O potencial do Valencia de Pepe Bordalás
Enfrentando problemas em relação ao seu sistema defensivo, o Valencia tem um dos melhores ataques da La Liga. O potencial da equipe é claro e seus jovens jogadores seguem sendo um dos maiores destaques da temporada 2021/22.
Depois de grandes temporadas no Getafe, Bordalás foi em direção a um novo projeto. É claro que no Getafe tudo era mais limitado, se tratando de elenco e principalmente de estrutura geral. Mesmo subindo de patamar se comparamos os dois clubes, o Valencia vem enfrentando problemas extra campo difíceis e que acabaram trazendo consequências na montagem de elenco, contratações, jogadores jovens saindo e também no desempenho dentro de campo. A última temporada foi bem abaixo do padrão em La Liga, porém os últimos seis meses de Bordalás no comando deixa visível a evolução acima da média.
Atualmente o Valencia tem a segunda menor média de idade da La Liga – atrás apenas do Barcelona. Do elenco, apenas quatro jogadores têm mais de 30 anos – o meia/lateral Daniel Wass, o zagueiro Gabriel Paulista e os dois goleiros Cillessen e Jaume
Além disso temos jovens estrelas em ascensão e dois dos principais jogadores espanhóis dentro do cenário europeu – José Gayà e Carlos Soler. Fora os dois craques e capitães do clube, outros jogadores com destaque na equipe são bem jovens ainda – Hugo Guillamón, Hugo Duro, Gonçalo Guedes e Maxi Gómez, por exemplo.
Historicamente em seus trabalhos, Bordalás sempre foi um mestre em construir grandes defesas e um sistema defensivo consistente, o que ironicamente é o principal problema da equipe nessa 2021/22.
O ataque produz como nunca e pela vitalidade das peças disponíveis a equipe é extremamente ágil, dinâmica e poderosa na transição ofensiva. Mas ainda precisa que a defesa mantenha um nível decente para sonhar mais alto. São 32 gols marcados e 32 gols sofridos em 20 jogos. Um número interessante se tratando de ataque – o 5º melhor ataque da La Liga –, mas muito ruim se tratando de defesa – 3º pior defesa.
A falta de jogadores no meio pode ser um motivo para isso, ainda que a equipe defenda razoavelmente bem sua própria área. O jogo lá e cá potencializa o ataque, mas desgasta muito seu sistema defensivo – que se encontra em dificuldade nesses cenários. O jogo contra o Real Madrid é um bom exemplo, a equipe se defendia muito bem, criava pouco, mas se defendia bem, e quando precisou sair para buscar o empate enfrentou problema ao ocupar espaços para conter o ótimo ataque merengue. Contra o Atleti, o empate foi de fato heroico, mas também expôs esse problema em relação à transição defensiva.
Hugo Guillamón chegou ao profissional como um zagueiro bem característico. Hugo ocupa bem sua posição e tem um excelente passe, o que o deixou como alternativa para Bordalás usar como um volante no 4-4-2. O potencial dentro disso talvez tire o melhor de Hugo, que tende a ser melhor como zagueiro, ainda que entregue como volante. A próxima janela de verão deve ter como foco essa função e talvez na zaga, em busca de novas peças ainda que Alderete e Gabriel Paulista sejam regulares.
O potencial dessa equipe é nítido atualmente, principalmente se tratando de níveis individuais no qual os jogadores se destacam semanalmente. Os problemas existem obviamente, os números aliados os contextos explicam bastante isso. Mas apenas com o tempo e um trabalho com respaldo da diretoria pode ser solução para eles. Bordalás é excelente, um dos melhores técnicos do campeonato e tem tudo para fazer dessa equipe um grande fator para competir na Espanha e, quem sabe, na Europa novamente nos próximos anos.
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