O mérito defensivo do Fluminense de Fernando Diniz
Com seis vitórias seguidas e sem perder há mais de um mês, o Fluminense de Fernando Diniz ganha destaque por seu ataque, mas a defesa também merece ser citada.
São seis vitórias seguidas, 15 gols marcados e somente três sofridos na excelente sequência do Fluminense com Fernando Diniz. Sem competições continentais para disputar desde maio, o treinador teve algumas semanas livres e implantou rapidamente seu modelo de jogo, superando um primeiro mês de trabalho inconstante. Atualmente, o Tricolor ostenta sete jogos de invencibilidade (a última derrota foi em 11 de junho), o quinto lugar no Brasileirão, a três pontos do líder e está nas quartas de final da Copa do Brasil.
Reconhecido por seu estilo inconfundível de atacar, com a saída curta, muita movimentação e posse de bola, Fernando Diniz não faz diferente em sua segunda passagem pelo Fluminense. Aglomerando muitos jogadores perto da bola, o Tricolor toca curto desde o campo de defesa e avança em bloco para o ataque. O time se aproveita de volantes de bom passe, um meia com capacidade de atuar em espaço curto como Ganso e, principalmente, Arias, que sai de um dos lados do campo para correr todo o gramado e oferecer linhas de passe por trás da defesa adversária, permitindo a progressão. Jogadores que gostam de ter a bola e de liberdade posicional, um bom encaixe para o treinador.
Contudo, já vimos equipes de Diniz atacando bem em outros momentos, mas pouco se fala da parte defensiva de seus trabalhos, nas fases boas e nas fases ruins. E é por estar com a defesa ajustada que o time das Laranjeiras sufoca seus adversários e tem um volume de jogo alto. A ideia principal é pressionar, pressionar e pressionar. Através de encaixes curtos de marcação, a intenção é cortar linhas de passe do adversário e recuperar a bola, preferencialmente no campo de ataque.
Quando é preciso defender com o bloco mais baixo, o Fluminense também tem demonstrado organização, um dos sinais de evolução de Diniz. Os encaixes se mantém, os pontas acompanham os laterais oponentes até a linha de fundo e a entrada da área é protegida com muito afinco. Isso se dá, porque o mais importante não é a altura do bloco de marcação e sim a compactação. Todos pressionam lá na frente e todos voltam para a defesa, atuando em 25, 30 metros para apertar quem tem a bola. Essa compactação, em todas as fases do jogo, é o que permite ao Tricolor recuperar tão rápido a bola, em uma reação pós-perda quase imediata.
As poucas chances cedidas pelo Flu são decorrentes de erros de leitura pontuais do conceito de bola coberta e descoberta (com a bola pressionada, a defesa sobe; se quem tem a bola não está pressionado, a defesa protege as costas), ou de falhas esporádicas na pressão, seja no campo de ataque ou no setor defensivo. De qualquer forma, são coisas que podem ser aperfeiçoadas com treinamentos. Os princípios, em geral, estão bem compreendidos pelo elenco.
No Fluminense, Fernando Diniz tem alguns trunfos: um elenco compatível com seu modelo de jogo e possivelmente o melhor grupo de jogadores com quem trabalhou, dotado de diferentes características e jogadores muito experientes ao lado de jovens cheios de energia. Além disso, tem um calendário um pouco mais tranquilo em comparação aos principais candidatos aos títulos nacionais. Resta saber se o bom rendimento será apenas uma fase ou, dessa vez, um padrão.
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