Como joga o Wolfsburg campeão da Alemanha e forte concorrente ao título europeu?
Depois do título da Frauen Bundesliga e a Copa da Alemanha, chegou a hora do Wolfsburg realizar os enfrentamentos a nível europeu. Afinal, como joga a equipe?
A Frauen Bundesliga se encerrou na última semana, consagrando o Wolfsburg como o grande campeão. O título não foi surpresa para ninguém, já que o time era amplo favorito e retornou da parada pela pandemia do Covid-19 com oito pontos de vantagem em relação ao Bayern de Munique – que protagonizou de início uma disputa mais acirrada contra o Hoffenheim pela segunda vaga na Women’s Champions League da próxima temporada.
Além do título da liga, no último sábado (04/07) o Wolfsburg levantou mais uma taça, o de campeão da Copa da Alemanha. A partida contra o Essen talvez tenha sido mais complicada do que o esperado. 3 a 3 no tempo regulamentar e nada mudou na prorrogação, sendo decidida nos pênaltis.
Apesar do Essen ser uma equipe bastante organizada e com muitos nomes de qualidade principalmente do meio pra frente, o Wolfsburg foi quem tomou o controle da partida, contudo em alguns lances faltou a concentração de rotina – justificável já que alguns dias antes o a equipe comemorou o título alemão – concedendo lances perigosos ao Essen, que acabou criando quase o mesmo tanto de chances de perigo, mesmo ficando menos com a bola – além dos três gols.
A Women’s Champions League retornará no dia 21 de Agosto, já nas quartas de final. O Lyon defende o posto de tetracampeão, mas o Wolfsburg é um dos nomes que ameaçam interromper a dinastia do time francês. O primeiro adversário é o Gasglow, atual campeão escocês – assim como no Brasil, a temporada escocesa se inicia e termina no mesmo ano, e a atual liga foi interrompida com apenas uma rodada e deve retornar em Outubro.
Desde a volta da pandemia, o Wolfsburg realizou dez partidas – sendo oito pela Bundesliga e duas pela copa da Alemanha. Agora mantem os treinos por mais de um mês até o início da competição europeia.
Quando se pensa em Wolfsburg, a artilheira e craque do time é o nome mais falado – e com muitos motivos para isso. Pernille Harder lidera a maioria das estatísticas ofensivas da equipe – e das competições alemãs. É a artilheira do Wolfsburg com 34 gols na temporada. A vice artilheira Pajor tem 19 – além de ser vice-líder em assistências com 8 passes para o gol, líder de chances criadas, passes decisivos e também dribles completados. Se houvesse prêmio de melhores jogadoras essa temporada, seria injusto a dinamarquesa não aparecer entre as três melhores.
O Wolfsburg tem uma das melhores jogadoras do mundo comandando as ações ofensivas do time, mas esse não é o único argumento da equipe alemã para ser tão soberana em território nacional e poder ser considerada uma potente ameaça ao Lyon na liga dos campeões.
Como joga o Wolfsburg?
O posicionamento padrão da equipe dá-se pelo 4-3-2-1 em momento defensivo, mas é incomum o time não ter a bola e se defender principalmente conservando a posse da mesma.
Quando o adversário sai jogando de trás, o Wolfsburg – que se posiciona em bloco médio-alto – se movimenta para encaixar individualmente as jogadoras adversárias, e seguem a incomodar a portadora da bola mesmo quando essa marcação alta é vencida. É um time muito intenso e que dificilmente aceita ser atacado.
Quando recupera a bola, a configuração do time passa para o 3-4-2-1. A lateral esquerda compõe a saída de 3 com dupla de zaga, e a lateral direita avança ou para construir por dentro, ou para atacar o espaço que a camisa 10 abre pelo corredor.
Marcar a saída de bola do Wolfsburg é muito complicado, pois o time cria muitas alternativas para vencer as armadilhas que o adversário possa criar, por isso a maioria de seus rivais opta por esperar em um bloco mais baixo e tentar contra-atacar. Nesse cenário, o Wolfsburg tem um ponto muito forte que é a zagueira Goessling – líder de desarmes e interceptações da equipe – mas também um ponto frágil, a lateral esquerda Bloodworth, que sofre um pouco em transição defensiva.
Quando a equipe adversária tenta sufocar a saída de jogo do Wolfsburg, Goessling busca as meio-extremas em profundidade – Rolf e Huth – e também utiliza da boa presença física de Pajor a brigar com as zagueiras pela posse, tendo Harder à sua frente para pegar a sobra.
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O Wolfsburg se utiliza de dois conceitos clássicos ao “Jogo de Posição”, os conceitos do ‘homem livre’ e do ‘terceiro homem’, ou aqui a ‘mulher livre’ e da ‘terceira mulher’. O primeiro é baseado em atrair e repelir adversários. O time trabalha a posse em um lado específico do campo, somando um número alto de peças pelo setor e trocando passes, com o objetivo de atrair o foco das adversárias e criar uma situação propensa a inverter o lado da jogada, encontrando alguém livre para receber a bola, com espaço e tempo para executar as jogadas.
Já o segundo, consiste em trabalhar as jogadas de modo a criar superioridade numérica, facilitando a progressão. O objetivo é ativar uma jogadora que esteja de frente para a defesa rival, com tempo e espaço para dar continuidade na jogada. Porém, essa jogadora não pode ser acionada num primeiro momento, então é necessário que uma segunda atleta receba e a ative de frente para a jogada.
Se os lados do campo vão muito bem obrigada, é porque iniciando as jogadas, existe Ingrid Engen. Se defendendo faz dupla com Popp à frente da primeira linha de defesa, quando tem a bola, Popp avança para perto de Harder e cabe a Engen conectar os setores a partir da defesa. Ela dialoga com todas as áreas, e mesmo não liderando as principais estatísticas da equipe, é fundamental ritmando o jogo do Wolfsburg.
Quando perde a bola, a pressão pós perda do campeão alemão é bastante intensa. A portadora da bola é sempre muito sufocada. Engen é terceira em desarme, o seu papel em contribuir com a recuperação da bola é fundamental.
O grande desafio para o Wolfsburg na Champions League, todavia, será enfrentar adversários mais fortes. Há anos a equipe domina o futebol alemão, e está acostumada a impor seu jogo diante de adversários que respeitam e se armam para jogar de maneira reativa. A linha alta com que joga o Barcelona – dominante no futebol espanhol – fora um prato cheio para o Lyon na última final, que goleou por 4×1. Vai ser interessante ver as estratégias da equipe diante de rivais que também jogam a partir da obsessão pela posse da bola.
Quem tem um time com tantos argumentos e, principalmente, Pernille Harder, pode sonhar com a taça de campeão europeu. A dinamarquesa é uma das principais jogadoras do mundo, e por mais que os adversários sejam muito aplicados a defender, a habilidade da capitã do Wolfsburg de criar espaços com dribles é acima da média.
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