Guia do Brasileirão 2020 - Athletico Paranaense

O Campeonato Brasileiro 2020 está prestes a iniciar, por isso o Footure reuniu sua equipe e analisou as 20 equipes que disputam o torneio nesta temporada em parceria com as redes sociais do Brasileirao. Por ordem alfabética, o primeiro dia do Guia tem foco no Athletico Paranaense

Considerando que os últimos dois anos foram os mais prestigiosos da história do Athletico Paranaense, Dorival Júnior chegou em 2020 com uma missão dura: manter o time em ascensão mesmo após muitas saídas importantes e com o período de adaptação natural que acompanha uma troca no comando. Bruno Guimarães, Renan Lodi, Rony, Marco Ruben, Marcelo Cirino, Léo Pereira e Robson Bambu são alguns nomes que, sob a gerência de Tiago Nunes, marcaram época com a camisa rubro-negra em 2019.

Todos fizeram as malas de Curitiba e passaram o bastão para um grupo repleto de potencial, mas ainda em fase de maturação. Entendendo que os pilares da estratégia já são solidificados e praticamente exigidos – velocidade, intensidade e imprevisibilidade, para citar alguns -, o novo comandante aos poucos vai imprimindo aspectos de sua filosofia. A pergunta que fica é: serão suficientes?

O provável time base do Athletico Paranaense no Brasileirão 2020
Formação base: ​Santos; Adriano, Aguilar, Thiago Heleno, Márcio Azevedo; Wellington; Nikão, Erick, Léo Cittadini, Marquinhos Gabriel; Bissoli.

OS EXPERIENTES CUIDAM DOS JOVENS

Nikão é, há tempos, uma referência no Furacão. Sua importância foi crescendo a cada temporada e sem dúvida alguma deve ficar ainda mais clara agora – novamente levando em conta as perdas no elenco. De porte físico acima da média e um ótimo controle de bola, é o articulador do ataque, entende como funciona a instituição e coleciona momentos decisivos com a camisa 11.

Será uma espécie de mentor para os inúmeros garotos de qualidade que surgem da base, do time de aspirantes ou do departamento de prospecção. Lucas Halter, Edu, Khellven, Erick, Pedrinho, Jájá, Vitinho e Bissoli são alguns que merecem destaque – seja pelo o que já demonstraram ou o que podem demonstrar. Abner Vinicius, ex-Ponte Preta, gera uma expectativa alta e também pode cavar o seu espaço após um ano de adaptação. Promessas não faltam no CAT do Caju.

COMO ATACA O ATHLETICO PARANAENSE

O Athletico possui uma cartilha de princípios detalhados no que é chamado de “Jogo CAP”. Nela, baseados em um conceito geral de futebol ofensivo, chamam atenção alguns aspectos: provocar o adversário com a bola e fazer com que ele ceda espaços; buscar sempre o passe vertical; ritmo acelerado, com poucos toques de cada atleta e o incentivo ao drible; variação entre o jogo curto e longo; mobilidade; finalizar com frequência; etc.

Dorival está ciente desses pontos e sabe que o torcedor está acostumado com um time fulminante, mas tem sua própria visão e deu sinais dela nos primeiros meses. A principal ruptura consiste nos jogadores esperarem a bola chegar nos pés em zonas pré-determinadas e não se deslocarem tanto fora delas. Partindo dessa concepção, a equipe mantém a intenção de ser dominante, mas com menos urgência nas ações. Os passes são mais curtos e não há uma opção constante para lançamentos em profundidade.

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Enquanto os pontas ficam mais colados à linha lateral, o pivô de Guilherme Bissoli para a chegada dos meias é uma arma perigosa e o funcionamento dessa dinâmica será fundamental na criação das chances. Léo Cittadini e Erick são meias que mais atacam do que organizam (a ausência de Bruno Guimarães é de longe a mais sentida) e isso gera efeitos visíveis: opções importantes para a finalização, mas certo distanciamento de Wellington, o responsável por armar no meio-campo.

Dentro desse cenário, os laterais Márcio Azevedo e (principalmente) Adriano se alternam para aparecer por dentro e facilitar a construção. As figuras do zagueiro Thiago Heleno e do goleiro Santos – esse voltando de lesão -, dotados de uma qualidade elogiável nos lançamentos, também são cruciais para fazer a conexão com o ataque.

COMO DEFENDE O ATHLETICO PARANAENSE

Como tudo está interligado, a cartilha do “Jogo CAP” também apresenta ideias para o momento defensivo: sufocar o adversário com uma pressão agressiva, independente da faixa do campo e do momento da partida; quando perder a bola, tentar recuperá-la em menos de 5 segundos; marcar coletivamente, com coberturas organizadas e agrupando as linhas; etc.

Dorival também demonstra o objetivo de seguir esses conceitos, mas provavelmente com uma alternância maior de estratégia conforme as circunstâncias e o estilo do oponente. Em alguns cenários é possível ver a equipe defendendo com os setores mais recuados, sem incomodar tanto a saída de bola e aguardando que o rival entre em certas zonas definidas para que deem o bote.

Nikão é um dos principais destaques do Athletico Paranaense
Nikão é uma das peças mais importantes para Dorival Jr. Partindo da direita (ou esquerda) busca sempre o drible para depois encontrar seus companheiros para finalizarem as jogadas (Dados: WyScout)

Dependendo da partida, porém, a postura é semelhante à das campanhas anteriores. Com atributos físicos destacáveis e energia de sobra, Cittadini e Erick puxam os companheiros para fazer uma marcação alta, visando algum erro individual do adversário ou forçando o chutão – e contando com a presença dominante de Thiago Heleno como (quase) garantia no duelo aéreo.

UM TIME EM PROCESSO DE TRANSIÇÃO

Estamos falando de alterações consideráveis no plantel, esquema tático, estrutura, instruções e, claro, no panorama especial que envolve o futebol em 2020. Após um início natural de altos e baixos, Dorival Júnior precisa que suas ideias sejam compradas, compreendidas, bem treinadas e solidificadas dentro de campo.

Dito isso, é importante jogadores e comissão técnica entenderem que paciência – em vários sentidos – não pode se transformar em passividade. O que combina com o Furacão é uma postura ativa, de quem busca colocar o oponente em situações complicadas do primeiro ao último minuto. É assim que o clube fez história com as conquistas recentes e é com isso em mente, mas um novo modelo de jogo, que esse grupo vai tentar alçar voos ainda maiores.

Por fim, vale ressaltar que o Athletico Paranaense tem planejamento. E planejamento costuma trazer frutos positivos, como o próprio prova ano após ano. O cenário é outro, mas as condições para fazer um bom Brasileirão claramente existem no lado vermelho e preto de Curitiba.


LEIA A ANÁLISE DOS OUTROS CLUBES

Atlético Goianiense; Atlético Mineiro; Bahia; Botafogo; Ceará; Corinthians; Coritiba; Flamengo; Fluminense; Fortaleza; Goiás; Grêmio; Internacional; Palmeiras; Red Bull Bragantino; Santos; São Paulo; Sport Recife e Vasco da Gama.

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8 comentários

  1. O Dorival Júnior não é o técnico mais enérgico a beira do campo, até mesmo está bem longe disso. Mas, se fossemos olhar para a qualidade dos trabalhos de técnicos no Brasil de 2015 pra cá, o Dorival foi bem três vezes, na medida em que foi possível. É um treinador que tem como base o jogo de posição, com foco em definir rápido quando entra no terço final do campo. Em 2015 e 2016 fez um Santos muito bom, com laterais por dentro, pontas bem abertos e muito volume de jogo. Considero-o em termos táticos até mais completo que o Thiago Nunes. Mas é claro que tudo ainda é uma incógnita. Há muitos outros fatores importantes para que o trabalho de certo. A qualidade no elenco e no comandante. Estou curioso para ver o Furacão.

    1. Concordo! É uma diferença bem considerável pro estilo do Tiago Nunes, por isso o elenco e o torcedor iam sentir. Como estão. Mas não quer dizer que ele não possa fazer um ótimo trabalho no Athletico. Tem material humano pra isso – apesar de claramente faltar alguns reforços -, uma base excelente e um clube que costuma superar as expectativas. Ontem fez uma partida espetacular contra o Londrina. E obrigado, Igor!

  2. Como é essa estrutura de pivô em cima do Bissoli? Ele fica mais no centro do campo ou abre dos lados aproximando da jogada? Ele faz o pivô para a entrada dos Erick/Citaddini ou para a entrada dos pontas? Defende no 4-1-4-1 mesmo, com o Wellington fazendo a cobertura da 2° linha de 4?

  3. Olá, boa noite. Eu estou montando um guia do Brasileirão e gostaria de usar algumas de suas análises dos times, e dando os devidos créditos. Vocês permitiriam?

  4. Vocês tem email? Eu estou montando em arquivo Word para depois passar em PDF. Se quiserem passar, mando assim que for finalizando de forma parcial.

Tem algo a dizer?