Guia do Brasileirão 2020 – Red Bull Bragantino

O Campeonato Brasileiro 2020 está prestes a iniciar. Em parceria com as redes sociais do Brasileirão, o Footure reuniu sua equipe e analisou os 20 times que disputam o torneio. Por ordem alfabética, o sexto dia do Guia tem foco no Bragantino

O campeão da Série B de 2019 chega ao Brasileirão prometendo um futebol agressivo. Buscando se estabelecer como uma força no cenário nacional, o Red Bull Bragantino tem como base os princípios da multinacional tanto fora quanto dentro de campo. Sob o comando de Felipe Conceição, escolhido a dedo após um minucioso processo, os paulistas já colheram alguns frutos no Campeonato Paulista — e, certamente, irão por mais na Série A.

No grupo, de 29 jogadores, apenas nove têm mais de 25 anos. A vivacidade entregue por jovens tem seus altos e baixos, mas combina com as ideias da Red Bull para suas equipes. Além de propiciar o desenvolvimento de atletas, o futebol entregue pelo Bragantino precisa ir além do resultado. Para tal, o exercício da filosofia de jogo, que tem como chave a pressão, precisa ser pleno e recorrente.

Time base do Red Bull Bragantino: Julio Cesar; Aderlan, Léo Ortiz, Ligger e Edimar; Barreto, Matheus Jesus e Vitinho; Artur, Ytalo e Morato.

VELOCIDADE NA DEFINIÇÃO

Para praticar um futebol de alta intensidade, não basta ter jogadores atléticos: eles também precisam ser rápidos na execução da parte técnica. E é cercado por atletas de velocidade, com e sem a bola, que Ytalo, o centroavante do Bragantino, busca surpreender o adversário com poucos toques. Seja para encontrar passes quando recebe de costas ou para definir a gol, o atacante de 32 anos se destaca por sua movimentação e criatividade.

Ele não é o único jogador experiente do time titular do Massa Bruta. No entanto, todos têm reposições jovens, que são a esperança do clube para o sucesso do projeto. O goleiro Cleiton (22), o zagueiro Léo Realpe (19), o meia Thonny Anderson (22) e o atacante Alerrandro (20) foram alguns dos contratados visando seu desenvolvimento e valorização no mercado, além de fortalecerem o grupo e aparecerem como opções para iniciar os jogos.

COMO ATACA O RED BULL BRAGANTINO

Por influência do Barcelona de Guardiola, o futebol iniciou a década de 2010 vivendo a idealização do jogo de posse. Como antídoto, o desenvolvimento de um futebol de alta intensidade, no qual a pressão na saída de bola adversária e após a perda são chaves, manteve vivo o ciclo evolutivo do esporte. É sob esses princípios que as equipes da Red Bull são talhadas. Com o Bragantino, logicamente, não é diferente.

Apesar de ser um movimento defensivo, a pressão alta indica como a equipe busca atacar. Com os jogadores se organizando próximos à bola, o 4-3-3 é “embaralhado” na fase ofensiva: os laterais têm liberdade para ocupar espaços no ataque, bem como os meio-campistas, que concluem jogadas próximos ao gol adversário. Reduzindo os espaços do rival, a ideia é definir rapidamente — e, caso a bola seja perdida, o objetivo é retomar da mesma forma e de modo coletivo.

A média de posse de bola da equipe em 2020, até o momento, é de 57,3%. O dado exemplifica a busca pelo controle do jogo, e o objetivo do Massa Bruta é tê-lo, principalmente, em seu campo de ataque. A dupla de zaga tem qualidade no passe e faz parte desse processo, bem como o goleiro, desde a saída de bola, que ocorre de maneira curta. Léo Ortiz, zagueiro pela direita, destaca-se por sua qualidade no lançamento, sendo o líder do Bragantino no quesito, e tentando mais que o dobro de bolas longas que o segundo colocado no ranking.

Se o time precisar defender mais próximo de sua área, a prioridade é utilizar o contra-ataque para maltratar os adversários. Com Artur na direita e Morato na esquerda, o Bragantino tem jogadores hábeis na condução de bola em velocidade, e tenta aproveitar o espaço às costas da marcação para a definição das jogadas. Vitinho e Matheus Jesus, os meias centrais, também podem aceleram em direção à área, assim como Barreto, ainda que se alinhe como o primeiro volante na defesa.

Red Bull Bragantino
Ytalo é uma das peças-chave para o funcionamento da equipe (Dados: WyScout)

Em levantamento realizado pelo Footure, o Red Bull Bragantino apareceu como a equipe do Brasileirão que mais tentou passes em profundidade em 2020. Os mais de 90 toques para a frente por jogo comprovam a meta de acelerar os ataques, bem como o fato de que Artur, ponta direita, é o atacante do time que mais toca na bola, em média, durante os 90 minutos. A ideia é que o receptor esteja em condições de correr com a bola sempre que a receber, uma das grandes valências do camisa 7, obrigando os adversários a redobrarem o cuidado com o espaço às costas assim que perdem a posse.

COMO DEFENDE O RED BULL BRAGANTINO

O modelo de jogo da equipe, já ilustrado, pede que se pressione o portador de modo intenso, com a busca pela retomada imediata. No entanto, nem sempre isso é possível — seja pela capacidade do adversário de vencer a pressão, pelo cenário do jogo ou pela situação física dos atletas. Por isso, quando há a necessidade de defender em seu próprio campo, o Bragantino conta com todos os seus jogadores postados em um 4-1-4-1.

Em todos os contextos, a marcação é por zona: os atletas se movimentam coordenadamente, seguindo a direção da bola e mantendo as linhas defensivas bastante próximas. Isso exige que Barreto, o “um” em frente à defesa, esteja sempre ligado para cobrir eventuais desmanches das linhas atrás e de sua frente, ao invés de estar perseguindo algum jogador adversário individualmente.

Com Ytalo atrapalhando o toque entre os zagueiros, e com os pontas, que se alinham a Vitinho e Matheus Jesus no meio, a organização defensiva depende dos jogadores de frente para não dar tranquilidade ao portador da bola desde o início da jogada. Os dois zagueiros, Léo Ortiz e Ligger, são combativos, com destaque para o segundo, que vinha fazendo um Paulistão de alto nível, com ações defensivas tanto dentro como fora da área.

Dos lados, nenhum dos laterais é frágil defensivamente. O lateral direito Aderlan, inclusive, foi o segundo jogador com o maior número de desarmes em toda a Série B de 2019. Em seu terceiro ano vinculado à Red Bull, o experiente Julio Cesar é o titular na meta. O goleiro tem se destacado em 2020 não apenas debaixo do gol, ​como aponta levantamento publicado no Footure em maio​, no qual lidera o ranking de gols evitados, mas também por sua capacidade de distribuição de bola com os pés.

FOCO NA IDEIA

É normal que equipes com propostas de jogo mais ofensivas, mas que não apresentem planteis que façam frente aos grandes do país, tenham dificuldades para imprimir seu jogo de maneira imediata. O projeto da Red Bull em Bragança Paulista se provará um sucesso caso replique, a longo prazo e dentro da realidade brasileira, os resultados vistos pelos clubes da multinacional ao redor do mundo. Se os objetivos forem alcançados, será possível observar consequências no futuro do futebol no país.


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Athletico Paranaense; Atlético Goianiense; Atlético/MG; Bahia; Botafogo; Ceará; Corinthians; Coritiba; Flamengo, Fluminense; Fortaleza; Goiás; Grêmio; Internacional; Palmeiras; Santos; São Paulo; Sport Recife e Vasco da Gama.

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