A crise do Werder Bremen
O Werder Bremen vive uma das maiores crises de sua história e luta para escapar do rebaixamento no Campeonato Alemão.
Atualmente na penúltima colocação e na zona de rebaixamento da Bundesliga, o Werder Bremen é a grande decepção da temporada no futebol alemão. Por mais que o elenco seja carente em algumas posições, trata-se de um conjunto com certo potencial e com individualidades suficientes para não agonizar por tanto tempo na parte baixa da tabela. Porém, a crise do clube nortenho pode ser entendida a partir de alguns acontecimentos e tem o seu ponto de partida com a saída do atacante Max Kruse, herói da última fuga do descenso dos Werderaner e o jogador-sistema do jovem treinador Florian Kohfeldt.
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Com 25 pontos ganhos, o Werder Bremen está na 17º colocação e na zona de rebaixamento da Bundesliga. Em 29 partidas, o time tem o pior ataque (30 gols marcados) e a pior defesa da liga (62 gols sofridos).
Ademais da saída de Kruse durante a última janela de verão, o Bremen foi acometido por uma praga de lesões no início da atual temporada. Grande parte delas ficou concentrada em jogadores do sistema defensivo, o que obrigou Kohfeldt a improvisar determinadas peças – Gebre Selassie na zaga e Marco Friedl na ala-esquerda, por exemplo – e utilizar jogadores completamente desconhecidos, como o zagueiro Christian Groß, que debutou na Bundesliga com 30 anos. Por fim, Niclas Füllkrug, o teórico substituto de Max Kruse, sofreu uma contusão grave no joelho ainda em setembro de 2019 e deve retornar apenas em 2020/21.
O outro grande problema parte de que Kohfeldt insiste em jogar de maneira igual, mesmo sem poder contar mais com Kruse no elenco. O caso é que o atual jogador do Fenerbahçe era um verdadeiro facilitador atuando como falso 9. Retrasava posição e oferecia linhas de passe para os zagueiros/meio-campistas em saída de bola, desafogava o time, ativava companheiros ao espaço e produzia muitíssimo a partir de sua característica associativa. Em resumo, ele era o sistema ofensivo da equipe.
Na temporada 2018/19, Max Kruse produziu, entre anotações e assistências, 26 gols em 36 partidas disputadas com a camisa do Werder Bremen.
A questão é que o Bremen não possui um elemento como este no elenco atualmente. Milot Rashica (o melhor jogador da temporada), Leonardo Bittencourt e Yuya Osako são o oposto do que representava Max Kruse para a equipe em termos de associação e regularidade. Os três são jogadores mais verticais, relacionados com os metros finais, aceleração e rupturas (Osako ainda oferece apoios e atua de costas para o gol, mas está longe de oferecer alguma continuidade). Josh Sargent ainda é muito jovem, possui bons movimentos sem a bola (desmarques curtos), combina bem quando recebe pelo chão, porém oscila neste sentido e não é um receptor de jogo direto, recurso este que seria importante na hora de saltar pressões adversárias.
Os interiores oferecem pouco com a bola em termos de elaboração. Davy Klaassen se destaca em cenários abertos e em transições (chegando da segunda linha ou finalizando de fora da área), enquanto Maximilian Eggestein é bastante caótico e voltado para pressionar e buscar recuperações no centro do campo. Com isso, Kevin Vogt, contratado em janeiro, é quem possui maior protagonismo com o esférico em iniciação na figura do mediocentro – além de ser chave atuando como zagueiro sem a bola nos sistemas híbridos de Kohfeldt.
Coletivamente, trata-se de uma equipe que tem problemas para defender a área (como foi visto nos gols da derrota para o Eintracht Frankfurt), que comete diversas perdas proibidas no centro do campo e que possui uma fragilidade tática por causa dos movimentos diagonais dos interiores em fase de iniciação ofensiva, algo que contribui para deixar os zagueiros do Werder completamente expostos em uma transição defensiva que já é caótica.
Os jogos depois da paralisação
É possível dizer que a pausa fez bem ao Werder Bremen. Foram duas vitórias, um empate e duas derrotas após o retorno da Bundesliga, sendo que os Grün-Weißen não sofreram gols por três partidas consecutivas até o 0-3 de ontem diante do Eintracht. Além disso, o time reduziu consideravelmente a distância de pontos para Düsseldorf e Mainz. O treinador Florian Kohfeldt permanece fiel à sua ideia de jogo e se adaptando aos adversários. Tanto que o técnico de 37 anos segue adotando a postura de sair de forma curta e elaborada nos primeiros toques e variando os sistemas táticos com e sem a bola.
As variações do Werder Bremen com e sem a bola nos últimos quatro jogos:
Contra o Freiburg: defendeu em 4-4-2; atacou em 4-3-3
Contra o Mönchengladbach: defendeu em 5-2-1-2; atacou em 4-3-1-2
Contra o Schalke 04: defendeu em 5-2-3; atacou em 4-3-1-2 assimétrico
Contra o Eintracht Frankfurt: defendeu em 5-2-3; atacou em 4-3-3
Por fim, o sonho da fuga para os Werderaner vai passar pelo resgate da boa fase de Milot Rashica. O avançado kosovar não voltou bem após a pausa, porém precisou carregar o ataque do Bremen nas costas em boa parte da campanha até aqui. Atuando mais por dentro em comparação aos anos anteriores, ele é uma grande ameaça rompendo ao espaço e conduzindo em velocidade. Recuperar a melhor versão de Rashica nas rodadas decisivas será chave para evitar o rebaixamento de maneira direta, afinal ele é responsável por 10 gols e deu 5 assistências em 29 partidas realizadas na temporada.
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O Werder Bremen tem apenas dois pontos de desvantagem em relação ao Fortuna Düsseldorf, 16º colocado e em posição de repescagem na Bundesliga – enfrentaria o histórico Hamburgo, que está na terceira posição na 2.Bundesliga e é o maior rival do próprio Bremen. A missão está longe de parecer impossível, mas pontuar daqui para frente será crucial para o time de Weserstadion.
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