A nova fotografia do Independiente Del Valle
Entre chegadas e partidas, o Independiente Del Valle mudou consideravelmente seu time desde o título da Sul-Americana. O que foi mexido e qual o impacto destas alterações no time de Miguel Ángel Ramírez?
Antes mesmo do título da Copa Sul-Americana, o Independiente Del Valle já contava com jogadores sob os holofotes do mercado. Conhecido por formar bons talentos e ter um trabalho de base sólido, ao mesmo tempo em que potencializa e aprimora atletas mais experientes, o clube de Sangolquí vem encontrando a receita para prosperar dentro e fora de campo a partir desta soma de fatores. A vitória sobre o Colón em Assunção, entretanto, ajudou a dar ainda mais destaque aos equatorianos.
Entre vendas, emprestados que retornaram aos seus clubes de origem, mudanças por opção técnica e, claro, novas chegadas, o elenco do Del Valle sofreu algumas modificações, entrando para o restante de 2020 com alterações importantes em comparação ao time que conduziu os rayados à glória continental. E nenhum setor passou batido neste processo.
A defesa, principalmente, foi bastante alterada. Da escalação que foi a campo na decisão contra o Colón, apenas o goleiro Jorge Pinos e o zagueiro Richard Schunke permanecem em seus postos. No centro da linha de contenção, o parceiro de Schunke em 2019, Luís Fernando León, foi negociado. Autor do gol que abriu o placar na final de dezembro e um dos pilares do Del Valle nos últimos anos, o defensor tomou o rumo do Atlético San Luís (MEX). Para substituí-lo, o técnico Miguel Ángel Ramírez fixou Luís Segovia, que vinha atuando mais constantemente como lateral-esquerdo, na zaga.
Para a vaga de Segovia, o escolhido foi Beder Caicedo. O lateral chegou ao clube no começo deste ano, proveniente do Barcelona de Guayaquil, e vinha correspondendo em bom nível até o momento da interrupção da temporada, com importante presença nos momentos ofensivos, aparecendo tanto em zonas interiores quanto aberto. No lado oposto, Anthony Landázuri vem sofrendo com problemas físicos desde o início de 2020, e por conta disto perdeu espaço na lateral-direita para Angelo Preciado.
O meio-campo, apesar de contar com apenas uma mudança, sofreu um grande impacto a partir da venda de Alan Franco para o Atlético-MG. Porém, a reposição para o meia de 22 anos manteve o padrão de qualidade. Lorenzo Faravelli desembarcou no Equador levando em seu currículo ótimos momentos no futebol argentino, sobretudo no Gimnasia La Plata recentemente.
A sua dinâmica na intermediária para ajudar a organizar as ações ofensivas na base das jogadas, lançar a bola ao espaço para os homens mais avançados e aparecer na entrelinha vem produzindo boas situações de gol para os negriazules. Ainda, o promissor jovem Moisés Caicedo tem recebido oportunidades nas ausências de Efrén Mera, pintando com um bom potencial para ser o próximo jovem a dar retorno técnico e financeiro ao clube.
Além da chegada de Faravelli e da ascensão de Caicedo, o Independiente Del Valle buscou o argentino Braian Rivero no Newell’s Old Boys. Apesar de poucas partidas com a camisa rayada, a perspectiva de que possa ser uma peça capaz de contribuir ativamente com a equipe ao longo da temporada é alta. Sua característica de grande potência física para ir de área à área, aliada com uma boa visão de jogo, promete ser útil ao longo de 2020 em diferentes contextos.
No ataque, a ida de Cristian Dájome para o Vancouver Whitecaps fez com que boa parte da capacidade de desequilíbrio individual no terço final fosse perdida. A necessidade de pontas de drible, velocidade e vitória pessoal no um contra um é essencial no sistema de Miguel Ángel Ramírez. Para tentar suprir isso, Jacob Murillo foi contratado para a ponta-esquerda, enquanto Jhon Sánchez foi deslocado para a ponta-direita, ocupando justamente o espaço deixado por Dájome.
Apesar de tantas alterações, as ideias vistas em prática na campanha vencedora da Sul-Americana seguem praticamente inalteradas. O jogo de posição com valorização da posse, a criação de superioridades, o uso do conceito de terceiro homem, transições ofensivas rápidas e a variação de comportamentos em fase defensiva permanecem intactos.
O grande desafio é manter a mesma régua de rendimento que levou o Independiente Del Valle ao topo em 2019. Por óbvio, é uma missão complicada e que exige um alto grau de adaptação dos novos jogadores neste processo de mudança. Porém, o ingresso em um modelo já consolidado e a pouca pressão por resultados podem ser fatores positivos para uma nova trajetória de sucesso.
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