Sete jovens meio-campistas para ficar de olho na temporada 2021/22 na Europa
Os principais campeonatos nacionais do futebol europeu estão voltando para a temporada 2021/21. Embora o mercado de transferências esteja agitado, a tendência é o surgimento de várias promessas nas principais ligas. González, Taylor, Ugochukwu, Ugarte, Da Silva, Darboe e Raebiger podem despontar com força.
Os principais campeonatos europeus começam nesse final de semana, com o retorno da Premier League, La Liga, Bundesliga e Eredivisie. A Liga Bwin (novo nome do campeonato português) e a Ligue 1 foram mais precoces, tendo iniciado no final de semana passado. Já a Serie A ficará para a próxima semana. No entanto, teremos várias novidades nessas sete grandes ligas, especialmente no meio-campo. Por conta disso, abaixo você encontrará uma lista com sete jovens promessas sub-23 que tem pouca rodagem na primeira divisão, mas que devem despontar nessa temporada.
Nico González (2002, FC Barcelona)
A vida do torcedor do Barcelona virou de cabeça para baixo na última semana. Antes do adeus de Lionel Messi, quando ainda existia a esperança de manter La Pulga no elenco, a excitação com a utilização de vários jogadores formados em La Masia por Ronald Koeman durante a pré-temporada era grande. No entanto, com a saída do argentino e a dificuldade na renovação de contrato de Ilaix Moriba, que atuou com regularidade na temporada passada, o horizonte Culé ganhou contrastes tortuosos.
Entretanto, em meio a incerteza blaugrana, um jogador da cantera tem ganhado espaço e ouriçado os aficionados pelo clube. Trata-se de Nicolás González, que está em La Masia desde 2013 e é filho de Fran González, lendário meia-ofensivo canhoto do Deportivo La Coruña nos anos 1990 e 2000. Ao contrário do pai, Nico é destro e atua mais centralizado, porém, o jovem herdou a qualidade nos passes e leveza nos movimentos.
Devido a sua altura (1,88m) e controle de bola, González é constantemente comparado a Sergio Busquets – e tratado como herdeiro da posição. Sob o comando de Koeman na pré-temporada, a joia Culé chegou a jogar na função do lendário camisa 5 e atuou ao lado dele (na derrota por 2×1 para o Salzburg). Nico também chegou a perfilar junto a Ilaix Moriba na Youth League retrasada (19/20), tendo Alvaro Catalán como primeiro homem. Por se tratar de um jogador com o famigerado “DNA” do clube, as chances de González ser aproveitado por Koeman na temporada 21/22 é bastante considerável.
Kenneth Taylor (2002, Ajax)
Toekomst, a singular academia de futebol do Ajax, regularmente brinda o alto escalão da Europa com alguns dos mais refinados jogadores de futebol. O mais recente, e que vive melhor momento, é Frenkie De Jong, titular absoluto da seleção holandesa e do Barcelona. Inclusive, a lacuna gerada após a saída do antigo camisa 21 foi preenchida por Ryan Gravenberch (2002), cria de Toekomst. Inicialmente, apesar de ser munido por uma enorme qualidade técnica, o atual camisa 8 sentiu dificuldades na passagem de bastão. No entanto, na temporada passada viu-se o afloramento de Gravenberch.
Afirmado na equipe titular, Ryan vê outro companheiro de geração ganhando minutos importantes com Erik Ten Hag. Estamos falando de Kenneth Taylor, nascido no mesmo dia que Gravenberch (16 de maio de 2002), que foi titular em quatro dos cinco jogos de pré-temporada realizados pelo Ajax. Além disso, Taylor participou de três jogos da equipe na Eredivisie passada saindo do banco de reservas.
Canhoto, criativo e forte fisicamente (1,82m), o camisa 25 também foi estrela da Holanda Sub-17 no bicampeonato europeu há três anos, quando atuava um pouco mais adiantado. Trabalhado para ser a base que sustenta o meio-campo Ajacied, Taylor brigará por posição com Blind ou Klaassen, haja vista que Ten Hag o utilizou como primeiro homem, tendo, inclusive, atuado ao lado de Gravenberch duas vezes (2×2 com o Bayern e 4×0 no Leeds). A joia de 19 anos se destaca pelos passes arriscados, lançamentos precisos e chutes de longa distância.
Lesley Ugochukwu (2004, Rennes)
Nascido em 2004, Lesley Ugochukwu é a prova viva de que o Rennes não liga para a idade quando se trata de talento. O grande exemplo é justamente o companheiro de equipe Eduardo Camavinga, que estreou na Ligue 1 aos 16 anos, sendo o mais jovem a começar uma partida como titular na versão moderna do campeonato francês. Um mês após completar 17 anos, Ugochukwu entrou em campo aos 89 minutos contra o Dijon, na reta final da temporada passada, estreando como profissional. Na semana seguinte, contra o PSG, ele fez sua primeira partida como titular, anulando Neymar no empate por 1×1. Ainda deu tempo para Lesley sair do banco mais uma vez antes da Ligue 1 terminar, na vitória por 2×0 sobre o Nimes.
Embora seja comparado a Marcel Desailly, Lesley Ugochukwu é um meia box-to-box, de excelente poder de marcação e uma chegada muito forte no terço final. O passado como zagueiro é explicado pela altura (1,88m), porém, a afirmação na curta carreira como profissional é como primeiro homem no meio-campo, tendo estreado no final de semana passado como titular no empate por 1×1 com o Lens.
Ugochukwu nasceu em Rennes e já defende a seleção sub-17 da França, mas ele também está elegível para defender as cores da Nigéria por conta da nacionalidade dos pais. Apesar da forte concorrência no setor, seria improvável imaginar a federação francesa renunciando a um volante com timing tão bom para desarmar o adversário e com capacidade para se associar na construção do jogo.
Manuel Ugarte (2001, Sporting)
A escalada desse uruguaio de apenas 20 anos é algo realmente impressionante. Quando tinha 15 anos, em 2016, Manuel Ugarte substituiu Agustín Canobbio, na vitória por 4×1 sobre o Danubio, e se tornou o jogador charrua mais jovem a debutar profissionalmente no século XXI no campeonato local. Embora fosse destaque e frequentemente convocado para as seleções de base, o centrocampista só foi disputar sua primeira competição internacional com a camisa Celeste no Pré-Olímpico visando Tokyo 2020, aos 18 anos. As grandes atuações com a camisa Albivioleta no campeonato uruguaio pelo Fénix e o bom desempenho pelo Uruguai – mesmo sem a classificação para os jogos olímpicos – resultaram na transferência europeia para o Famalicão com apenas 19 anos.
Agora, aos 20 anos, Manuel Ugarte defenderá as cores do atual campeão nacional, o Sporting. Foram necessários apenas 5 meses na primeira divisão e 20 jogos com a camisa do Famalicão para convencer os Leões de Lisboa a pagar a soma de £$ 6,5 milhões pelos seus serviços. A tendência é vermos o jovem envergando a camisa da seleção principal, que poderia ter acontecido nas partidas da Eliminatória para a Copa do Mundo contra Argentina e Bolívia, mas devido ao agravamento da pandemia os jogos foram cancelados e a estreia fora postergada.
O que faz Ugarte ser tão especial? A “Alma Futebolera”. Manu é um dos vários jogadores uruguaios fomentados no “Baby Fútbol”, tendo vestido a camisa do tradicional City Park, de Canelones, como atacante. Ugarte foi talhado para ser um jogador completo, tendo alternado entre atacante e volante até meados de 2019, já no Fénix. Forte fisicamente (1,82m), o garoto se estabilizou na função de camisa 5, mas pode ser naturalmente um 8 por conta do primeiro toque muito refinado. O mapa de calor de Ugarte revela outra característica marcante em seu estilo de jogo: o área-a-área. Ele cobre tudo, desarma com facilidade e sustenta o jogo no último terço. Rúben Amorim ganha um homem de confiança e extremamente competitivo, que não sentirá o peso de entrar na equipe titular do Sporting num futuro próximo.
Josh da Silva (1998, Brentford)
Criado nas categorias de base do Arsenal, Josh da Silva está no Brentford desde a temporada 2018/19, chegando a custo zero no clube que usa o Analytics como religião. Em 21/22, o inglês finalmente jogará a Premier League e conta com o status de homem de confiança de Thomas Frank, sendo essencial na caminhada das “Abelhas” no acesso da Championship, tendo participado de 89 partidas, marcado 16 gols e feito 9 assistências.
A grafia portuguesa do sobrenome entrega as raízes de Josh, que é filho de pais angolanos. Nascido em Londres e com convocações para as seleções de base da Three Lions desde o sub-17 – com participações na Euro Sub-19, em 2017, e no Torneio de Toulon, em 2019 – o “todocampista” do Brentford ainda está elegível para defender a Angola, especialmente por ainda não ter recebido uma convocação à seleção principal inglesa. A primeira aventura de Da Silva no mais alto escalão da Inglaterra pode ser vital na escolha de sua carreira internacional.
Ambientado a jogar como lateral-esquerdo no início da trajetória futebolística, o canhoto possui ótimo passe, chute potente e vigor físico para aguentar as duas fases do jogo, sendo muito competente ao ajudar na fase defensiva e técnico para construir o jogo no último terço. Josh da Silva também sabe utilizar muito bem o corpo para recuperar bolas e vencer disputas pelo alto (1,84m de altura). O dinamismo característico da equipe de Thomas Frank e o sucesso no retorno do Brentford à elite do futebol nacional após mais 70 anos ausente dependerá muito do desempenho do camisa 10.
Ebrima Darboe (2001, AS Roma)
Com uma história tão impactante quanto seu talento, Ebrima Darboe é uma das maiores promessas para se acompanhar na temporada 2021/22. Nascido em Bakoteh, na Gâmbia, o astro das categorias de base da Roma precisou sair de sua terra natal para fugir da fome. Após uma longa viagem num ônibus lotado, Darboe acabou parando num acampamento de traficantes de pessoas na Líbia, onde tivera que resistir ao abuso e violência. Felizmente, Ebrima conseguiu fugir num barco junto com outros tantos refugiados em direção a Sicília.
Ao chegar na paradisíaca ilha italiana, o garoto de 14 anos foi resgatado por uma unidade da SPRAR (Sistema de Proteção ao Requisitantes de Asilo e Refugiados). Darboe foi alocado para viver com uma família amiga do projeto em Rieti, na região central da Itália, e começou a jogar futebol no time da cidade até ser notado pelos scouts da Roma. Medindo 1,80m de altura e pesando menos de 50 quilos quando chegara ao novo país, Ebrima passou por uma transformação completa de vida até estrear como profissional da Giallorossi contra a Sampdoria na Serie A passada.
Com vinte quilos a mais e uma qualidade estonteante com a bola nos pés, o craque da equipe sub-19 atua preferencialmente como segundo homem de meio-campo, o popular camisa 8 (que era o número que vestia na equipe Primavera). Ágil e inteligente, Darboe é capaz de ditar o ritmo das ações em jogadas individuais ao carregar a bola e driblar desde a iniciação da jogada ou com lançamentos precisos. Ele também é muito forte chegando no último terço, tendo poder e frieza na finalização com o pé direito. Embora tenha demonstrado capacidade para resolver problemas na individualidade, Darboe é um jogador coletivo, que “cola” a bola no pé no primeiro toque já visando a associação de jogo com outro companheiro. José Mourinho terá um diamante para lapidar.
Sidney Raebiger (2005, RB Leipzig)
Ficou assustado com a idade de Lesley Ugochukwu no Rennes? Então segure o queixo, pois o último jogador da lista é nascido em 2005. Trata-se de Lars Sidney Raebiger, natural da cidade de Freiburg, e integrante das categorias de base do RB Leipzig desde 2016. A grande joia da melhor academia da Alemanha vive uma ascensão meteórica até para os padrões do clube, que notoriamente dá oportunidades para jogadores mais jovens na equipe principal.
Raebiger começa chamando a atenção pelo controle de bola, aliando a facilidade no domínio da pelota com o posicionamento do corpo, que é facilitado pela maturação precoce. Sidney também demonstra precisão nos passes e lançamentos longos, além de bons dribles curtos. O garoto, que recém completou 16 anos de idade, atua como segundo homem no meio-campo ou como meia-atacante. Julian Nagelsmann, que dirigiu o Leipzig entre 2019 e 2021, chegou a dizer que Sidney é “um grande talento”. O protagonismo fica evidente por conta da trajetória, haja vista que a promessa do Leipzig queimou etapas, pulando do sub-17 para a equipe principal.
A estreia de Raebiger entrou para a história do clube da Saxônia. Com apenas 16 anos e 112 dias, o meio-campista é o jogador mais jovem a vestir a camiseta da equipe alemã. Embora tenha participado das três partidas de pré-temporada, sempre entrando no segundo tempo, o choque pela decisão de Jesse Marsch em utilizá-lo na partida contra o Sandhausen, pela Copa da Alemanha, no sábado passado, aos 78 minutos no lugar de Kevin Kampl, foi visível e um prelúdio do que está por vir.
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