Qual a melhor solução para o futuro da Serie A e do futebol italiano?
Um debate sobre as possíveis soluções para essa temporada da Série A, da Coppa Italia e das copas europeias
Todos sabem da pandemia de coronavírus pelo mundo, e que em meio a tudo isso, pela primeira vez em 100 anos, se abre a possibilidade de uma temporada da Serie A não acabar, sendo a última, em 1916–17, interrompida pela Primeira Guerra Mundial.
Mas, e agora, o que a liga poderia fazer em meio a essa pandemia? É claro que para se jogar, tudo depende da medida em que os casos do COVID-19 crescerem ou não a cada dia em território italiano, embora o número de mortes pareça cair nos últimos dias.
É preciso ver primeiro até onde a quarentena italiana irá se desenrolar, podendo chegar até maio e perto de ser prorrogada nos próximos dias. Mas mesmo assim, espera-se de forma que se consiga terminar a temporada 2019–20, e planejar a temporada 2020–21 de forma que se consiga realizar a tão sonhada Eurocopa itinerante, ainda com abertura em Roma.
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Neste momento, haveriam grandes possibilidades para o que fazer com o campeonato. Vamos analisar as possíveis hipóteses, com prós e contras para cada situação discutida nas atuais situações que são faladas nas reuniões por vídeoconferência nos últimos dias.
Hipótese: Fim da temporada 2019–20 sem campeão e rebaixados
PRÓS: Poderia não ser justo definir um campeão com uma distância tão curta entre os líderes, tendo em vista que ainda faltaria o confronto direto entre Juventus e Lazio, por exemplo. Na luta pela vaga na Champions e Europa League, ainda faltariam duelos diretos importantes, e na luta contra o rebaixamento, o Lecce, que nesse momento está atrás do Genoa apenas no saldo de gols, sairia fortemente prejudicado.
Neste caso da luta na parte de baixo da tabela, a anulação do rebaixamento sairia justa para quem não teria a chance de se recuperar em confrontos diretos, e que uma luta como essa sendo decidida no saldo de gols e sem todos os jogos poderia ser mais injusta.
CONTRAS: Uma liga sem campeão poderia fazer a Lazio, de Claudio Lotito, um homem tão forte na liga quanto o juventino Andrea Agnelli, chiar fortemente. E quanto aos rebaixamentos, alguns esfregam as mãos para se beneficiar da incompetência em campo, como seria o caso dos desesperados, mas fora da zona, Genoa e Sampdoria, ou de outros com dirigentes fortes, como Brescia, Lecce e Spal.
Neste caso, Em um calendário com uma Eurocopa, um campeonato de 42 rodadas e 22 clubes, já que neste contexto subiriam dois, seria praticamente inviável para a classificação. Além disso, simplesmente a anulação da temporada seria um duro golpe em algumas equipes, como a própria Lazio, que poderia ser prejudicada não apenas na frente da luta pelo título, como na luta pela Champions League.
Hipótese: Terminar a temporada 2019–20 como está, com campeão e rebaixados
PRÓS: Tentaria se resolver de um modo mais esportivo o possível para a questão, valorizando o esforço dos primeiros colocados, e tentando resolver do modo mais realista possível um campeonato que já não terá festa de campeão de todo modo, e assim poder resolver o campeão para a futura edição da Champions League, assim como as vagas europeias, e poderia fazer a troca dos rebaixados (Lecce, Spal e Brescia) pelos ascendentes (Benevento, Crotone e Frosinone).
CONTRAS: Entra no mesmo fato dos prós do fim da temporada sem campeão e rebaixados. Se no lado do campeão já seria injusto seja com a Inter, com jogo a menos, seja com a Lazio, a 1 ponto e com um confronto direto contra a Juventus, imagine na zona de rebaixamento com uma situação em que o Lecce, tendo confrontos diretos por jogar, cairia sem fazê-los e ainda sendo rebaixado. Além disso, faltando 12 rodadas, falta 40% do campeonato para ser jogado.
Hipótese: Temporada 2019–20 seria terminada através de mata-matas para definir campeão, vagas europeias e rebaixados
PRÓS: Seria uma tentativa de se resolver em campo a temporada. Em caso de playoffs apenas para o Scudetto, um final four é possível. Se quiser definir as vagas para a Europa, se pode usar o modelo clássico de mata-matas dos esportes americanos, e das ligas nas Américas, atualmente em vigor apenas em México e Colômbia, e que no passado foram famosos em Chile e Brasil, com oito classificados, o que poderia fazer com que dos quatro confrontos, já se definissem os classificados para a Champions League.
Esportivamente poderia ser a salvação até mesmo para a televisão, que teria grandes audiências e poderia recuperar um pouco de um eventual prejuízo em cotas pagas aos clubes.
CONTRAS: É sagrado para os europeus, não apenas os italianos, o campeonato sem mata-matas. Quando se cogitou o fato da Atalanta participar de um final four, se lembra que a distância dos bergamascos para a Juve é maior que a distância para o Verona, sétimo colocado. Além disso, poderia ser um problema em termos de televisão para times como o Sassuolo e o Cagliari, que em caso de campeonato encerrado, passaria longe da vaga para os mata-matas, e passaria longe de ter que disputar um playout, ou mesmo um torneio da morte para definir os rebaixados, e passam ainda mais longe de chances de Scudetto e Europa.
Nesta questão de televisão, embora o mata-mata pudesse dar audiência e diminuir o prejuízo, a TV, que pagou por 38 partidas, talvez pedisse uma redução para hipotéticos 32 jogos para os finalistas da competição, considerando que estes teriam suas cotas reduzidas.
OUTRAS QUESTÕES NA SÉRIE A
Algumas outras questões permeiam a temporada. Primeiro, a questão da Serie B. Se cancelado o rebaixamento, quantos subirão? Por ora, Gabriele Gravina, presidente da FIGC, negou uma Serie A com 22 clubes, o que seria inviável em termos de calendário pensando em 2020–21 (ou mesmo 2021 em ano solar, não podemos descartar que o calendário europeu se adeque a isso).
Pensando na atual edição da Serie B, a única unanimidade seria o acesso do Benevento, pela grande campanha que tem feito. Mas como fazer faltando 12 rodadas e uma distância de 9 pontos entre o vice-líder Crotone e o nono colocado Empoli, e um bolo enorme na luta pela segunda vaga? E os playoffs da B?
Além disso, a questão da Coppa Italia: como fazer as três partidas restantes? Fazer um Final Four em campo neutro, como cogitado? Cancelar a Coppa Italia, o que no país não houve precedentes, mas há precedentes em locais próximos, como a França?
Um x da questão: como definir as vagas na Champions League? Até porque, é um problema que acontecerá além do Napoli na Itália, com o Atlético de Madrid na Espanha, e com o Lyon na França, de clubes que estão vivos no mata-mata europeu, mas que poderiam ficar fora da próxima competição por não estar entre os classificados pelas ligas locais (e que poderia abranger o Tottenham na Inglaterra também).
A Champions League e a Europa League, a partir daí, teriam três hipóteses em caso de não-conclusão do campeonato. Uma, seria classificar através da média do coeficiente UEFA. Outra, seria classificar de acordo com a classificação na atual edição. E a terceira, classificar em base nos competidores italianos da temporada 2019–20 em campos europeus.
Mas cada uma dessas situações gera um problema. Classificar por competições europeias de 2019–20, deixaria a Lazio, na briga pelo título, de fora da Champions, embora a fizesse jogar pelo menos a Europa League, e poderia fazer o Torino, longe da briga no campo nessa temporada, ter uma vaga na Europa que hoje seria do Verona.
Em caso de se manter a classificação, quem poderia chiar seriam Roma, Napoli, Verona e Milan, com chances matemáticas, embora curtas de se alcançar a Atalanta, já que Juventus, Inter e Lazio estariam mais bem encaminhados. E neste caso, o Milan poderia chiar em dobro, afinal, seria uma chance hipotética
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E em caso de classificação pelo coeficiente, geraria um outro problema com Lazio e Inter ficando fora da competição, tendo os interistas apenas 500 pontos a menos que a Atalanta na classificação geral do coeficiente, e que daria vantagem na briga para Roma e Napoli.
O futuro do campeonato deve ser definido (ou não) em uma reunião no dia 3 de abril em videoconferência. Por ora, o ministro do Esporte italiano, Simone Spadafora, proibiu partidas até o dia 30 de abril no país, o que facilmente será cumprido.
Por ora, as ideias principais estão em tentar continuar o campeonato, e deixando de lado a ideia de uma próxima liga com 22 equipes e de um hipotético mata-mata para a definição da temporada 2019–20. Mas não se sabe até onde esse ponto pode ser abandonado ou não, a depender da evolução da pandemia.
Após todas as oportunidades analisadas, por fim, é uma situação extraordinária, em que certamente alguém terá de ceder seus interesses para que a competição termine. Se é que poderá ser concluída. Mas certamente, em meio a pandemia global, e o combate ao coronavírus, esta não deverá ser a grande preocupação do mundo no momento.
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