Os problemas de United, Arsenal e City na Premier League 20/21
Enquanto 'intrusos' ameaçam o big six, esses três grandes clubes fazem um começo de temporada preocupante - e precisam agir logo
As primeiras rodadas de qualquer competição sempre trazem novidades na tabela de classificação. Dificilmente representam com fidelidade as situações que serão duradouras, mas não deixam de apontar problemas ou êxitos. Por exemplo, é pouquíssimo provável que o Southampton, atual quinto colocado, ocupe uma posição tão alta ao final do campeonato. É, porém, um fato que simboliza a impressionante evolução da equipe sob o comando de Ralph Hassenhütl.
Afinal de contas, não falamos de duas ou três rodadas; já se foram nove. É praticamente ¼ da Premier League e temos uma amostra suficiente para falar com embasamento das perspectivas dos clubes. Se alguns ‘intrusos’ vão ameaçando os postos do big six, certos gigantes acumulam tropeços e geram mais preocupações do que ânimos em seus torcedores.
A começar pelo Manchester United, que apesar de ter vencido as duas últimas partidas está em 10º e vê novamente os ares da incerteza pairando sobre o Old Trafford. Não é nada que surpreende, considerando o estado da instituição desde a aposentadoria de Sir Alex Ferguson, mas a expectativa após um bom 19/20 com Solskjaer era diferente. Essa era vista como a campanha do desenvolvimento, de mostrar maiores virtudes e, acima de tudo, regularidade.
Se trata de um time que consegue fazer uma exibição fantástica na quarta-feira e o pior jogo do mundo no sábado. No trabalho do treinador norueguês, já vimos que o teto dos Red Devils é muito grande, mas o seu nível mais baixo é frustrante e está aparecendo mais vezes do que deveria.
Nos triunfos sobre Everton e West Bromwich, até se viu uma melhora no sentido da paciência, estrutura e movimentação para controlar a posse de bola – um problema antigo -, mas principalmente contra o WBA faltou complementar isso com infiltrações, velocidade e agressividade no ataque. E, no geral, falta consistência. Esse United não terá uma aprovação consensual – e não vai subir de patamar – até que comece a somar bom desempenho com resultados positivos por sequências maiores e significativas.
Um pouco atrás, em 12º, está o Arsenal. O duelo que outrora era decisivo para o título inglês agora é para alcançar a primeira página da tabela. Os Gunners vivem situação complicada, visto que o elenco claramente não tem a qualidade necessária para dar grandes saltos e Arteta chegou a dar a impressão que extraiu o máximo possível deles. O espanhol merece os créditos por diversos aspectos positivos, mas os negativos também já começaram a pesar.
A equipe tem uma dificuldade considerável em criar volume ofensivo e gerar chances claras de gol, dependendo demasiadamente da jogada clássica de criar superioridade por um lado e acionar Aubameyang livre (ou no 1v1) no outro. São apenas nove gols marcados no campeonato e duas partidas sem vitória, diante de Aston Villa e Leeds. Dentro das próximas seis rodadas, enfrentam Wolverhampton, Tottenham, Southampton, Everton e Chelsea. A má fase coincidirá com uma sequência pesada. A resposta precisa vir à altura.
No lado azul de Manchester, o City faz um início de temporada realmente digno de um time de meio de tabela, e não de um dos clubes mais poderosos do esporte. Está cada vez mais claro que o elenco precisa de uma reformulação e acredita-se que Guardiola só renovou seu contrato com a condição de um aporte considerável nas próximas janelas, mas mesmo assim o material humano é acima da média. É preciso fazer muito mais.
Se o treinador perceber que não está sendo possível praticar o futebol idealizado por ele e pela diretoria, deve ao menos realizar ajustes que minimizem os pontos fracos e maximizem os pontos fortes que visivelmente ali existem. O próprio já deu indícios dessa intenção em algumas ocasiões específicas, mas somando o todo ainda vai tropeçando em pedras conhecidas e os resultados infelizes foram chegando naturalmente.
Imagina-se que Pep, Arteta e Solskjaer terão mais tempo para trabalhar e em nenhum dos casos a demissão parece estar de fato sendo cogitada – o primeiro, como citado, estendeu seu vínculo por dois anos.
A realidade, no entanto, é a de que com a forma que as coisas mudam hoje em dia – e o alto nível demonstrado pela maioria dos concorrentes (de todas as partes da tabela) da Premier League -, a necessidade de evolução bateu na porta de cada um; o tempo passa rápido e a cobrança aumenta no mesmo ritmo… Acompanhemos os próximos capítulos.
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