COMO É SER TREINADOR NO BRASIL

Por Camila Aveiro Lima É muito comum ouvir falar no Brasil que ser treinador de futebol não é fácil. Estamos no mês de abril e já somamos um total de nove trocas em times que disputam a série A do Campeonato Brasileiro e a própria CBF estuda uma proposta pra diminuir esses números (o Atlético Mineiro […]

Por Camila Aveiro Lima

É muito comum ouvir falar no Brasil que ser treinador de futebol não é fácil. Estamos no mês de abril e já somamos um total de nove trocas em times que disputam a série A do Campeonato Brasileiro e a própria CBF estuda uma proposta pra diminuir esses números (o Atlético Mineiro vai caminhando para seu oitavo treinador desde o inicio de 2016, por exemplo).  Insegurança no cargo é uma das características que assombram nossos comandantes, com fortes cobranças que começam desde os torcedores e viram manchetes na imprensa.  Além de problemas como pouco tempo de trabalho devido a um calendário cheio de jogos e uma pré-temporada muito curta, essa instabilidade também passa por dois fatores: experiência x medalhões, a academia x a prática. Parece não haver lugar para os dois e, assim como em outras áreas da vida, no futebol  o conhecimento ou estudo não é tão bem vindo.

Diante disso, resolvemos dar voz a eles, que são de fato protagonistas nesse contexto e provam dia a dia que é difícil ser treinador de futebol nessas terras tupiniquins. Conversamos com o Rodrigo Leitão, ex-treinador da equipe sub20 do Santos, doutor em ciências do esporte e professor da CBF Academy.


ACADEMIA X PRÁTICA

Footure: Rodrigo, hoje nas redes sociais observar-se que há uma certa resistência com o conhecimento no futebol e você é um cara que vem da universidade, tem doutorado, ministra cursos na CBF Academy e tem um amplo número de publicações acadêmicas. Nesse contexto você sofre ou já sofreu desse tipo de resistência por não ser um ex-atleta de alto rendimento e/ou por ter tanto conhecimento teórico sobre o jogo?

Rodrigo Leitão: Sempre tive os pés no campo e na quadra. Futebol e Futsal sempre fizeram parte da minha vida. Primeiro jogando. Depois como treinador. No começo, quando jogava, a prática era um fazer por fazer. Sem entender bem “como?” e “por quê?”… A Universidade para mim sempre foi um dos caminhos para construir bases críticas para encontrar respostas… Respostas que só poderia encontrar no dia-a-dia de treinos e jogos… na prática; mas com base crítica – aqui a importância da Universidade.

Por isso para mim, não faz sentido separar “teoria” e “prática”. Prática boa de verdade, eficiente e eficaz só existe com entendimento do que está sendo feito (como, porque, quando, com quem, etc.). Prática sem entendimento é “jogar para a galera”, entregar o resultado totalmente para o acaso. Teoria sem prática é reflexão sem finalidade, não se sustenta na realidade, é perda de tempo.

O conhecimento é um recurso importante para saber porque uma coisa pode ou não dar certo na prática.

Então no final das contas o que eu sempre busquei foi tentar tornar o conhecimento uma oportunidade. Oportunidade para trabalhar melhor. Oportunidade para melhores resultados esportivos. Oportunidade para estar na ponta.

Agora se há quem prefira buscar vantagem na crença, no aleatório, no acaso, no achismo para melhorar a prática, atingir resultados melhores, ok. Hoje busco no conhecimento. E não só nele. Mas nele também e com grande entusiasmo.

Tenho um sentimento de grande satisfação e felicidade por ter cursado o Colégio Técnico (COTUCA) no ensino médio e depois entrado na UNICAMP, de ter me graduado, feito mestrado e doutorado. Conheci muita gente no colégio técnico e na universidade, fiz muito amigos, aprendi coisas marcantes que hoje são muito úteis.

Não vou negar o conhecimento e não vou esconder a minha história acadêmica porque o ambiente prefere criar estereótipos para subtrair o valor das coisas.

Especialmente porque a minha satisfação não tem relação com titulação ou coisa assim… Tem relação com meus pais. Mesmo com todas as dificuldades familiares, escola e educação, na simplicidade deles, sempre foram prioridade em casa…

Então para mim, me formar na Universidade, além de tudo é simbolicamente uma retribuição ao esforço e ao empenho deles… não só pela cobrança, criticidade e confiança, mas por terem conseguido semear o prazer pelo estudo, pelo conhecimento, pela dúvida…

Então quando vejo alguém desdenhando o conhecimento, a escola, a universidade o que posso pensar? A ignorância gera confiança com mais frequência do que o conhecimento (efeito Dunning-Krugger)…

Ainda falando da tua formação acadêmica, quais foram tuas maiores dificuldades em sair da teoria para a prática? E o que a prática mudou da tua visão teórica sobre o jogo?

As crenças são muito mais fortes do que os fatos quando vivemos em um ambiente de negação do conhecimento (e aqui não falo só de futebol). A recusa e o ataque ao conhecimento fazem com que quando uma crença é estabelecida, ganhe força a tendência de favorecer evidências (superficiais) que a confirmem.

Então por mais que meu currículo como treinador trouxesse (e continue trazendo) evidências de uma carreira bem-sucedida, com conquistas esportivas e reconhecimento pelo trabalho desenvolvido, ainda (no início) tentava brotar certa resistência no ambiente… Resistência alimentada por crenças e não por fatos.

Paciência… crença cada um tem a sua…

Por isso apesar do meu histórico no futebol de base e futsal como jogador, num primeiro momento isso ficou em segundo plano. Foco total no fato de eu ter uma vida acadêmica, como se isso fosse algo ruim. Doutorado!? Para quê?

Mas nada resiste ao bom trabalho e aos resultados. Claro não podemos perder o entusiasmo porque as dificuldades vão sempre estar à frente. Cada um com a sua…. Elas são bem customizadas e vão nos afetar…. Temos que escolher como vamos permitir que elas afetem…. É uma escolha…

Quais são as tuas referências de estudo no futebol e em quais treinadores tu se inspira? Você sente falta de conteúdos produzidos por brasileiros sobre futebol?

Há coisas que têm relação e há coisas que não têm relação direta com futebol, que me ajudam a construir e avaliar permanentemente o que penso sobre ele.

De qualquer forma minhas principais escolas são inegavelmente o Futsal, a Academia e o Campo propriamente dito.

O Futsal pela experiência como atleta e depois como treinador na AAA XV de Julho. Ação no espaço curto, drible rápido, antecipação de movimentos, dinâmica intensa, máxima manifestação da ótima técnica em um ambiente altamente tático, de grandes exigências físicas e emocionais… O campo e o jogo de futebol possuem vários “futsais” dentro deles.

A Academia porque colocou no mesmo ambiente e me apresentou pessoas fantásticas que me ajudaram a fazer as perguntas certas… João Batista Feire, Paulo Roberto de Oliveira, Ídico Pellegrinotti, Denise Vaz de Macedo, Antônio Carlos de Moraes, João Paulo Medina, Roberto Paes, Luiz Barco… Pessoas que me ajudaram a entrar em contato com diferentes áreas do conhecimento…

E claro, o Campo porque me abriu as portas para levar ideias para a prática, para fazer diferença… me colocou em contato com jogadores espetaculares que jogam em alto nível no Brasil e na América do Sul, que jogam UEFA Champions League, Copa do Mundo FIFA… me apresentou e me colocou no mesmo ambiente com treinadores com diversas formas de pensar futebol… Me levou (e continua me levando) a conhecer outros países, outras culturas futebolísticas, outras competições… me apresentou pessoas que eu não imaginava que pudesse conhecer tão de perto.

E nesse contexto todo há treinadores que gosto muito de acompanhar, analisar, que são inspiração e fonte de estudo. Quando comecei a formalmente me envolver com o lado técnico do futebol, minhas primeiras referências foram o Vanderley Luxemburgo, o Carlos Alberto Parreira, e o Felipão. Depois também passei a acompanhar muito o Mano Menezes e o Tite… E por diversos motivos especiais o Fabio Carille mais recentemente. Dos estrangeiros sempre tive muito interesse pelos holandeses Guus Hiddink e Louis van Gaal, pelos argentinos Diego Simeone e Jorge Sampaoli (desde a época da Universidad de Chile) pelos italianos Massimiliano Allegri e Maurizio Sarri (esse mais recentemente desde a época do Napoli), pelo português José Mourinho (desde o Porto), pelo espanhol Josep Guardiola (desde o FC Barcelona).

Eu acrescentaria, se me permite, ainda dois treinadores que não são do futebol. O Bernardinho e o Zé Roberto Guimarães do vôlei.

Todos os nomes que disse representam referências bem ecléticas (no que diz respeito ao que cada um deles têm como ideia de jogo). Todos me servem de referência, inspiração e estudo.

Então você poderia me perguntar por quê referências tão distintas, se a minhas equipes na base sempre tiveram uma assinatura específica, de imposição com bola, de jogo apoiado, de empurrar o adversário para o seu campo? Não faria mais sentido um tipo típico de referência, nessa direção?

Não. Há conteúdo, encantos e ideias em cada forma de jogar, e todos que mencionei atingiram a excelência na forma que assinam (ou assinaram) como treinadores. É a excelência que me interessa no trabalho deles… não me importa a forma. Aqui não se trata do que eu gosto ou prefiro…

CULTURA BRASILEIRA X DIFICULDADES

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Futebol em cada país tem suas peculiaridades. Na Alemanha, por exemplo, há uma forte cultura de contra-ataque. Se você pudesse caracterizar o futebol brasileiro como seria?

No mundo atual, com a velocidade em que viaja a informação, com a possibilidade de ter acesso quase instantâneo a novidades (sobre treino, sobre jogo, sobre jogadores, sobre tecnologia, etc.) passamos a enfrentar um desafio que preocupa. Se por um lado temos acesso rápido ao que queremos, por outro estamos nos tornando incapazes de filtrar a boa informação e separá-la da má informação. O biólogo Edward Osborne Wilson (professor em Harvard) tem uma frase mais ou menos assim “estamos nos afogando em informações e famintos por sabedoria”. Não temos mais certezas. Não porque elas não sejam admissíveis. Mas porque há uma diluição dos fatos, que misturados a um sem número de informações se liquidificam e já não podemos mais ter clareza sobre as coisas…

Porque digo isso tudo? Primeiro porque não creio que podemos mais dizer bem o que é o futebol desse ou daquele país como todo… Claro que existem identidades… mas elas também foram de diluindo, pelo tempo, pela percepção das pessoas, pela história, pela evolução do jogo…

Portanto vou caracterizar o futebol brasileiro seguindo meu filtro de informações, baseado no que vi, vejo e participo.

É fácil pensarmos no futebol brasileiro como o futebol do gosto pela bola, do ótimo trato com ela, da procura pelo um contra um, do drible… do fazer o adversário correr atrás…

Há pessoas hoje no Brasil fazendo levantamento com imagens e vídeos para estabelecer de fato um memorial do nosso jogo. Eu tenho assistido jogos das Copas desde 1970. Percebo que quando o recuo para o goleiro pegar a bola com as mãos passou a ser proibido (1993) muitas coisas foram sendo desencadeadas. Não fazia sentido até então por exemplo, para jogadores e equipes, adiantarem a marcação para tentar roubar a bola dos defensores adversários. Bastava um recuo para o goleiro e pronto.

Por isso a bola avançava mais fluida pelo campo de jogo, mesmo para jogadores com uma relação mais turbulenta com ela. Encontrávamos os meias, que encontravam passes de infiltração ou que carregavam a bola… Na Copa de 1994 as equipes estavam transitando na regra. A Seleção Brasileira conseguiu se colocar, se adaptar. Daí para frente as coisas foram mudando bastante, e muitas estratégias passaram a ganhar frente.

Os sistemas de marcação melhoraram. Por vezes se adiantaram. Por vezes fecharam os espaços defensivos para forçar os erros, e afim de evitar confrontos de um contra um. Para quem tinha a bola, coloca-la o tempo todo em disputa passou a ser uma solução válida e valiosa.

Gostamos da bola? Do bom trato com ela? Gostamos de fazer correr e não de correr atrás? Gostamos do drible? Gostamos de colocar o adversário no campo de defesa? Gostamos de ver gols, jogadas plásticas, inusitadas e criativas?

Esse é o futebol brasileiro? Ou esse é o futebol do nosso imaginário coletivo?

O que sei é que esse é um futebol possível se nos permitirmos a ele, entendendo os contextos atuais.

Não podemos negar a nossa história (a histórias dos fatos!), mas não podemos ficar amarrados ao passado… Parece que estamos buscando ver o “ataque do passado” enfrentando o “sistema defensivo do presente”… Aí não vamos conseguir…

Sabemos que o futebol brasileiro sofre com uma cultura que visa o resultado até de maneira imediatista, com um alto número de demissões de treinadores durante o ano. Dentro desse contexto quais as maiores dificuldades que você encontra sendo treinador de futebol por aqui?

Não tem como fugirmos do resultado. É o que importa. Mas quais os caminhos para o resultado? Muitas vezes colocamos como se o “jogo bem jogado” não fosse um jogo de resultado. Para mim ele é também. O nosso desafio é conseguir alcançar muito rapidamente o desempenho. Não vamos mudar o tempo, o imediatismo. Então ao invés de tentarmos brigar com ele, precisamos adequar a realidade ao tempo disponível. Treinar melhor, conseguir desempenho mais rápido. A questão é que há muitas coisas além do treino, da qualidade do trabalho de campo que interferem diretamente no resultado esportivo. Então o treinador tem muitas preocupações que estão para além do jogo e do treino propriamente ditos. Está no preço… Mas talvez pudesse ser diferente… Quando resolvi migrar do foco voltado para as categorias de base, e direcioná-lo ao futebol profissional, comecei do zero novamente. Muda o ambiente. Muda a situação. Só não muda o fato de que vencer é determinante, então a única coisa em comum: é preciso continuar vencendo. É um processo de transição dentro de um contexto de reconstrução. E estou mergulhado nele. Atuando como auxiliar técnico e como treinador. Na base, muitas conquistas esportivas e formativas. Sucesso, espaço! Mas o teu currículo não se transporta automaticamente ao futebol profissional. Tenho consciência disso desde o início das minhas atividades com futebol em 1999. Por isso aproveito todas as oportunidades para me desenvolver e não como garantia para o amanhã. Aos poucos estou conquistando um novo espaço e criando oportunidades a partir dos resultados.

Todo mundo reclama do calendário do futebol brasileiro, onde a pré-temporada é muito curta e há um excesso de número de jogos. Como se adaptar a tudo isso dentro do planejamento macro de uma equipe? Quais sugestões você tem para melhorar a nossa estrutura?

Os clubes de ponta têm cada vez mais na sua estrutura, profissionais muito bons compondo um corpo técnico multidisciplinar (corpo técnico e administrativo!) pronto para gerenciar mais e melhor a alternância do desempenho individual e coletivo dos jogadores ao longo da temporada. Somos excelentes nisso no Brasil. Sustentar o desempenho em alto nível, por tanto tempo, levando em conta todas as variáveis intervenientes – que incluem o sério problema de perda de jogadores ao longo do ano, que vão jogar fora do país. Há clubes que aprenderam a “jogar” fora das quatro linhas de acordo com as regras do ambiente. Mais uma vez, uma adequação em excelência, para ser muito bom dentro do contexto do cenário apresentado. Antecipam… Por isso sofrem menos as consequências negativas das variáveis intervenientes. Então o investimento em conhecimento técnico e administrativo é uma solução; já encontrada por clubes de ponta. Mas ao meu ver, é preciso que mais duas coisas estejam presentes para maiores sucessos esportivos: 1) que os clubes tenham clareza do seu projeto esportivo, e façam gestão profissional dele; 2) e principalmente: que haja empoderamento do treinador! O treinador precisa se empoderar e ser empoderado. Nos momentos críticos, nas decisões difíceis, no trânsito com as diversas áreas de um Clube de futebol, o treinador empoderado consegue ir além. E consegue levar seus jogadores e equipe além também. É claro que o empoderamento do treinador, no cenário do futebol moderno e atual, exigirá novas responsabilidades e competências… Mas isso é um outro assunto…

CATEGORIAS DE BASE X PROCESSO DE FORMAÇÃO

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Ultimamente perdemos vários talentos ainda muito cedo, como o caso do Rodrygo do Santos, por exemplo. O que isso implica no nosso modelo de formação de base e no nível de jogo apresentado pelas equipes brasileiras?

Os clubes precisam ter clareza sobre qual é o papel de suas categorias de formação. Há os que têm, e conseguem retorno esportivo, financeiro ou as duas coisas. Há os que não têm – aí, categorias de formação = despesas, gastos. De qualquer maneira continuamos formando e despertando interesses de outros mercados. Mas “formar’ e “revelar” apesar de variáveis da mesma equação, são tratadas como se não fossem. Então por uma série de motivos, há clubes que formam e não revelam e há os que têm tradição em revelar. Mas seja qual for o cenário o viés econômico, mais do que o esportivo, acaba sendo o norteador das decisões. E isso só é um problema porque na maior parte das vezes o viés esportivo concorre com o econômico (e vice-versa)… Em uma boa gestão e em um processo bem definido e organizado as coisas deveriam se somar.

Sobre as implicações no nível de futebol apresentado pelas equipes no Brasil, penso que há muito mais coisas que interferem no jogo que se escolhe jogar… O treinador precisa se empoderar para que possa ter a dimensão técnica como norte das suas escolhas. E o processo de empoderamento pode ser lento se o ambiente disputa poder com ele. E quanto mais lento, mais o futebol ficará a disposição de um tipo de jogo (que pode ou não ter bons conteúdos). Portanto há conteúdos para se colocar em jogo, escolhendo jogar do jeito “A” ou do jeito “B”. Precisamos avaliar se eles estão presentes. Não tenho dúvidas que há equipes com ótimo conteúdo de jogo no Brasil, mas também não tenho dúvidas de que há muitas com jogo empobrecido…

O nível de escolaridade dos nossos jogadores aliado a uma geração que não brinca mais de futebol na rua influencia no teu processo de treinamento? O que tu pensa como ideal para a formação de base de um jogador?

As gerações estão mudando. Em um elenco de jogadores de futebol profissional, construído para uma temporada, haverá jogadores de gerações diferentes (as vezes duas, e quem sabe três com o aumento da longevidade competitiva dos atletas). Gerações diferentes percebem o mundo de maneira diferente, recebem informação e cobranças de um jeito diferente, tem anseios diferentes… Nas categorias de base o jogador hoje não é o mesmo do passado, seja esse passado de curto, de médio ou de longo prazo (treinador e jogadores são de gerações diferentes). Mas a dinâmica do futebol também não é a mesma… O sentido das mudanças precisa ser entendido para que o trabalho hoje faça sentido dentro das exigências atuais. A ação técnica (ação técnica ≠ gesto técnico) continua fazendo toda diferença no futebol. Mas no contexto atual o tempo dela é outro, o espaço é outro, as opções são outras… Não podemos tentar recriar o jogador do passado para jogar o futebol do presente sem considerar a evolução que deu sentido as mudanças na dinâmica do jogo. Por isso tudo precisamos que o processo de desenvolvimento de jogadores nas categorias de base seja cada vez melhor, melhor delineado, controlado, compreendido… E que dentro de qualquer modelo de trabalho não se perca de vista que: a) o jogador é o ser humano que joga, complexo e total, técnico, físico, tático, emocional, social, etc. ao mesmo tempo, b) os treinos devem estimular o desenvolvimento da criatividade e da autonomia, potencializando o indivíduo…

IDEIAS X TREINADOR 

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Cada treinador carrega consigo uma ideia de jogo e busca adapta-las ao elenco que tem nas mãos. Você aceitaria o cargo de treinador em uma equipe com características antagônicas daquilo que você pensa ser ideal no teu modelo de jogo?

Não acredito em ideias fechadas, com fim nelas mesmas. A única maneira de uma equipe ter característica antagônica a minha ideia de jogo, é se ela não quisesse ganhar. O que no futebol de alto rendimento penso não ser provável de acontecer. É óbvio que tenho uma assinatura de jogo como treinador. Que sempre busquei nas minhas equipes o jogo impositivo, sufocante, chegando muito ao gol de ataque. Isso inclusive foi abrindo portas quando estava no Paulista de Jundiaí e depois no Desportivo Brasil. Mas a ideia de jogo sempre foi uma parceria com os Clubes, com as coordenações técnicas e com os jogadores com os quais trabalhei e trabalho. Há beleza em todos os caminhos que levam ao gol. Podemos preferir esse ou aquele. Mas devemos como treinadores compreender o jogo tanto no nível estratégico quanto no nível organizacional (dos comportamentos). Então todo desafio é uma oportunidade de evolução e de resultado! De qualquer forma temos que entender os anseios de quem nos contrata, e dos nossos jogadores… Não acredito que quando uma criança sonhe em jogar futebol, fique pensando em “defesa, defesa”, ou “quero ficar correndo atrás do jogador que está com a bola quando eu for profissional”… Imagino que ela queira jogar “bola”, fazer gol (na cabeça dela jogar futebol = jogar bola)… Mais uma vez o que não podemos perder de vista é que mais do que, com uma forma de jogar, devemos é nos preocupar em desenvolver as potencialidades dos nossos jogadores…

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