Como Stefano Pioli virou um dos melhores técnicos da Itália

Como o treinador emiliano superou a desconfiança e agora é exaltado pelo sucesso rossonero

Outubro de 2019. Após a polêmica saída de Marco Giampaolo do Milan, Stefano Pioli foi escolhido para comandar a casamata rossonera. O nome já foi imediatamente rechaçado pelos tifosi milanistas por ser interista, não ter bons resultados até ali, não ter preocupações defensivas, o sistema ofensivo não funcionar tão bem..

Na época, se poderia pensar que o Milan tinha escolhido Pioli porque seu histórico era de sempre procurar trabalhar com as opções que se tem disponíveis no elenco, razão pela qual a Inter chamou-o em 2016–17 para o lugar de Frank De Boer, sendo descrito como um “normalizador”.

Primeiro, Pioli com seu trabalho, especialmente no período pós-lockdown, superou os temores do segundo ano, que costumeiramente em suas experiências anteriores, era o período em que o desempenho caía. Em suas experiências anteriores, Stefano Pioli conseguiu impor suas ideias de jogo vertical apenas em alguns momentos, seu futebol frenético e quase nunca normal, apesar de muitos insistirem em chamá-lo de normalizador.

As suas equipes sempre tiveram picos muito elevados de desempenho, como na Inter e na Fiorentina, ou em todo o caso momentos de grande forma, como no seu período na Lazio, mas no final esses pontos de desempenho sempre se mostraram curtas, improvisadas. 

O debate sobre a maldição da segunda temporada voltou à tona por volta de fevereiro, num dos poucos momentos de nebulosidade acusados ​​pelo Milan nos últimos dois anos: os rossoneri perderam para o Spezia e depois o Derby com a Inter, e justamente por essas derrotas foram ultrapassados ​​pelos nerazzurri no topo da classificação.

Mas essa queda de desempenho foi superada com o Milan garantindo sua volta a Champions League. O fato dos rossoneri terem se recuperado desse período negativo, de ter voltado à Champions League e também terem começado bem esta terceira temporada com o treinador, pode demonstra como o técnico emiliano deu o passo decisivo em sua carreira.

Aos 56 anos, Pioli tornou-se um técnico capaz de criar um projeto de sucesso em uma grande equipe e acima de tudo realizá-lo, podendo aprimorar-se. “O Pioli cresceu muito em comparação com quando treinava a Fiorentina. Já em Florença, após a trágica morte de Astori, ele deu um grande salto de qualidade na gestão do grupo, mas agora está completo em todos os aspectos”, disse Massimo Ambrosini ao Corriere Fiorentino nos últimos dias.

A questão é justamente esta: em Milão, Pioli dá a sensação de ter — finalmente — encontrado um clube decidido a confiar-lhe uma equipa constituída de forma contemporânea e coerente. E é um discurso que se aplica às suas ideias tático-filosóficas, mas também ao modelo de desenvolvimento desenvolvido pelo clube, baseado no crescimento dos jovens, na valorização do talento, que demoraram, mas deram resultado a ponto dos rossoneri dispensarem um acerto com Ralf Rangnick.

Uma de suas melhoras foi vista na questão do tratamento de elenco, em que vale destacar o trecho do texto de Gianluca Cedolin para a revista Undici, que serve como referência para este texto, em que demonstra “Como Stefano Pioli se tornou um dos melhores treinadores italianos”:

Estas etapas, evidentemente, permitiram a Pioli construir uma grande inteligência na gestão do grupo: “Parece que é seguido com determinação pelos seus jogadores”, disse Marcello Lippi, entrevistado pela Gazzetta dello Sport . “Vejo muito Ancelotti nele: ele tem sabedoria, humanidade e imaginação quando precisa”, completou. Graças à sua capacidade de fazer uma frente unida, todos os jogadores, não apenas os mais jovens, tiveram suas chances e cresceram muito: talentos como Brahim Díaz, Rafael Leão e Tonali, esperados e estimulados por Pioli, estão se tornando jogadores de nível europeu; elementos que no passado nunca foram completamente convincentes, como por exemplo, Calabria e Kessié, tornaram-se as colunas da primeira colocada da Série A; veteranos como Ibrahimovic e Kjaer encontraram estímulo e grande desempenho. E depois, as muitas vitórias obtidas pelo Milan em condições de emergência, mesmo com cinco ou seis jogadores lesionados: isso também é um sintoma de profunda harmonia, de grande clareza de planejamento.

Vale ressaltar que em campo, Pioli segue atualizando conceitos e variações táticas. O ambicioso uso de laterais na fase de construção, os momentos de intensa pressão alternando com fases de cuidadosa defesa posicional, as trocas de posições entre os jogadores da linha de frente, os diferentes usos de Giroud e Ibrahimovic, a possibilidade de construir por trás e de repente verticalizando essas são todas as soluções que transformaram o Milan em um time moderno. 

É claro que agora Pioli e Milan são aguardados pelo passo mais difícil: tentar vencer na Itália e se voltar tornar uma presença estável na Champions League, por exemplo, além de retornar ao caminho definitivo das taças, importantíssimas para um clube tão vencedor, embora não sejam tudo para definir um grande trabalho.

Como bem ressaltado pelo texto de Gianluca Cedolin, se olharmos o impacto de Pioli no mundo rossonero, o quanto ele valorizou o status de uma equipe e de todo um grupo de jogadores, então já hoje deve fazer parte do círculo dos grandes treinadores italianos. O entusiasmo que reina em San Siro, inédito nos últimos dez anos, deve-se não só ao jogo expresso pelo Milan, mas sobretudo à sensação de que o clube finalmente tem um projeto forte e com visão. 

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