Guia do Brasileirão 2020 - Flamengo
O Campeonato Brasileiro 2020 está prestes a iniciar, por isso o Footure reuniu sua equipe e analisou as 20 equipes que disputam o torneio nesta temporada em parceria com as redes sociais do Brasileirao. Por ordem alfabética, o nono dia do Guia tem foco no Flamengo
Qual Flamengo entrará em campo quando a bola rolar pelo Brasileirão? Essa é a pergunta na mente de todo rubro-negro no momento.
O atual campeão terminou o ano encantando. Conquistou o Brasil e a América com um futebol de altíssimo nível. Começou 2020 voando com ainda mais variações táticas, mais opções ofensivas e um elenco mais diverso. Começava a ficar claro que o time de 2019 era apenas a lagarta e o novo ano traria a metamorfose em borboleta.
O comandante, porém, foi embora. Jorge Jesus retornou a Portugal e ainda não se sabe quem o substituirá. Torcedores, jogadores e diretoria estão alinhados em uma coisa: hoje o Flamengo tem uma maneira consistente de jogar futebol que precisa ser mantida e evoluída, independente de quem for o novo treinador.
UMA DUPLA INFERNAL
O time é muito equilibrado. Diego Alves é consistente, Rodrigo Caio e Léo Pereira são seguros, Rafinha e Filipe Luís são muito inteligentes. Gerson e Arão dão energia, Everton Ribeiro e Arrascaeta trazem magia. Mas nenhuma dupla no futebol brasileiro é como Bruno Henrique e Gabigol. Os dois parecem ter nascido para jogar juntos.
Quando chegou, Jorge Jesus disse: “os dois não são camisa 9, nem camisa 10.”
De fato, nenhum dos dois é aquele centroavante clássico, muito menos um meia armador. Também ficam limitados nas pontas. Por isso, funcionam melhor quando jogam como dupla ataque.
Foram incríveis 78 gols marcados pela dupla em 2019. Em 2020, os dois fizeram quase metade dos gols do poderoso ataque do Flamengo, mas o que vem chamando a atenção é o número de assistências de Gabigol. Foram 12 em 59 jogos no ano passado e 9 em apenas 14 partidas neste ano.
O camisa 9 sempre foi bastante móvel e sempre teve liberdade com Jorge Jesus. É comum vê-lo pegando na bola aberto pelo lado direito ou na intermediária, atacando a área apenas no momento certo. Mas agora Gabigol parece apresentar sua melhor versão: mais consciente e completo, preparado para colocar os companheiros na cara do gol depois de atrair a marcação para si.
POUCO ESPAÇO PARA BASE
O Flamengo foi um dos times que mais utilizou jogadores da base em 2019, mas apenas em momentos pontuais. O único garoto do Ninho que chegou a ser titular foi Léo Duarte antes de sua saída para o Milan. Outros complementavam o elenco e Reinier, agora no Real Madrid, era a grande jóia.
As chegadas de Gustavo Henrique, Thiago Maia, Michael, Pedro Rocha e Pedro tornaram o elenco ainda mais completo e versátil, o que significa que os jogadores da base não têm vida fácil para disputar lugar no time.
Matheus Thuler parece ser aquele que tem mais condições de brigar por uma posição de destaque, mas ainda aparece atrás de Léo Pereira e Gustavo Henrique na escolha para formar a dupla de zaga com o incontestável Rodrigo Caio.
COMO ATACA O FLAMENGO
O Flamengo é, acima de tudo, um time que gosta da bola. Tenta, sempre que possível, controlar os jogos e manter o adversário em uma situação desconfortável. Vai tentando sufocar até encontrar uma brecha.
Para funcionar, a ideia ofensiva precisa de muita intensidade e movimentação. Corridas “fora da bola” são comuns, criando “iscas” que vão desorganizando a defesa adversária até que alguém consiga aproveitar um espaço criado.
Nesse ponto, Bruno Henrique e Gabigol são mortais. Parece que sempre percebem o espaço vazio e reagem uma fração de segundo antes da defesa adversária. Com Arrascaeta, Everton Ribeiro, Gerson, Rafinha e Filipe Luís, não falta visão e nem talento para encontrar os atacantes quando estão livres.
O banco também permite que se mude bastante as características do ataque. Pedro é um centroavante mais clássico, que briga entre os zagueiros, faz a parede e gosta do jogo aéreo. Michael é um ponta driblador, enquanto Vitinho gosta mais de jogar em espaços curtos. Diego joga recuado, mas chega mais ao ataque.
COMO DEFENDE O FLAMENGO
Mesmo com um ataque avassalador, talvez a característica mais importante que Jorge Jesus tenha trazido para o Flamengo — e para o futebol brasileiro — esteja na forma de defender. A linha de quatro sempre muito organizada e posicionada muito longe do próprio gol, às vezes dentro do campo adversário, é a marca que faz o time funcionar.
Aliás, mais do que isso, o Flamengo entende que o jogo é encadeado e a forma de defender influencia a forma de atacar. Assim que perde a bola, o time não corre para trás, mas pressiona imediatamente para tentar retomá-la. Justamente por isso a linha defensiva joga adiantada, evitando criar um buraco na equipe.
Quando o ritmo do jogo aumenta, um ciclo já conhecido se estabelece: o Flamengo ataca, perde a bola, pressiona para roubar, força um chutão aleatório, retoma com tranquilidade, se reorganiza e reinicia o processo, atacando mais uma vez.
Nesses momentos, os adversários passam sufoco. Pouquíssimos times aguentam muito tempo de pressão do Flamengo.
Jogar assim exige muito tanto no aspecto físico quanto mental. Um deslize na marcação-pressão dos atacantes pode fazer com que o modelo inteiro desmorone e a defesa fique exposta. Para jogar sempre no limite, o Flamengo precisa se preparar muito bem para cada confronto.
DEIXOU CHEGAR…
É preciso administrar as expectativas no início do Brasileirão. Por todo o futebol que se viu nos últimos tempos, o time é colocado como grande favorito e parte da torcida não espera nada menos que o título.
Há razão nisso. O Flamengo entra em campo com o favoritismo porque é mesmo um dos times mais fortes do campeonato, não há dúvidas. Há, porém, a necessidade de se respeitar um novo ciclo que se inicia. O impacto de Jorge Jesus foi impressionante e muito rápido, quase imediato. As coisas nem sempre caminham assim no futebol.
Ninguém sabe ao certo como jogará esse novo Flamengo, mas as perspectivas são muito boas para sonhar com o octa.
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