Igli Tare e Simone Inzaghi: cérebro e mãos da Lazio
Gastando pouco mais de €20 milhões nas últimas cinco temporadas, a Lazio retorna a disputa da Liga dos Campeões sob o comando de Simone Inzaghi e Igli Tare nos bastidores
Igli Tare, de nome assim você não irá lembrar, mas foi centroavante da Lazio e de poucos gols. Em 46 jogos pela Serie A, teve apenas 5 gols marcados e muito mais respeito pela luta do que futebol jogado. Hoje ele é um dos homens fortes dos Laziali, responsável pelas contratações como diretor de futebol desde a temporada 08-09. Pegou um clube de meio de tabela, costumeiramente, mesmo que uma temporada antes Delio Rossi tenha colocado o clube em um terceiro lugar.
Agora com Simone Inzaghi no comando desde 2016, a Lazio briga por vagas na Europa e títulos italianos. Mesmo não conseguindo abalar o Scudetto juventino, são duas Coppas Italia e uma Supercopa. Com um clube que é tradicional, mas não grande, é muita coisa em quatro temporadas. E por isso que os trabalhos são acima da média.
Mas é bom lembrar: Simone Inzaghi no comando é fruto de uma divergência entre Marcelo Bielsa e a diretiva da Lazio. Mesmo com as quatro vitórias em sete jogos, o argentino era o plano A de Lotito que transferiria Inzaghi para a Salernitana. Tudo mudou logo que Lotito não contratou os seis jogadores de Bielsa. Passou muito tempo, os trabalhos se fundiram e hoje um não vive sem o outro.
Claudio Lotito, presidente da Lazio, é visto pelos torcedores como o “Ladrão de Sonhos” em protestos. Lotito pegou um clube com dívida fiscal de €140 milhões, acumulada na gestão de Sergio Cragnotti e a empresa Círio. Sergio foi preso a época e a empresa, que era dona de 50,9% da Lazio, quebrou. Deixando o clube em obrigação de austeridade.
A Lazio tem uma política de transferências muito sustentável em um país que não chegou o dinheiro da La Liga ou Premier League. Tare trabalha no mercado com a margem de erro menor possível. A Lazio tem a sexta folha da Serie A italiana, gastando €72 milhões por ano. É um valor baixo fazendo a comparação com a Juventus, octacampeã e sempre uma das favoritas a Champions League, €294 milhões. Do limão a limonada.
Da temporada 15-16 até 19-20 não gastou mais de €20 milhões em nenhum jogador. O que mais se aproximou da cifra foi Sergej Milinkovic-Savic que, na época, era um prodígio e que já assumiu o posto de craque e titular do time em menos de uma temporada. Immobile, hoje artilheiro da Serie A com 30 gols em 33 jogos, chegou depois de um flop no Sevilla por €9 milhões. Sete dos onze titulares custaram menos de €10 milhões.
Dentro de campo a Lazio melhora de acordo com os anos. Não espere um time inovador, pressão alta e mirabolantes saídas de bola. Simone Inzaghi não abre a mão do seu 3-5-2 em bloco baixo, ganhos de segunda bola e jogo direto. Luis Alberto, outrora flop em um Liverpool que carecia de boas ideias, duela com Papu Gomez pela liderança de assistências. O espanhol tem 15 contra 16 do argentino. É uma força criativa no ataque, junto com Joaquin Correa, outro flop que foi pescado na La Liga e hoje brilha na Serie A com o contexto e trabalho. Tudo isso para potencializar Immobile, que hoje é o melhor atacante da Serie A.
Por outro lado, a Lazio tem uma das piores defesas no big 6: são 37 gols sofridos em 34 jogos. Se em temporadas passadas com de Vrij e Bastos sofria menos gols, com a adaptação de Vavro e a inconstância de Luiz Felipe, é um problema. Mesmo que as alas tenham melhorado, principalmente, com Lazzari que chega da SPAL.
A celeste de Roma irá jogar a fase de grupos na Champions League na próxima edição, o que não acontece desde 2007. Essa temporada será a do “e se?” a Lazio vinha antes da parada brigando ponto a ponto com a Juventus. A parada pela pandemia foi um freio no sonho da Capital que não ganha um título desde 01-02 com a Roma, um ano antes a Lazio tinha levado título com um Juan Sebastián Verón, Nedved, Mihajlovic, Simeone e o próprio Simone Inzaghi. O título não virá, mas a chave virou.
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