Guia do Brasileirão 2020 – Santos
O Campeonato Brasileiro 2020 está prestes a iniciar. Por isso, o Footure reuniu sua equipe e analisou as 20 equipes que disputam o torneio nesta temporada, em parceria com as redes sociais do Brasileirão. Por ordem alfabética, o décimo sétimo dia do Guia tem foco no Santos
O último treinador que terminou um Brasileirão e começou outro com o Santos foi Dorival Júnior, entre 2015 e 2017. Depois, passaram-se quatro nomes diferentes no comando técnico do Alvinegro Praiano. E falando em diferença, essa é a palavra que define o Santos de 2020 de Jesualdo Ferreira para o Santos de 2019 de Jorge Sampaoli, vice-campeão.
São duas escolas distintas e com tratamento diferente aos jogadores. Enquanto Sampaoli se notabilizou por dar poucas chances aos jogadores vindos da base em 2019, Jesualdo Ferreira tem a incumbência de utilizá-los, que se tornou uma marca importante na carreira do português, porém, em 2020 esse motivo é influenciado pelos problemas financeiros do clube.
QUAIS SÃO OS NOVOS MENINOS DA VILA
Carlos Sánchez não é apenas a referência técnica do Santos, mas também o porto-seguro da equipe. A resiliência do uruguaio o torna num modelo para os mais jovens. Sánchez é famoso por adotar a molecada que sobe da base. Atualmente, o principal protegido é Marcos Leonardo, centroavante de 17 anos, e com multa de £100 milhões.
No entanto, Kaio Jorge é quem começou a ganhar minutos na equipe principal. Na partida contra o Defensa y Justicia, ele marcou o gol da virada santista em solo argentino. O centroavante tem apenas 18 anos, mas chama a atenção pelo porte atlético e capacidade de finalização. Kaio também é capaz de criar jogadas fora da grande área, geralmente procurando espaços entre as linhas para os meio-campistas entrarem na área.
Outro garoto que tem ganhado a atenção de Jesualdo é o Sandry, de 17 anos. Ele é o camisa 5 que o técnico português tanto falou antes do ano começar, sendo capaz de defender a área com eficiência e protagonizar uma saída de bola limpa.
Ivonei, meia de 18 anos; Anderson Ceará, meia-ofensivo de 21 anos; e Renyer, extremo-esquerdo de 17 anos, são outros nomes para acompanhar de perto. O último teve uma lesão séria no começo do ano e talvez apareça com maior frequência na segunda metade da temporada.
COMO ATACA O SANTOS
Jesualdo Ferreira é adepto do 4-3-3, especialmente porque esse esquema dá a equipe uma flexibilidade tática importante. Durante o período em que treinou o Porto, o técnico se notabilizou pela transformação dos meio-campistas em jogadores multifuncionais, tendo na figura do camisa 5 o seu ponto de equilíbrio.
Como a campanha no Campeonato Paulista mostra, o elenco teve dificuldade para entender o comportamento na criação das jogadas. Jesualdo tentou três jogadores diferentes na função do 5: Alison, Sandry e Jobson. O primeiro foi quem acabou jogando mais, acima de tudo por ter atuado muitas vezes como titular na temporada passada. Entretanto, Alison é o que possui menos recursos técnicos do trio, algo que é imprescindível no esquema com três meias, pois é justamente o camisa 5 que tem a obrigação de afundar como zagueiro na saída de bola da defesa e oferecer apoios quando a bola está no setor de ataque. Além disso, é tarefa do meia-central ter bom passe e bons lançamentos, buscando inversões com os extremos.
Curiosamente, a melhor atuação de um 5 com a camisa santista foi a de Jobson, que veste a 8. Apesar da derrota, que aconteceu muito por conta de um problema que será abordado posteriormente, a equipe alvinegra abriu 2×0 contra o Novorizontino (antes de tomar a virada) jogando um futebol próximo daquilo que Jesualdo prega. Jobson cumpriu as funções esperadas, tendo afundado como terceiro zagueiro, no meio de Luan Peres e Lucas Veríssimo, e fez com que a bola saísse limpa pelo meio-campo, envolvendo Diego Pituca e Jean Mota na partida. Além disso, o camisa 8 conseguiu descolar passes longos e inversões de jogo com maior efetividade, ativando Marinho e Soteldo em situações mais favoráveis, principalmente no um contra um.
Aliás, Soteldo e Marinho são os grandes jogadores do último terço santista. São os extremos que desequilibram em jogadas individuais e produzem as maiores chances da equipe. Jesualdo gosta que os pontas atuem mais como “avançados”, mais dentro da área, deixando o trabalho de profundidade para os laterais, que alternam seu posicionamento quando exploram os corredores. Em 2019, os laterais atuavam por dentro, praticamente como meias, e os extremos que geravam profundidade, bem colados à linha.
COMO DEFENDE O SANTOS
O comportamento defensivo é o calcanhar de Aquiles do Santos. No Paulistão, o Peixe jogou 13 partidas e sofreu 15 gols, terminando a campanha com saldo negativo e um aproveitamento de 42%. A maioria dos gols sofridos pelo Alvinegro Praiano no estadual foi em bolas paradas. O que é um assunto curioso, considerando que Lucas Veríssimo e Luan Peres são jogadores altos e bons no cabeceio. O posicionamento dos jogadores, especialmente dos atacantes que voltam para recompor em escanteios e faltas, nem sempre é o ideal. Além disso, Vladimir, que ganhou a posição de Everson, que entrou na Justiça contra o clube, somou falhas cruciais nos últimos jogos do Peixe.
O Santos de 2020 adotou uma maneira diferente de se defender. Na temporada passada era uma equipe mais agressiva e adepta do “perde-pressiona”, além de uma linha muito alta, cuja efetividade nem sempre se comprovava. Sob o comando de Jesualdo, as linhas são mais compactadas, visando cercar o portador da bola para roubá-la, geralmente com um defensor dando o bote no segundo terço.
Entretanto, o sucesso dessa postura depende da quantidade de jogadores em campo. Em desvantagem numérica, como tem sido nos últimos quatro jogos, não há compactação e muito menos uma postura agressiva para adiantar as linhas.
A BUSCA POR ASSIMILAÇÃO DO ESTILO
Sem poder contratar, Jesualdo teve seu trabalho dificultado por inúmeros problemas extracampo, perdendo jogadores e convivendo com salários atrasados. Além disso, dentro das quatro linhas a equipe mostrou dificuldade para assimilar o novo estilo. As expulsões comprometeram atuações promissoras, mostrando o quanto o elenco está fragilizado psicologicamente. Nos dois últimos jogos, o Peixe levou seis gols após as expulsões. Antes de aprimorar o comportamento defensivo, o clube precisa botar a cabeça em ordem.
LEIA A ANÁLISE DOS OUTROS CLUBES
Athletico Paranaense; Atlético Goianiense; Atlético/MG; Bahia; Botafogo; Ceará; Corinthians; Coritiba; Flamengo, Fluminense; Fortaleza; Goiás; Grêmio; Internacional; Palmeiras; Red Bull Bragantino; São Paulo; Sport Recife e Vasco da Gama.
Comente!