Guia do Brasileirão 2020 - Coritiba
O Campeonato Brasileiro 2020 está prestes a iniciar, por isso o Footure reuniu sua equipe e analisou as 20 equipes que disputam o torneio nesta temporada em parceria com as redes sociais do Brasileirao. Por ordem alfabética, o oitavo dia do Guia tem foco no Coritiba
Após duas temporadas amargando a Série B, o Coritiba enfim retorna à elite do futebol brasileiro em 2020. Mas se engana quem presume que o Coxa irá reproduzir o estereótipo de quem conquista o acesso e busca estabilidade na Série A, atuando de maneira fechada e especulando em contra-ataques. Ter a bola nos pés é quase uma obsessão para o time do técnico Eduardo Barroca, que nestes primeiros passos no Campeonato Paranaense ensaia um perfil altamente propositivo, de construção e forte pressão defensiva.
Com novos e mais exigentes desafios logo adiante, o clube do Alto da Glória agora corre contra o tempo para conseguir aprimorar sua dinâmica de jogo e entregar o protagonismo pretendido em bom nível. Se coletivamente ainda há muito a ser feito, no âmbito individual já há boas notícias.
O REFÚGIO NA EXPERIÊNCIA E A EXPECTATIVA DA JUVENTUDE ATAQUE
Aos 36 anos, Rafinha desponta como o principal nome do Coritiba neste ano. Quando o time encontra dificuldades para chegar até a meta, é ele quem fornece as melhores soluções. Aberto pela ponta-direta, é o jogador mais inventivo do Coxa. Sua capacidade de drible desafoga o sistema ofensivo, oferecendo alternativas ao atrair a marcação para desarmá-lo. Além de criar oportunidades para si próprio em jogadas pessoais, cria chances também para os companheiros, distribuindo bons passes para finalizações. E sua presença pode ajudar a potencializar duas das principais promessas do time.
No centro do ataque, Igor Jesus (19 anos) tenta cavar seu espaço e parece crescer na preferência do técnico com a movimentação que oferece na área. Já na lateral-direita, se Yan Couto partiu prematuramente para o futebol europeu, outro jovem pinta como opção. Natanael (18 anos) é quem surge como o substituto nas ocasionais ausências de Patrick Vieira. Desde a base, demonstra o potencial para ser um lateral bastante completo, embora ainda precise de sequência para refinar seu jogo.
COMO ATACA O CORITIBA
A posse de bola é o princípio básico que permeia as ideias na parte ofensiva do time de Eduardo Barroca, sempre organizado no 4-3-3. Valorizar essa posse e trabalhar com ataques construídos desde o campo defensivo é a maneira com que o Coritiba busca não apenas agredir, mas também controlar seus adversários. Para isso, adota um modelo posicional na hora de se organizar ofensivamente. Cada jogador possui uma zona específica que precisa preencher, aguardando o passe para fazer as jogadas progredirem.
Assim, a importância dos zagueiros cresce substancialmente no momento da saída. Rhodolfo e Sabino dão início às jogadas, contando sempre com o apoio dos laterais e do primeiro homem de meio-campo (geralmente Nathan Silva) para ter alternativas de passe curto logo adiante. Na intermediária, os dois meias interiores são os encarregados por conectar os setores da equipe e possibilitar jogadas mais incisivas. A ocupação do espaço entre as linhas da defesa rival é responsabilidade deles, bem como explorar infiltrações na grande área, no espaço entre o zagueiro e o lateral, para receber bolas verticais.
No setor mais avançado do campo, os pontas sempre se posicionam abertos, pisando a linha lateral para gerar amplitude. Isso facilita a infiltração dos meias, afinal, acabam distanciando os jogadores da última linha e criando corredores para essa entrada nos metros finais. Mais do que isso, em vários momentos funcionam como escapes às costas da defesa, se movimentando com agilidade para dar opção em lançamentos longos. Rafinha, como destacado, se beneficia desta dinâmica.
O centroavante, por sua vez, tem a incumbência de atrair a atenção dos zagueiros e dar a profundidade necessária para que a entrelinha seja criada. Além disto, funciona como o homem de referência na área em lances que se desenrolam pelos lados e chegam até a linha de fundo, aguardando cruzamentos ou mesmo alguma sobra próximo à pequena área.
COMO DEFENDE O CORITIBA
Se valorizar a posse é o principal mandamento ofensivo do Coxa, pressionar o adversário após a perda da bola é o fio condutor do comportamento defensivo da equipe paranaense. Recuperar o controle do jogo no menor tempo possível é parte importante do modelo proposto por Eduardo Barroca.
Logo que o desarme é realizado por um jogador do time contrário, o Coritiba estabelece uma zona de pressão com pelo menos quatro jogadores, a fim de impedir um início limpo de construção e quebrar o ritmo do rival logo na origem. Não é raro, dependendo de como o momento ofensivo anterior se desenhou, ver cinco ou seis jogadores exercendo tal marcação alta. Enquanto esta zona de pressão executa seu trabalho, o restante do time recompõe as posições originais para, caso não haja sucesso na retomada, se defender de maneira organizada.
Para que isso aconteça de maneira eficiente e sem correr riscos de serem surpreendidos por lançamentos longos, a cobertura oferecida pelos homens mais recuados é extremamente necessária. Tanto Rhodolfo quanto Sabino se posicionam próximos ao círculo central, ficando atentos às tentativas de ligações diretas para interceptá-las e evitar que o time sofra ataques em alta velocidade sem estar organizado.
O DESAFIO DE MELHORAR A CONSTRUÇÃO
Quando um time trabalha a partir da posse de bola no ataque, é fácil cair na armadilha de retê-la e não ter contundência para buscar o gol. É o que o Coritiba demonstra. Muitas vezes, o volume de jogo em campo ofensivo não consegue se traduzir em boas chances de gol. Quebrar essa circulação burocrática e transformar isso em agressividade é, sem dúvidas, a principal questão a ser resolvida ao longo dos próximos meses.
Depender apenas de Rafinha para ter objetividade é um risco alto. Fugir desta realidade será necessário para que o Coxa não se torne um time previsível e viável de ser anulado. Se a teoria de um jogo de posse parece promissora, a prática ainda está à espera de ajustes. Por mais que algumas goleadas tenham sido aplicadas no estadual, o quadro geral vai muito além destes placares.
LEIA A ANÁLISE DOS OUTROS CLUBES
Athletico Paranaense; Atlético Goianiense; Atlético/MG; Bahia; Botafogo; Ceará; Corinthians; Flamengo; Fluminense; Fortaleza; Goiás; Grêmio; Internacional; Palmeiras; Red Bull Bragantino; Santos; São Paulo; Sport Recife e Vasco da Gama.
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