opções do técnico Tiago Nunes e acirrar a disputa por uma vaga no setor de meio-campo. A repatriação acontece mediante uma boa oportunidade de mercado, uma vez que, o atleta rescindiu o contrato com o time japonês.
O retornou ao clube que lhe projetou ao futebol asiático está repleto de sentimento nostálgico e de incerteza. Afinal, qual o nível competitivo que o Richardson apresentará neste retorno? Quais as características do volante? Joga melhor em dupla ou sozinho? Se aperfeiçoou ou estagnou? Quais virtudes e vulnerabilidades acompanham a contratação de Richardson?
Dessa forma, trouxe uma análise dos padrões de comportamento apresentados por Richardson nesta temporada na J-League. Dentre os comportamentos analisados, encontram-se a sua participação efetiva na: saída de bola, elaboração de ações ofensivas, pressão ao portador da bola e disputa pela segunda bola.
Na saída de bola, Richardson foi submetido a diversos cenários durante a competição. A equipe do Kashiwa Reysol, comandada pelo técnico Nelsinho Baptista, apresentou variações entre 4-2-3-1 e o 5-4-1. O que modifica o mecanismo a ser realizado na primeira fase de construção ofensiva. Por exemplo, ao jogar com uma linha de 5, os três zagueiros eram responsáveis pelo contato inicial com a bola, enquanto Richardson flutua nas costas da primeira linha de marcação do adversário. Ou seja, uma saída de 3+1.
Essa saída de 3, também acontece ao jogar com uma linha de 4. Assim, para formar a linha com três atletas, Richardson recua e ocupa o espaço deixado pelos laterais ou se posiciona entre os zagueiros. Dessa maneira, o volante fica de frente para o campo ofensivo e tem condições de com um passe longo ou entre as linhas do oponente fazer a jogada ofensiva progredir.
Ainda em uma situação de jogo ao qual o Kashiwa Reysol atua com linha de 4, outra opção para a primeira fase de construção é a adoção da saída sustentada. Isto é, realizar uma saída de bola com muitos jogadores no próprio campo para dar mais segurança a quem está com a bola. Assim, Richardson ocupa o espaço as costas dos atacantes rivais para receber o passe e por meio de conduções e passes consegue romper a pressão alta.
Um movimento prévio às conduções, é o domínio orientado. Que nada mais é que o ato de direcionar o corpo e consequentemente a bola para um espaço vazio com o intuito de progredir ou escondê-la. Essa característica, inclusive, pode ser bastante útil na elaboração e criação de mecanismos para a saída de bola do Ceará para a temporada 2022.
Passada a primeira fase de construção, o Kashiwa Reysol ocupa o campo de ataque para organizar as ações ofensivas. Neste momento Richardson demonstra ser um jogador que se sente mais à vontade em se posicionar atrás da linha da bola. E dessa forma, ser uma opção de passe para retornar a jogada e por meio de passes curtos ou longo tirar a bola da zona de pressão estabelecida pelo oponente. Assim, a equipe pode explorar o lado contrario do adversário com uma menor quantidade de defensores.
Os passes longos são uma das virtudes de Richardson. Geralmente esse tipo de ação possui o direcionamento a um companheiro de equipe que está atacando o espaço nas costas da defesa rival ou de um companheiro que se oferece como apoio entre as linhas de marcação. Essa capacidade de buscar o jogo por dentro pode favorecer as dinâmicas com o Vina e também o centroavante da equipe do Vozão. Já com a bola em direção ao espaço, Mendoza e Erick são os atletas que podem ser municiados. Em contrapartida, o técnico Tiago Nunes não terá um volante que realiza com frequência movimentos de infiltração em direção a área.
Em organização defensiva, Nelsinho Baptista, utilizou na maior parte do tempo as plataformas 4-4-2 e 5-4-1 em bloco baixo. Assim, Richardson, quase sempre teve um companheiro ao lado para dividir as tarefas. Posicionado pelo lado direito de defesa, fez dupla com Sachiro e com Dodi (ex-Fluminense) ao longo da temporada. E nessa fase do jogo, a virtude que impressiona é a capacidade de aceleração que Richardson demonstra.
A ótima aceleração permite que o volante consiga antecipar, pressionar e recuperar o espaço as próprias costas com frequência. No entanto, o cálculo da distância em relação ao oponente e o feeling tardio sobre o momento certo em iniciar o movimento de aceleração podem trazer riscos de causar uma ruptura na estrutura defensiva. E quando isso ocorre, é necessário um gasto de energia que nem sempre é capaz de corrigir o erro primário.
Em alguns momentos dentro dos jogos, o volante oscilou e demonstrou falta de sincronismo com o companheiro. Uma vez que, ao jogar em dupla, quando um dos volantes sobe para pressionar o portador da bola o outro recua ficando em diagonal. Essa gangorra de movimentos é necessária para dificultar o jogo por dentro do oponente.
Outra virtude essencial para um volante e que Richardson possui é a imposição física e a ocupação de espaços vitais para ganhar a disputa de segunda bola. Ao recuperar a posse de bola, o novo contratado do Ceará, busca realizar passes progressivos ou retirar a bola da zona de pressão para que a equipe mantenha-se em organização ofensiva.
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